Thintosecco
Uma coisa que evito fazer aqui no blog é fazer postagens alusivas ao falecimento de pessoas, mesmo que sejam celebridades. Do contrário, o blog iria se tornar um espécie de "obituário", até porque tem muita gente boa por aí (atores, músicos, etc.), que já vai pela casa dos 70, 80 ou mais anos. Gente que produziu coisas interessantes em décadas passadas.
Não postei, mas não esqueci, de algumas personalidades que se foram em 2008. Os quadrinhos nacionais perderam algumas de suas referências (Gedeone Malagola, Eugênio Colonnese, Cláudio Seto); na MPB, partiram até aqueles que pareciam eternos (Jamelão, Caymmi). No rock, se foi o Rick Wright, o homem dos teclados do Pink Floyd. E neste mês de janeiro que termina, morreram os atores que fizeram o Número Seis, de O Prisioneiro, o Sr. Roarke, de A Ilha da Fantasia, e o Robot, dos Perdidos no Espaço. São seriados que lembro com carinho e estão relacionados a diferentes épocas da minha própria história. E, por isso, a exceção deste post.
Hoje, com a internet e a TV por assinatura, existe uma grande liberdade de escolha dos programas a assistir, coisa que até a segunda metade dos anos 80 nem se imaginava. Naquele tempo os programas simplesmente vinham (ou não) até nós, dependendo da boa vontade dos canais de TV aberta. Nem adiantava ficar sonhando em ver um seriado que foi produzido lá fora anos atrás e que não passou aqui na época. Mas eu, teimoso, tinha um sonho desse tipo lá pelo meio dos anos 80: assistir um seriado inglês dos anos 60 chamado The Prisoner.
De onde tirei a idéia? Do disco The Number Of The Beast, do Iron Maiden, que tinha uma faixa de mesmo nome em homenagem ao velho seriado, e de uma daquelas revistas-pôster da Editora Três que explicava a origem da música. Depois fiquei sabendo que foi o próprio Patrick MacGoohan, protagonista da série e detentor dos direitos, quem autorizou o Maiden a usar aquela famosa vinheta que terminava com a frase "I'm not a number, i'm a free man!", seguida da gargalhada do Número Dois. Isso foi ainda na gestão da Primeira Ministra britânica Margareth Tatcher, conhecida como a Dama de Ferro (se o governo dela inspirou o Alan Moore a escrever "V de Vingança" dá para imaginar o "estilo" da senhora...). Pois assisti a um documentário do Iron (graças à minha mana), em que o empresário da banda contou que o MacGoohan, antes de autorizar o trecho do seriado perguntou: Como é o mesmo o nome da banda? Iron Maiden. Pensou por apenas um segundo e respondeu: Faça!
Apesar dessas informações, nada do seriado. Nos anos 80, fiquei só no sonho de ver o tal programa. Apareceu uma mini-série em quadrinhos, lá pelo final dos 80, com uma outra personagem, que não disse a que veio. Mas, uma década depois, ou mais um pouco, acontece um milagre! Consegui assistir a um episódio que minha irmã gravou em VHS da TV a cabo, já que passava no Multishow em algum horário ingrato. Então, finalmente, em tempo mais recente, já com internet banda larga, tive a oportunidade fantástica de ver com calma alguns episódios desse seriado (os outros estão guardados para depois, como se guarda o bom vinho) . Mas valeu a espera! Não vou fazer maiores comentários sobre O Prisioneiro em si, que já foi comentado pelo Quatermass aqui no blog, neste post. Mas recomendo!
A propósito, The Prisoner é uma daquela obras que cada um pode interpretar de maneira diferente. Pessoalmente, tenho uma opinião sobre o motivo pelo qual o N° 6 nunca conseguia sair da Vila. A grande prisão está na mente, não em muros, grades ou o que seja. É como o Pedro Bial disse outro dia (putz, estou confessando que às vezes vejo o BBB...) sobre a Alemanha dividida: anos após a queda do muro de Berlim, ele ainda existia na mente de muitas pessoas. Mas esta é apenas uma das muitas leituras possível d'O Prisioneiro. Uma lenda pessoal no passado. Hoje é algo que posso discutir com os amigos.
Outra hora volto para falar dos outros seriados. Para saber mais sobre o ator/produtor Patrick McGoohan, sugiro conferir essa postagem no blog Vintage69. Fui!
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