terça-feira, 29 de julho de 2008

O MUNDO EM GUERRA


por Quatermass



Muitas vezes somos induzidos a gostar de algo / alguma coisa, voluntária ou involuntariamente. Em outras, acontece incidentalmente; raramente descobrimos por sí. Sempre gostei de história. Assistia filmes de guerra, porque em parte reconstituíam (a grosso modo) o evento. Mas, como já disse em outras ocasiões, reconstituição histórica/filmes de guerra / verossimilhança não andam necessariamente juntos. Nos documentários já não é assim: os fatos e imagens quando não são reprisados são reconstituídos.


No início de 1975, lá estava eu com onze aninhos e assistindo as sessões da tarde, quando passou uma chamada na Globo. Era sobre um documentário da Segunda Guerra Mundial de vários capítulos, narrados e apresentados por Valmor Chagas para as noites de sexta-feira, depois da novela das oito. Até aí tudo bem! Mas gozado, já na época fiquei intrigado: por que a Globo exibiria logo um documentário no horário nobre, quando desde aqueles tempos o seu forte nunca foi este? Já montava meus “aviõezinhos de plástico” e guardava os prospectos com a história do modelo. Nada mais natural então assistir o contexto.


Terminada a novela (que nunca me interessei em saber o nome), começou o programa. E que programa! Valmor Chagas introduzia cada episódio, que por sua vez dedicava-se a um determinado assunto: Batalha da Inglaterra, Guerra no Deserto, Guerra Submarina, etc. Depois, seguia narrando. Um destes episódios me chamou a atenção, não pelas imagens, mas pela força da própria narrativa. Senti que algo impelia Valmor Chagas. Foi no episódio de Stalingrado. Lembro-me até hoje: fiquei impressionado com a diversidade de narrativas, a alternação precisa entre relatos e análise histórica. Mas era guri e nesta idade qualquer coisa impressiona. Mas não foi assim!



Quase vinte anos depois, o Canal GNT apresentou o original do documentário exibido pela Globo: The World at War, premiado seriado inglês de vinte e poucos episódios produzidos pela Thames em 1974. Um dos momentos mais aguardados de minha vida: o velho documentário de volta e desta vez com um videocassete a sua espera! E comecei a assistir, com um gosto de novidade. Volta e meia me vinham as lembranças de criança: a expectativa, as vezes que não pude assistir por este ou aquele motivo e os momentos que não desgrudava da televisão. Só que havia um aspecto novo: não era dublado, era legendado! Mais, com uma voz que emprestava uma grandeza narrativa indescritível: a de Laurence Olivier.



Foi o maior ator britânico, o maior intérprete de Shakespiere, que entre outras láureas foi lhe conferido título de Sir. Nada mais justo! Aguardei o episódio de Stalingrado, agora na versão original e lá encontrei o motivo que Valmor Chagas teve que desdobrar tanto! O homem é um monstro: Sir Laurence conseguiu diversificar e alternar tanto a narrativa que sua presença física torna-se desnecessária. O assunto em si já é dramático: o ataque alemão à cidade soviética a beira do Rio Volga, a resistência e o contra-ataque. Mas sua voz confere tanta veracidade quanto os fatos: ora calma, ora nervosa, ora amargurada, ora séria, ora relata, ora descreve as cartas escritas por soldados, ora analisa friamente, ora se aproxima, ora se afasta. Sempre admirei este inglês e vou continuar a fazê-lo, porque poucos atores (se é que dá para delimitá-lo como tal) alcançaram um grau de perfeição a ponto de seu talento ficar eternizado em “off”.


Agora uma dica: o blog Saindo da Matrix disponibilizou os treze primeiros episódios, com legenda. Mas já aviso que estão divididos em partes que precisam ser descompactadas em conjunto! E fica a tradicional "palhinha". (Thintosecco)


quinta-feira, 24 de julho de 2008

ONE MILLION YEARS B.C.




por Quatermass




Mais um filme de Ray Harryhausen. Mais um filme da Hammer. E também da belíssima Raquel Welch. Não sou crítico de cinema, sou cinéfilo. Não sou historiador, apesar de ser bacharel. Não sou tarado, mas esta mulher é sensacional!



 





 


Agora há um único senão: há Um Milhão de Anos Antes de Cristo (título original do filme, de 1966), os dinossauros já estavam extintos e o homo sapiens nem havia surgido! No filme tá tudo junto: a loira, o homo sapiens e os dinossauros. Não é sandice, mas um triste sinal do fim da Hammer! 




Na verdade é uma paródia do que seria a pré-história, se bem que nem isto é possível, porque o homo sapiens já efetuava registros, logo não seria mais pré-história e sim a própria dita cuja.



E a história? Tumak (John Richardson) é expulso de sua tribo e passa a conviver com outra que vive no litoral, predominantemente de loiros e mais evoluída socialmente. Nem vou tentar divagar se a cor dos cabelos tem a haver com dominação cultural ou coisa parecida! Até poderia se arrancar algo deste filme neste sentido, mas já é querer demais!



Os efeitos especiais do mestre são tecnicamente perfeitos (como sempre), porém banais - tartaruga gigante, fala sério! Os Tiranossauros são pequenos, o Triceratops até que é valente e só!





Vale a pena conhecer o filme mais pela total descoordenação cronológica e da beleza da loira, que se chama Loana – se é que faz alguma diferença! Ninguém fala nada entendível.



Infelizmente, outro filme da Hammer, Quando os Dinossauros Dominavam a Terra (1970) é bem mais interessante; e Caveman (1981), com Ringo Starr é uma comédia sensacional! Nos três filmes os homens convivem com dinossauros, mas One Million Years B.C. é para ser visto e lembrado como inferior aos outros dois.


segunda-feira, 21 de julho de 2008

UMA SEPULTURA PARA A ETERNIDADE




por Quatermass



Quem é velho já sabe do que estou falando: filme de ficção. Também sabe que lá por 1972 a antiga TV Difusora (atual TV Bandeirantes) em Porto Alegre, exibia sessão dupla nos domingos à tarde chamado Matiné Difusora. Sempre um dos filmes valia a pena ser visto. Foi também através destas transmissões que conheci Vinte Milhões de Léguas da Terra (1957), A Invasão dos Discos Voadores (1956), This Island Earth (1956), The Deadly Mathis (1957) e... Uma Sepultura para a Eternidade (Quatermass and the Pit - 1967).


Calma! Meu pseudônimo neste blog não apenas é para manter anonimato, como também prestar homenagem ao personagem criado pelo genial Nigel Kneale: o professor Bernard Quatermass, que vivia salvando a Inglaterra (e consequentemente o resto do mundo) das ameaças alienígenas.


Baseado numa obra televisiva produzida pela BBC em 1958, que muitos consideram superior, o da trilogia do cinema é o meu favorito. Os outros dois são Terror que Mata (Quatermass Xperiment – 1955) e Quatermass II (de 1957)


Que os dois primeiros são mais sérios, superiores e bem feitos é inegável. Mas nem sempre eu misturo qualidade com gosto. Já na fase decadente da Hammer, ainda está presente o que considero o melhor da obra: o roteiro de Kneale.





Durante as escavações do metrô em Londres, inicialmente pensa-se ter sido descoberta uma bomba alemã da Segunda Guerra Mundial. Logo se descobre que é algo maior: uma espaçonave enterrada há milhares de anos. 



 

Aberta, encontram tripulantes em forma de insetos. Começa-se então a especulação: “eram os deuses astronautas?” Terão os insetos manipulados geneticamente a raça humana para outros fins?
 


Mas não para por aí! Ainda há uma entidade dentro da nave e ela é maligna. Neste ponto põe a ficção científica um pouco de lado e acrescenta-se um toque de terror. O final não conto!



É um filme de difícil divulgação, crítica ou obtenção – ainda assim é uma obra-prima! Uma dentre tantos produzidos pelos ingleses, que notoriamente sempre tentam dar um toque mais verossímil em suas histórias que os americanos. 


Se for viajar, se encontrar na Internet, se algum dia sair no Brasil em DVD ou nas NETs da vida, assista qualquer um destes. Conhecerá um pouco do gênio de Nigel Kneale: um ótimo contador de histórias.



domingo, 20 de julho de 2008

Mike Oldfield



por Thintosecco



Recebi esses dias uma mp3 de um velho amigo com quem compartilho alguns gostos musicais. Um desses artistas é o Mike Oldfield. A música que recebi é a primeira do vídeo abaixo, que faz parte do show Millenium Bell apresentado em Berlim na virada do Milênio.





O Mike Oldfield já tem por aí uns 35 anos de carreira, que começou em grande estilo. Em 1973, aos 20 anos de idade, lançou Tubular Bells, um álbum revolucionário, em que o próprio Oldfield, sozinho, tocou mais de vinte instrumentos. A título de curiosidade, Tubular Bells foi usado como trilha do filme O Exorcista, apesar de, originalmente, não terem nenhuma relação.


É muito difícil classificar o trabalho desse compositor - que alguns consideram um dos maiores do século XX - já que ele flerta com inúmeros gêneros musicais sem se fixar em nenhum. Produz canções, mas também longas obras instrumentais. Às vezes é acústico e minimalista. Outras vezes envereda pela música eletrônica e faz shows grandiosos. Chegou a ser rotulado como New Age, mas começou muito antes e vai muito além desse "balaio" criado pelo mercado fonográfico.

Além de Tubular Bells, outro álbum de Mike Oldfield que gosto especialmente é Crises, de 1982. Tive ainda em vinil, onde o lado A é uma longa faixa instrumental, maravilhosa, e o lado B tem várias canções (duas delas tiveram bastante execução em rádio, especialmente Moonlight Shadow). Considero Crises um álbum muitíssimo interessante. Dizem que o nome e a música foram produto de uma das muitas crises de personalidade do próprio Oldfield. Crise que rendeu bons frutos!

Aliás, as crises não são o fim, mas possivelmente o começo, não é mesmo?





O clipe acima (com direito a avestruz esquiando!) é um trecho de Crises. Abaixo deixo uma reportagem, em espanhol, relativa ao lançamento de Tubular Bells II, em 2003.
No mais, boa semana!



Surfando com o inimigo?



MrOx




sábado, 19 de julho de 2008

FIM DO VIDEOCASSETE


por Quatermass



Quem ainda usa videocassete? Eta aparelhinho que durou! Já tive vários e quase todos tiveram que ser trocados por que o “bendito” cabeçote estava desgastado ou desmagnetizado ou o que seja.




Produto dos anos setenta que ingressou lentamente nos anos oitenta. O meu primeiro foi um Sharp, lá pelos fins de 1982. Era ele e o Betamax da Sony, com padrão de fita diferente, porem superior. Assim como o Odissey e o Atari, a briga durou um tempo até que o padrão VHS foi o vitorioso. Aí vão pensar: tudo lindo e maravilhoso, as pessoas se jogaram e compraram milhões como os DVD players. Errado!


Ainda em 1982/83 as fitas VHS eram raras e caras, pois eram importadas. Chegaram a custar 10% ou mais do valor de um videocassete, que não era barato. Em 1986 as fitas sumiram do mercado, como tudo mais no Plano Cruzado.


Em 1986 também foi o ano que o Sharp começou a incomodar. Na autorizada me foi dito o seguinte: que o problema (tendência de mastigar fitas e travar) era provocado por um defeito de projeto no mecanismo do motor. QUE BOM! Paga-se caro por uma porcaria! E logo em 1986 com tudo sumindo, com a fita BASF alemã que veio de brinde no aparelho e mais meia dúzia que deu para encontrar e comprar (na verdade, havia milhares de fitas TDK paraguaias para vender, só que nenhuma funcionava, ou seja, era o mesmo que nada). Destino: caridade.


Passo para o segundo aparelho: um Sanyo. Ah, que saudades! Funcionou bem até 1989 quando de tanto usar seu cabeçote foi pro beleléu! E então, como não tinha peça original nova na assistência técnica, colocaram uma “recondicionada”. Nunca funcionou direito: o som era tão abafado que não se ouvia quase nada. Destino: caridade.



E por aí foi até que no início do novo milênio me dei conta de que dois terços de meu acervo de fitas VHS estava comprometido: umas tinham tanto mofo que havia uma camada branca na fita que visto de cima parecia glacê; outras produziam um óleo que sujava com incrível frequência os cabeçotes. Desnecessário dizer que aprendi a abrir os aparelhos para passar cotonetes com álcool, fins de limpeza. Conclusão: videocassete é um aparelho com vida útil extremamente curta, é como um computador sem software.


A verdadeira epopéia em gostar de filmes não se resume apenas em lembrar dos filmes, mas também dos apuros em vê-los, gravá-los e mantê-los. Ao pensar nos gastos que uma pessoa dispende com estas mídias durante a vida, chega-se a conclusão que o governo faz bem em criar tantos impostos e taxas, senão gastaríamos muito mais!

terça-feira, 15 de julho de 2008

O VALE DO GWANGI


por Quatermass



A vantagem de se escrever em um blog é a liberdade de escolher um assunto e expor. Poderia falar sobre a Supernanny ou qualquer outra coisa. Desta vez volto aos dinossauros. Volto também a falar sobre filmes B. Volto a falar sobre Ray Harryhausen.





O Vale do Gwangi (The Valley of Gwangi – 1969) foi exibido pela primeira vez na Globo em 1976. Era guri e sempre tive boa memória. Foi num sábado à noite (o Primeira Exibição).



Já digo de cara que não é um dos melhores filmes do gênero: a história é completamente non-sense. Ainda assim é interessante: é daqueles filmes que a gente nunca sabe o porquê, mas volta e meia assiste de novo.


No início do século passado, alguns cowboys descobrem um Vale Perdido entre a Califórnia e o México!!!! Continua... encontram animais pré-históricos e acabam por aprisionar um tiranossauro (chamado Gwangi pelos ciganos). Fazem uma gaiola sobre rodas “sabe-se Deus como”, trazem o bicho dentro dela e ele fica quietinho “sabe-se Deus como” e vira atração de circo (também “sabe-se Deus como”).


É bem diferente de Jurassic Park: não há muros altíssimos nem cercas eletrificadas, mas um cigano liberta a fera da jaula e esta passa a fazer um pandemônio na cidade mexicana, adentrando-se na catedral. Esta cena é minha favorita, mas não esperem divagações filosóficas ou empíricas – apenas pela ação e a habilidade de Harryhausen.


No fim o bicho morre. Volto a dizer: não é um grande filme, não possui efeitos de computador, não há nenhum Spielberg por detrás da câmera, nem um Richard Matheson como roteirista. É apenas um ótimo filme de aventuras, descompromissado e surreal. Em suma um bom divertimento, ainda que esquecido!



SUPERCOMPUTADOR


MrOx


Saiu no "New York Times":


Um computador militar dos Estados Unidos, batizado como
"ROAD RUNNER" e fabricado com peças do videogame PlayStation 3, atingiu a marca do "petaflop", que equivale a um quatrilhão de cálculos por segundo. O novo supercomputador, de US$ 133 milhões, foi projetado e construído por engenheiros e cientistas da empresa IBM e do Laboratório Nacional Los Alamos, no Novo México.



O computador recebeu este nome em homenagem ao pássaro oficial do estado do Novo México - é o nome, em inglês, do personagem de desenhos animados Papa-Léguas. Ele será usado principalmente para resolver problemas militares secretos.

Antes de ser colocado em um ambiente secreto, o 'Papa-Léguas' será usado também para explorar problemas científicos como a mudança climática, declarou o "Times".

segunda-feira, 14 de julho de 2008

BENSON, ARIZONA


Quatermass



Desculpa pessoas! Mas quando comentei Dark Star, deixei de lado um dos aspectos marcantes da obra de John Carpenter - a música que abre o filme:
Benson, Arizona. A letra é de Bill Taylor, a melodia por John Carpenter e vocal de John Yager. Já vale por todo o resto. Aliás, John Carpenter quase sempre compõe a trilha de seus filmes, e desde a estréia, como este cult. Se conseguir assistir o trecho acompanhe a letra abaixo. Não tente estabelecer conexão do videoclip ou filme com a cidade de Benson, no Arizona (que realmente existe), ou até tente! Bom divertimento!

A million suns shine down
But I see only one
When I think I'm over you
I find I've just begun
The years move faster than the days
There's no warmth in the light
How I miss those desert skies
Your cool touch in the night

CHORUS:
Benson, Arizona, blew warm wind through your hair
My body flies the galaxy, my heart longs to be there
Benson, Arizona, the same stars in the sky
But they seemed so much kinder when we watched them, you and I

Now the years pull us apart
I'm young and now you're old
But you're still in my heart
And the memory won't grow cold
I dream of times and spaces
I left far behind
Where we spent our last few days
Benson's on my mind

(CHORUS)



sábado, 12 de julho de 2008

MASSAROCA COM NIKOLA TESLA


Thintosecco


O que é Massaroca?


"Bloco Quinzenal no programa Metropolis na TV Cultura. Um apanhado de qualquer coisa, sempre massa real". É o que diz o site oficial da galera.

Mas o que é a Massa Real?

"(...) A Massa Real foi criada em 1879, na cidade de Lisboa. Durante seu primeiro ano de existência foi apenas uma panificadora, até que seu dono, Rafael Matias Monteiro, decidiu investir na recém criada indústria do cinema. Dois meses depois, ele foi jogado de um trem por capangas de Thomas A. Edison. (...) Em 2006 quatro jovens estudantes de cinema da USP encontraram uma lata de negativo original pertencente à Massa Real. A lata foi aberta e o negativo, arruinado. Tomados pela culpa e arrependimento, os quatro adotaram o nome, trazendo a Massa Real Filmes para o século XXI, após cento e vinte tantos anos de ostracismo. (...)"

Fala sério!

Mas o que é serio, amigo? Brincadeiras à parte, preciso registrar novamente que conheci o Massaroca através do blog Agora é Rock!, que está entre os nossos favoritos. O último Massaroca foi sobre o cientista Nikola Tesla, uma figuraça. Inclusive, o Tesla foi personagem de filmes, como em O Grande Truque (interpretado por David Bowie). Se alguém não viu esse, RECOMENDAMOS.


sexta-feira, 11 de julho de 2008

O QUE É SER HOMEM?


Quatermass


Já falei sobre Charlton Heston, Sean Connery, Gregory Peck e alguns outros atores. Mas sempre tive uma certa admiração de outro cercado de mitos, verdades/inverdades e escracho. Este ator é Rock Hudson. Em seus filmes transmitia virilidade, determinação, sensibilidade, caráter, senso de humor e ironia. Confesso que vi mais de seus filmes com Doris Day quando criança e me fixo mais nos de aventura, do tipo Estação Polar Zebra (Ice Station Zebra - 1968).


Nele faz papel do comandante de um submarino nuclear encarregado de enviar um agente de sua Majestade ao pólo norte (ironicamente Patrick McGoohan, o mesmo de O Prisioneiro). O filme tem traições, escaramuças, reviravoltas, aventura, etc, bem ao estilo dos romances de Alistair MacLean (que além deste filme, também foi fonte inspiradora de Os Canhões de Navarone e O Desafio das Águias).



Mas não é nisto que quero me basear e sim o ator-homem. Ao contrário de suas comédias / amenidades / besteiróis, como capitão James Ferraday, demonstrava ali todas as qualidade do homem Rock Hudson: comedido, perseverante, sério, em busca da verdade e explanando com clareza a situação. Em troca, o respeito de aliados e inimigos.

Na vida real todo mundo achava que era um exemplo a ser seguido, até 1985 quando pouco antes de sua morte anunciou ser gay e portador do vírus HIV. Foi o bastante para sua imagem ficar maculada para sempre. O castelo de cartas desabou! Desabou? Como também já disse antes, nunca é o ator, diretor, técnico, público ou até mesmo crítico quem dá a palavra final. É a memória coletiva, é a soma de tudo o que um ser fez em sua vida, mesmo que fosse um único ato de bondade. Mesmo este vale pelo resto. No caso de Rock Hudson se dá diferente: ostracismo, que às vezes é quebrado com uma dupla de cowboys de desenho animado – mau gosto – diga-se de passagem! Ainda assim, lembro-me quando seu anúncio foi apresentado num dos Jornais Nacionais dos anos 80, quando já debilitado. Puxa! Nos anos 80! Quando, apesar de tudo que se diz, AIDS ainda era tabu! Isto é coragem!


Poderia morrer misteriosamente, anonimamente, e posteriormente ser divulgada a verdadeira causa. Mas não Rock Hudson. Teve coragem em afirmar que era gay e coragem para divulgar sua doença. Morreu faz mais de vinte anos, mas ainda me lembro de seus simpáticos personagens ao lado de sua amiga e mais ainda daquele capitão de submarino. Pode parecer bobagem, mas sempre penso como uma inversão de valores: o capitão James Ferraday interpretando o ator Rock Hudson. Admiro a coragem.



terça-feira, 8 de julho de 2008

Hiroshima e Nagasaki 63 anos depois




Thintosecco e MrOx


Recebi um e-mail com estas e outras fotos atuais das cidades de Hiroshima e Nagasaki. Que foram devastadas por bombas atômicas há 63 anos. Nem parece. Mais um motivo para admirarmos esse povo extraordinário. Pergunta: e as cidades brasileiras? Como evoluíram no mesmo período? Reproduzo a constatação lançada no mesmo e-mail:

No mesmo período o Rio de Janeiro construiu 400 favelas e duas linhas de Metrô.... O que se salva é a ponte Rio-Niterói. A estrada mais importante do país que liga Rio a São Paulo, continua só com duas pistas de cada lado...

E cogitam do Brasil integrar o G8! Bem, o motivo do post não é malhar nosso País. É que, como insistem em nos mostrar nossos amigos japoneses, poderíamos fazer muito mais e melhor. Como? Valorizando o trabalho, investindo em educação, punindo os corruptos... entre muitas outras coisinhas que se notam funcionarem de outro modo lá no País do Sol Nascente.

Pra encerrar. Alguém ficou curioso em ver imagens das cidades japonesas depois dos bombardeios de 1945? Se sim e tem bom estômago, pode conferir essas imagens aqui ou neste outro link. Também, uma matéria interessante, publicada em 2005. E que tal coisa jamais se repita.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

O INCRÍVEL HOMEM QUE ENCOLHEU

Quatermass


Eis um filme capaz de desafiar qualquer dos diretores contemporâneos a repetí-lo. Não pelos efeitos especiais, afinal é de 1957. Não pela história, afinal qualquer um pode filmar qualquer coisa. Não pelo público, afinal sempre houve, há e haverá aficionados pela sétima arte. Mas refiro-me à alma da obra, o cerne, sua mensagem e a coragem necessária de levá-la na tela grande novamente. Seu diretor, Jack Arnold, conhecido por filmes B como Monstro da Lagoa Negra (1954) e Tarântula (1955) sempre foi identificado aqui no Brasil como trash-maker. Nada mais falso. Mesmo nestas obras sobressaem qualidades, ainda que minuciosamente escondidas. Mas em O Incrível Homem que Encolheu (The Incredible Shrinking Man) estas qualidades saltam aos olhos e dificilmente deixa-se de notá-las, a menos que o expectador ou crítico hipocritamente diga que não as viu!



Passa-se num belo dia dos anos cinqüenta. Scott Carey (Grant Williams) descansa tranquilamente em uma lancha e é atingido por uma nuvem de ”não-sei-o-quê”. Se houvesse uma seqüência, prontamente identificariam o tipo de nuvem (radioativa, alienígena ou qualquer outra coisa). Mas já começa a se perceber o talento do diretor: a causa não interessa (e não interessa mesmo), não há culpados (e não interessa mesmo), nem sua solução (e não interessa mesmo). Por que repito tanto? Porque é o que os diretores fazem hoje em dia: não se preocupam em contar uma história - tão somente ficam no blá-blá-blá e não desenvolvem a idéia. Tratam o expectador (e o crítico, via de conseqüência) como idiota. Nunca se perguntaram porque em geral a continuação é sempre inferior aos primeiro filme? Por isto! Não existe uma nova idéia, apenas recauchutam a original.


Voltemos ao original: Scott Carey começa a sofrer conseqüência de sua exposição. Será que é por isto ou aquilo? Não sei! Não interessa! Mas também começa a padecer de suas conseqüências – e é neste momento que o filme cresce e se sobressai de muitas e muitas obras hollywoodianas. Sua estatura fica cada vez menor, diminuindo e diminuindo sempre, até o ponto em que sua esposa o tem por morto e passa então viver no porão em companhia de uma tarântula (homenagem do diretor ao filme anterior, provavelmente). Sua companheira e rival disputam pelo mesmo alimento: sobras. Mais: Scott também é o alimento da aranha e daí passa a existir a luta pela sobrevivência.


O verdadeiro valor do roteiro de Richard Matheson está em que nosso herói, mesmo ciente de sua situação enfrenta o desafio sem esquecer sua condição humana – e aí está a verdadeira mensagem do filme! Às vezes mescla curiosidade com ansiedade. Mas em momento algum o tamanho implicou em inferioridade, a tal ponto de, no final enfrentar sua vizinha ciente de que a humanidade está presente em sua consciência. O discurso final é digno de Carl Sagan ou algum outro filósofo/pensador. Neste estão algumas das palavras mais poderosas e sábias que Hollywood já pôs em um filme. Duvido que mesmo Spielberg tenha coragem de produzir uma nova versão desta jóia; mais ainda que seja capaz de superá-la. Talvez, na história do cinema, somente Jack Arnold fosse capaz de filmar e pôr seu nome numa verdadeira declaração de humanidade.





Trecho de documentário do Sci-fi Channel sobre o diretor Jack Arnold (em espanhol):



Sugestão aos navegantes: conferir postagens relativas a este filme no Cine Divxbizarro e/ou no F.A.R.R.A.!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

CARIBBEAN BLUE


Quatermass


Brasil, um país sul-americano, de dimensões continentais, com 8.514.876,599
km². Irlanda, terceira maior ilha da Europa, com 84.421 km², vizinha da outrora toda poderosa Inglaterra. Brasil, país da alegria, do futebol e do carnaval. Irlanda, terra do U2, do conflito católico-protestante e do IRA. Personalidades brasileiras lá fora: Pelé, Ronaldinho e Ronaldo (o Gordo). Personalidades irlandesas: Bono Vox. Não falta falar sobre a mulher? Então lá vai: no Brasil é a mulata; na Irlanda... na Irlanda... na Irlanda... Ah! Enya.

Não que tivesse me esquecido, mas o Brasil continental, com cento e tantos milhões de habitantes, com um dos maiores índices de desigualdades sociais do mundo mal conhece. E apesar de tudo isto que acabei de dizer, o brasileiro deveria ser obrigado a saber? Aí depende! Se for sobre as três figuras masculinas, até que a maioria sabe quem são! Na miséria, o futebol e a figura masculina repercutem mais e com maior intensidade que a música e a presença feminina. Afinal durante a Copa do Mundo, quando a seleção brasileira joga o país pára. Será que na Irlanda é assim?



Vamos então reduzir esse imenso universo humano a um indivíduo: EU! Sinceramente, só assisto aos jogos da seleção brasileira durante a Copa, as partidas fora deste evento são piadas. Já notaram que o técnico em definitivo da seleção é sempre o do ano da Copa? E entre o período de quatro anos que entremeia as Copas o que faço? Também ouço música. Pra variar, aquilo que ninguém conhece/gosta/escuta: Jethro Tull e... Enya (
Eithne Patricia Ní Bhraonáin).

Ah! New Age!
Totalmente diferente de rock progressivo, folk, samba ou o que quer que seja. Pra falar a verdade de New Age só curto ela! Como o Tull, a relação é antiga: lá pelo final dos anos oitenta quando a programação da TV Bandeirantes ainda não era dominada pelos evangélicos, de madrugada exibiam videoclips. Um destes: Orinoco Flow, oriundo do disco Watermark, de 1988.



A música era etérea, o visual idem e a morena belíssima. Enya é a minha musa musical: desde aquele clip nunca mais deixei de ouvir suas músicas, ainda que a maioria seja para fazer boi dormir! Outras se sobressaem: como sua produção é inconstante, volta e meia estoura um hit e em 1991 saiu outro -
Caribbean Blue. Este sim! Foi paixão total, visual e musicalmente falando. O clip parecia um quadro à óleo e com a música me sentia nas núvens. Agora a letra... New Age é assim: É PARA OUVIR ! NÃO LEVAR À SÉRIO! Então ouça, pelos video clips, ou acompanhe as letras: mistura de celta, com latim e inglês, que falam vagamente sobre algo e que liga nada a lugar nenhum e que ao invés de uma volta de 180 graus, faz logo 360! MAS QUEM LIGA? Eu sou a minoria que adora ela e ponto final!


terça-feira, 1 de julho de 2008

Spock, chato pra cara***!




Thintosecco



Talvez algum trekker mais bem informado possa esclarecer sobre o local de nascimento do Capitão James T. Kirk. Eu não sei. Mas, com certeza, não foi no Rio de Janeiro! Se fosse, quem sabe poderia manter um diálogo com o sr. Spock nos moldes desse vídeo! Mas que dupla, hein? Um Kirk bagaceiro e um Spock "chato pra caralho"!

Tem um pessoal que abraçou essa moda de fazer redublagens. Algumas são dispensáveis e de gosto duvidoso. Outras, como essa, até são engraçadas. Bem, pelo menos o cara descobriu uma utilidade para o desastroso Star Trek V!

A recomendação desse vídeo deve-se ao MrOx, que incluí oficialmente entre os planetários, ou seja, os colaboradores do blog. Valeu!

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