sábado, 28 de julho de 2012

TRILOGIA SCI-FI ALEMÃ ANOS TRINTA – 3ª PARTE: GOLD






 por Quatermass




Gold (Gold – 1934) foi o primeiro filme alemão de ficção científica que, diferentemente de Metrópolis (1927), adotou uma postura contraditória de como fazer filmes: ao aproximar-se da cultura anglo-saxã, afastou-se do cinema expressionista de Fritz Lang (mais precisamente renegou). 



Tô falando grego ao cinéfilo? Explico em português: diferentemente do deslumbre visual mudo dos anos vinte, o terceiro filme da trilogia não impressiona, intriga ou imortaliza; ao contrário, é escapismo, dotado de conceitos visuais contemporâneos, um ótimo ator (Hans Albers), cujo personagem (Dr. Werner Holk) abre alas para os filmes do gênero que se seguirão. 


Mais, Gold de certa forma está à frente de seu tempo, não por seu conteúdo (esqueça a complexa trama de Metrópolis), mas pela forma de fazer cinema: o convencionalismo introduzido nos anos trinta com o uso do som e da cor, iniciando uma padronização que ingressará no século 21. 


Não pretendo com isso diminuir a importância da obra, mesmo porque é praticamente desconhecida do grande público e dotada de um grande estigma: foi um filme produzido durante o regime de Adolf Hitler. Tendo os nazistas recém assumido o poder em 1933, não se vislumbra, de imediato, questões nacionais socialistas. 


Pelo contrário, tal como o diretor de O Tunel (1933), Hans Albers também não simpatizava com os ideais nazistas, refugiando-se na América, ainda nos anos trinta. Retornou à Alemanha com o fim da 2ª Guerra Mundial, onde morreu em 1960. Foi um grande ator de seu tempo, porém, esquecido rapidamente com a morte; assim como este filme que havia protagonizado. 

 






Mas afinal, chega de trolóló, e do que trata a obra? Aborda a disputa de cientistas pela transformação de metal em ouro. Não pense o cinéfilo que seja na busca da pedra filosofal ou por via atômica (visto que ainda era uma questão puramente teórica), mas pela eletricidade: uns 15 milhões de volts! 


  






Holk (Albers), assistente do Prof. Achenbach, um dedicado cientista, sobrevive a um acidente no laboratório. Seu rival e principal desafeto é o rico (entenda-se aqui capitalista inescrupuloso) inglês John Wills (mesmo não tendo conteúdo escandalosamente nazista, não pense o ingênuo cinéfilo que os nativos bretões escapariam incólumes). 


Holk é cinicamente convidado a participar como engenheiro do gigantesco equivalente inglês, num laboratório construído no fundo do Oceano Atlântico. Apesar de ser quase idêntico ao original alemão, porém em escala muito maior, o gerador não funcionava como deveria, daí a importância de Holk. 


 



 


Em tempo e foi fato verídico: com o término da guerra, os americanos interrogaram a equipe técnica de Gold, intrigados com a incrível semelhança do gerador com o reator nuclear construído na América dez anos depois! 









Com a descoberta da trama que levou a morte do colega alemão e da cobiça de seu anfitrião, se insurge. Resultado: o laboratório é destruído, porém, nosso sincero e valente cientista consegue se salvar e aos demais trabalhadores. Fim! E daí (dirá o nobre internauta)? De que serviu tudo isso? Para que saber do relato de filmes que dificilmente estarão disponibilizados pela maioria da mídia, se é que algum dia virão a estar?


Posso tentar dizer da seguinte maneira: o cinema é um processo evolutivo, que se recicla, alternando períodos de aprendizado, novas técnicas e pessoas. Não é um fenômeno de fácil delimitação, muitas vezes ressurgindo e evoluindo em diferentes países e nunca vinculados a mesma fonte. Se expressa em diferentes gêneros, muitas vezes, de forma subliminar, de acordo com a conjuntura do momento e em razão disso, muitas vezes incompreendidos.


Em assim sendo, volta e meia surgem filmes alemães, Glauber Rocha, Lima Barreto, Douglas Trumbull, Costa-Gavras, Steven Spielberg, Ray Harryhausen, George Lucas, Fritz Lang e tantos outros. E é desta diversidade, como a democracia imperfeita, que o cinema se recria. 






Postagens anteriores:
  

Trilogia alemã sci-fi dos anos 30 - 1a. parte 


sábado, 21 de julho de 2012

PROMETHEUS E NÃO CUMPRIUS






por Quatermass



Prometheus (2012) é daqueles filmes em que se gera uma expectativa e 99,9% da plateia sai do cinema decepcionada. Sei que estou “chovendo no molhado” e há centenas de blogs metendo o pau no filme de Ridley Scott. Só que, como em Alien, meio mundo não entendeu a mensagem!


Lembro-me de uma das críticas de Alien, o Oitavo Passageiro (1979) quando da estreia de Aliens o Resgate (1986): era de que o filme anterior demorava a decolar. O público e a crítica, como hoje, não tem mais paciência para ouvir trololó durante meia hora sem que apareçam gritos histéricos, explosões e rockn’roll. Spielberg, George Lucas e Michael Bay ditaram uma moda que pegou.


Com uma carreira de altos e baixos (G. I. Jane - 1997 e Hannibal - 2001, por exemplo), quem já assistiu aos outros filmes de Ridley Scott não vai encontrar baixarias e outras drogas. Se no primeiro filme Os Duelistas (1977), a história da eterna busca pela resolução de um duelo inacabado seria o suficiente para afugentar praticamente todos do cinema, Alien segue a mesma regra. A história do oitavo passageiro que vai eliminando os demais membros da Nostromo é extremamente singela, pois não busca divagações pseudofilosóficas; visa apenas testar os nervos do expectador (chega a ser irracional de tão simples). 


Aliás, O Oitavo Passageiro foi uma feliz releitura de It! The Terror From Beyond the Space (1958), um filme super-mega-master trash (nem A, nem, B, nem C... Z, talvez). E aí Dan O’Bannon genialmente reconstruiu a história mesclando suspense (e não terror) com ficção científica. Vinte anos depois virou cult!




E Prometheus? Trilhou por um caminho diferente: praticamente criou-se um roteiro do zero; mais precisamente escrevendo uma prequel de Alien, temperado com Von Daniken (que já defendi neste blog) e Ridleyscottismos (PS: há comentários excelentes, inclusive o de Lidia Zuin, http://contraversao.com/sobre-o-que-enfim-fala-prometheus/). 



O resumo da história: dois cientistas convencem o milionário Peter Weyland a bancar uma expedição até uma lua onde supostamente estariam os seres que deram origem ao homem. Chamados “Engenheiros”, estariam diretamente ligados às descrições oriundas de povos da antiguidade (aí entra Daniken). 


Mas a cientista mignon, Dra. Elizaberth Shawn acaba descobrindo que as intenções dos criadores mudaram e que aquela lua serviu apenas como instalação para desenvolvimento de armas de destruição em massa, e que por um motivo desconhecido séculos atrás, os “Engenheiros” não puderam empreender seu plano de eliminar a raça humana. 
  




 




Muito simples até (e motivo para muitas críticas) se ficasse apenas na ideia base. Acontece que Scott adora mudar roteiros (ou desconsiderar o livro de onde partiu o script, como em Blade Runner) e quis tecer sua atenção para dois personagens: a cientista e o androide David, mas o tiro saiu pela culatra! 


Noomi Rapace até que é engraçadinha como Elizabeth Shawn; no entanto, ao tratar sua personagem desde o início como um serzinho frágil (baixinha, estéril, e cuja fé naquilo que quer acreditar ninguém leva a sério), torna-se chata com o passar do tempo (apesar dos pesares, a tenente Ripley (Sigourney Weaver) sempre demonstrou ser mais durona e sem frescuras). 







Por sua vez, Michael Fassbender rouba todas as cenas no papel de David. Mais, ao incorporar os trejeitos de T. E. Lawrence/Peter O’Toole (Lawrence da Arábia) lhe é conferida toda a complexidade do herói/ator inglês (isso mesmo dos dois)! Bastaria ter só ele em cena que já valeria o ingresso, tamanha a força daquele personagem: por vezes cínico, lógico ou admirador do arianismo. Um ser complexo demais para buscar apenas sua liberdade, pois dá a impressão de já tê-la conquistado! 





 


Ao contrário do senso comum, sempre que se faz presente no roteiro o aspecto dúbio, a ambiguidade, é que o filme ganha força. Quanto ao resto, nada há de novo ou deveria causar surpresa. Já não há mais um Jerry Goldsmith para compor uma trilha memorável (uma das receitas de sucesso de Alien), mas Marc Streitenfeld dá conta do recado com uma composição discreta, insinuante e de certa forma muito acima da média (a ponto de chamar a atenção deste cinéfilo). A fotografia do polonês Dariusz Wolski e os efeitos especiais também enchem os olhos. 


E então: por que o público não gostou (já que de certa forma considero o melhor filme de ficção do 1º semestre de 2012)? Vai ver porque estamos em ano de eleições e os cabos eleitorais (entenda-se aqui revistas de cinema & vídeo e distribuidores) enchem demais a bolinha de seus candidatos, dotando-os de superpoderes, fazendo o pobre eleitor (assim, como o cinéfilo inocente) acreditar em suas promessas, para somente depois de pago o ingresso descobrir que na tela não aparecerá Indiana Jones, Darth Vader  ou o Líder Optimus!







sexta-feira, 20 de julho de 2012

Os robôs da EXPO 2012, em Yeosu







Ocorre na Coréia do Sul essa feira de tecnologia com ênfase na exploração marinha. O destaque, é claro, são os robôs. Inclusive os incríveis peixes-robôs que aparecem no vídeo a seguir.

Detalhe: um amigo nosso esteve lá. Trata-se de um jovem cientista (jovem mesmo!) que já começa a colher os frutos de seu trabalho com a robôtica. Espero poder conversar com ele em breve e passar detalhes aqui no blog. Deve ter muita história para contar. Legal!


domingo, 15 de julho de 2012

O grafeno e a nanotecnologia do carbono





"Em 2004, quando fizeram a descrição experimental do grafeno e suas propriedades eletrônicas, viu-se algo excepcional. Ele tem alta mobilidade a temperatura ambiente (tempo que o elétron navega sem colidir com nada), o que é muito difícil, pois a maioria dos materiais perde mobilidade quando aumentamos a temperatura. Ele é o material mais impermeável do mundo, capaz de segurar até mesmo o Hélio, um átomo dificílimo por ser pequeno e leve, e também é o mais forte do mundo. Dentro das suas proporções, é mais forte que diamante. Nele, a velocidade dos elétrons também é altíssima: no primeiro estudo, foi de 1000 km/s, o que é cerca de 60 vezes melhor do que o silício. Neste novo trabalho, observamos que essa velocidade pode triplicar – chegar a três mil quilômetros por segundo."(prof. Daniel Elias, em entrevista à revista Info).

Os trabalhos revolucionários sobre o grafeno valeram o Nobel da Física de 2010 ao cientista russo-britânico Konstantin Novoselov e ao cientista holandês nascido na Rússia Andre Geim. O interessante é que a pesquisa deles começou com dois materiais muito simples: a ponta de um lápis e uma fita adesiva. O grafeno é obtido a partir do grafite, que na verdade já é composto de várias camadas de grafeno.

O futuro da tecnologia estará na ponta do lápis?



Confira no vídeo e nos links a seguir.


Em tempo: Cientistas criam um nanofiltro de grafeno que serve como dessalinizador de água. A grosso modo pode-se purificar a água do mar para consumo sem utilizar energia, praticamente um marco tecnológico e humanitário.




Baita dica do MrOx. Valeu!







terça-feira, 10 de julho de 2012

AMERIKA, do Rammstein


Esse clipe da banda alemã Rammstein já um clássico. Uma sátira que critica a globalização do "american way" e outras polêmicas. Vale conferir.

Related Posts with Thumbnails