sexta-feira, 23 de novembro de 2007

QUO VADIS


por Quatermass



Curiosa é a contribuição de Hollywood para a Guerra Fria. Nos anos cinqüenta produziu não sei quantos filmes bíblicos e de época, na tentativa de impor a religião ao inimigo comunista e ateu. Nos anos sessenta, com o ingresso gradativo dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, produziu outros tantos, agora retratando o heroísmo nas duas guerras mundiais (O Mais Longo dos Dias, Uma Batalha no Inferno, Os Heróis de Telemark, Crepúsculo das Águias, e por ai vai).

Apesar disto, havia qualidade escondida em alguns filmes dos referidos gêneros. QUO VADIS (1951) é um dos precursores da primeira fase: verdadeiro dramalhão, retratando o início do Cristianismo, a conversão e a perseguição dos romanos.

A história: o general Marcus Vinicius (Robert Taylor) retorna à Roma após uma campanha militar vitoriosa e se apaixona por Lygia (Déborah Kerr), filha adotiva de um general aposentado. Ela freqüenta cultos secretos dos primeiros cristãos; via de conseqüência, o herói adere à causa. Acabou? Não! Isto porque paralelo à dupla romântica, outra dupla rouba as cenas do filme – e aí ressalta a qualidade da obra!


Refiro-me à interação entre o senador Petrônio (Leo Genn) e Nero (Peter Ustinov). Parece que o roteiro foi escrito privilegiando os dois. O cínico Petrônio possui senso crítico, inteligência e cultura, que é desperdiçada em adulações ao imperador. Nero por sinal, é a figura onipresente. Peter Ustinov está à vontade na interpretação deste personagem. Nunca Hollywood criou outro Nero mais histriônico. Ao saber da iminência de sua prisão, Petrônio pratica suicídio ingerindo veneno, antes, porém, escreve uma carta testamento ao “amigo”.

A cena em que o imperador toma ciência do ocorrido e sua reação após a leitura da carta é hilária, um dos grandes momentos do filme. Nero toca fogo em Roma, acusando os cristãos. Estes são encaminhados ao Coliseu para serem jogados às feras. O casal romântico também está lá.

Ao final, quando está prestes a se suicidar o adorável imperador afirma (a partir da versão dublada dos anos sessenta): “(...) Como a vida será monótona e sem graça para eles (o povo) sem mim? Como poderão enfrentar tal mundo? Como poderão? (...)” A atuação de Peter Ustinov merece aplausos, pois foi um grande ator que soube imortalizar seu personagem.


1 comentários:

Anônimo disse...

Leagal! Acredita que eu ainda não tinha ouvido essa banda? Grande som!

...E esse Petrônio parece ter sido mesmo um sujeito grande também... pelo menos, grande é a lenda!

...só faltou postares o livro Satyricon...

...bueno, pensando melhor, isso já dá um outro post... ou ''outros'', hehe, tem até o filme do Fellini...

Valeu, galera! Até a próxima!

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