A sexta-feira passada (22/02) nos pegou de surpresa com o falecimento de dois atores que, do interior do tubo da tevê da sala, nos viram crescer: Oswaldo Louzada e Rubens de Falco. Do Louzada guardarei a lembrança do bom vovô, camarada com a gurizada e que nos divertia com suas esquisitices e caduquices, pelo menos desde o tempo de Estúpido Cupido (faz tempo...). Mas estou aqui ousando cometer a heresia de falar em novelas para lembrar do trabalho do Rubens de Falco, que talvez tenha sido, como disse a Lucélia Santos, o maior vilão da teledramaturgia brasileira. Além do Leôncio, que todo mundo lembra, tenho bem marcado na memória uma outra interpretação de uma personagem sinistra pelo Rubens de Falco, tratando-se de um clássico da literatura universal. Ninguém menos que o Conde Drácula. E esta é uma história curiosa.
Contam que no comecinho dos 80, a TV Tupi vivia seus últimos momentos, à beira da falência. Mesmo assim, anunciavam uma nova novela, Drácula, escrita pelo Rubens Ewald Filho, com o Rubens de Falco no papel-título, além do casal romântico Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli. Só que, enquanto a novela estreava, os funcionários da emissora entravam em greve por falta de pagamento, de modo que apenas quatro capítulos foram exibidos. E aí vem o inusitado. A Bandeirantes entra na história com uma atitude ousada: contrata todo mundo - até as locações originais - e retoma a novela, que reestréia na Band com outro nome, agora chamada Um Homem Muito Especial. A produção não era a de um filme da Hammer, mas dava para entreter um garoto de doze anos, como eu na época. Além do clima de mistério, esse folhetim tinha momentos de sensualidade até então pouco comuns em novelas, inclusive na abertura, porém especialmente quando entrava em cena a bela Cláudia Alencar, que ao longo da trama se tornou criada do conde e protagonizou, entre outras, a primeira cena de nudez que vi numa novela. Tinha também a Bruna, mas essa era a mocinha da história, sempre nos braços do namorado Riccelli, um cara que queria descobrir quem era o seu verdadeiro pai, sem desconfiar que seu estranho desejo de morder pescoços tinha algo a ver com isso... Rubens de Falco, um vilão que vai deixar saudade.
Volto aqui para deixar um agradecimento ao José Marques Neto e seu Mofo TV, que ripa e disponibiliza raridades como essa no You Tube.
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