quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A ILHA NUA




por Quatermass





A Ilha Nua (The Naked Island – 1960) é um filme conceitual do diretor japonês Kaneto Shindô.



Se você, caro internauta, for fã dos filmes de Michael Bay e Paul S. Anderson e inadvertidamente assistir pelo menos cinco minutos, corra imediatamente para uma locadora de vídeo, retire os dois Transformers e assista por umas doze horas para desintoxicação: a ação ininterrupta e histérica servirá como contraveneno.


Explico: A Ilha Nua conta a história de uma família pobre de fazendeiros japoneses que teimosamente insiste sobreviver numa rocha árida e cercada de água salgada por todos os lados (mais precisamente no arquipélago Setonaikai, a sudoeste do Japão).




Nos primeiros trinta minutos nos mostra a sofrida rotina diária da busca por água potável junto ao continente. Para esta empreitada o casal volta e meia se reveza várias vezes por dia junto ao pequeno barco. A água é o bem maior: serve de bebida, banho e como um tosco meio de irrigação. A residência fica no topo da ilha e não é preciso dizer que é mais uma provação chegar até lá!




Entre a casa e a baía está a plantação. Os dois filhos pequenos do casal ajudam nos afazeres domésticos. E daí? Que mais acontece? Olha! Durante 92 minutos dá-se apenas um drama familiar, facilmente superado ao final, pela teimosa perseverança de lavrador pobre.




A mensagem do filme: a vida é dura e sem recompensas. Mas então, por que diabos estou falando sobre um filme que aparentemente não tem nada a haver com este blog? Porque é uma obra surreal: é um filme SEM DIÁLOGOS!




Para tanto Kaneto Shindô se utiliza de várias técnicas para ocultar o lero: a câmera que se afasta, o ingresso dos personagens dentro das casas, e nós, expectadores meramente aguardamos a saída do lado de fora. No entanto, a linguagem é facilmente compreensível e de certa forma universal. A trilha sonora, por sua vez, serve de complemento.




Entende este comentarista que a obra extrapola o conceito de filme: é poesia. Poesia sem versos, estrofes e rimas. É uma poesia virtual, mais precisamente visual. E é de uma beleza singelamente incomparável. É uma poesia simples e repetitiva, porém, nunca cansativa.




Este diretor é respeitado no Japão e mundo afora. Continua dirigindo e roteirizando. Mas como bom ocidental que sou, sinto falta de Kurosawa. Adorava seus filmes carregados de diálogos às vezes ferinos, às vezes shakesperianos ou ambos. Adorava seus dramas e aventuras genialmente convencionais e que o Ocidente aprendeu a copiar.


Respeito Shindô, como também Ozu e Ichikawa, diretores também japoneses, mas a abordagem destes é mais psicológica, beirando o cinema europeu. Portanto, se o nobre internauta afirma gostar de Truffaut e Godard se sentirá à vontade com A Ilha Nua.

domingo, 26 de setembro de 2010

O FILME AGUARDADO DA VEZ: TRON LEGACY

EXPERIÊNCIAS DE VIDA

Esta postagem dá continuidade à idéia de, vez em quando, reproduzir aqui alguns pensamentos daqueles que se dedicaram à refletir sobre a vida.

O texto a seguir foi extraído do artigo "Experiências de vida durante o processo de purficação", publicado na revista Mundo Ideal n. 093. O autor é Masaharu Taniguchi, o fundador da Seicho-No-Ie.



Muitas pessoas dificultam a vida além do necessário, porque, em vez de reconhecerem que as experiências que enfrentam são positivas e imprescindíveis para o crescimento da alma, encaram-nas como algo maléfico e tentam fugir delas.

Para a alma que, em busca da Verdade, ora a Deus e adentra numa nova vida, não existe absolutamente uma experiência que seja má. A essas pessoas não acontecem, fundamentalmente, nenhuma ocorrência que seja assustadora. (...)

A causa do fracasso das pessoas se encontra no fato de não terem mantido a paz e a serenidade mental. Manter a paz e a serenidade mental é o segredo para realizar tudo. (...)

Seja qual for a situação, não devemos proceder como um pássaro que caiu na armadilha e que bate desesperadamente as asas. Devemos concentrar toda nossa atenção em Deus, na perfeição da Imagem Verdadeira, e assim treinar habitualmente a nossa mente para ser capaz de contemplar com serenidade a perfeição de tudo que existe verdadeiramente. (...)

Não é possível conhecer a Verdade através da inteligência cerebral. Não é algo que possamos obter buscando intelectualmente, pesquisando, discutindo e debatendo sobre isso.

A Verdade não se encontra numa violenta tempestade nem numa chama que arde com furor. Ela se manifesta do fundo da alma, como um som sublime e suave, quase inaudível, que sentimos na quietude, no leve sussurro da alma. (...)

Talvez o homem não consiga compreender a vontade divina, mas o Amor de Deus está sempre junto de todas as pessoas. Nas dificuldades, o Amor de Deus nos dá forças para suportá-las; na escuridão, nos orienta para o lado da luz e, no final, nos conduz ao paraíso. (...)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O FILME QUE MATOU SEU DIRETOR




por Quatermass



The Giant Claw (1957) foi um dos maiores disparates da ficção científica.


Seu diretor Fred F. Sears era um bom diretor, tendo dirigido inúmeros westerns e, um ano antes, uma obra-prima da ficção, Earth versus the Flying Saucer. O elenco não era ruim, ao contrário, Jeff Morrow foi um ator mediano - atuou nos excelentes This Island Earth (1955) e Kronos (1957) - e os demais inspiravam até certos ares de fidedignidade à historia.




O problema surge quando entra em cena a mistura de ‘urubu com galinha’, obra do produtor Sam Katzmann, que diante do reduzido orçamento e a ausência de um Ray Harryhausen, criou uma das piores aberrações da história do cinema.




Seria cômico se desde o início estivesse voltada para o gênero respectivo. Há paródias no YouTube, sem qualquer edição, onde os efeitos são simplesmente hilários, que, por outro lado denota a incompetência de seus técnicos.


Uma obra que, descartado o ‘bicho feio’ não seria ruim. Houve uma separação entre elenco e efeitos especiais e que na hora da edição misturou talento com má-fé, mentiras e mediocridade.


Um dentre tantos absurdos de edição é o trecho em que três caças vão atacar o animal. No mínimo há quatro modelos diferentes de aviões (F-80, F-86D, F-89 e F-102) – quatro modelos de três. E este é apenas um dos aspectos trágicos da montagem.




Nem as produções japonesas chegaram a um ponto não baixo quanto a de Katzmann. Mais, o filme é oriundo dos mesmos estúdios de Lawrence da Arábia (1962) – sem Katzmann, claro; ou seja, se redimiram posteriormente.






Mas, infelizmente, o golpe foi demais para seu diretor. Fred F. Sears caiu na bebida e morreu de desgosto ainda em 1957, meses depois da estréia de The Giant Claw. Inobstante as gargalhadas, o urubu criado pelo produtor fez sua única vítima real.




TUBULAR BELLS

Um som para o final de semana:
Mike Oldfield and friends - Live at BBC, 1973.
Vale a pena ouvir até o final!


sábado, 11 de setembro de 2010

A NOITE DOS GENERAIS




por Quatermass




A Noite dos Generais (Night of the Generals – 1967) é uma salada de gêneros. Tem por pano de fundo a 2ª Guerra Mundial, no entanto, mescla drama e policial.



Difere de um Resgate do Soldado Ryan; não tem pretensões artísticas ou conceituais. Seu diretor Anatole Litvak dirigiu um filme costumeiramente massacrado pela crítica desde seu lançamento. Também não é convencional; muito menos tenta demonstrar valores heróicos ou altruístas em qualquer conflito: na verdade, conta a história de um único homem em busca de justiça.



Em 1942, na Polônia ocupada, uma prostituta, é brutalmente assassinada à noite. Uma trêmula testemunha reconhece parcialmente o assassino - ele tem uma característica incomum: era um militar alemão, um oficial de alta patente, um general.




O oficial encarregado da investigação, major Grau (Omar Shariff), reduz o número de suspeitos a três: o aristocrático Gabler (Charles Gray), o burocrata e irrequieto Kahlenberge (Donald Pleasence) e o linha-de-frente Tanz (Peter O’Toole). Durante suas investigações Grau torna-se excessivamente incômodo, a ponto de seus colegas o chamarem de louco e é imediatamente transferido. Aos que duvidavam de suas convicções afirmava: “todo dia é um bom dia para fazer justiça”.




Dois anos depois, em Paris, com os aliados quase às portas, o quarteto volta a se reunir. Desta vez Grau pede ajuda a um policial francês, o inspetor Morand. Solicita um dossiê dos três generais; Morand, em troca pede a libertação de três membros da Resistência presos pelos alemães.


Apresentado o dossiê, inconclusivo, mas alertando da possibilidade de um complô contra o Fuhrer, ainda assim Grau lhe entrega a ordem para libertação dos três franceses. Morand então questiona a razão do interesse pela morte de uma única mulher em meio ao caos da guerra, aos milhares que morrem diariamente e, principalmente, diante da iminente derrocada da Alemanha. Em resposta, a mesma convicção ‘todo dia é um bom dia para fazer justiça’.




Por sua vez Tanz está afastado do front e requisita um motorista para levá-lo aos pontos mais interessantes da capital francesa. É designado o cabo Hartmann (Tom Courtenay). Exigente, excêntrico, perfeccionista, Hartmann vem a descobrir outra faceta do general.


Os passeios tornam-se monótonos e Tanz pede que seja levado a lugares mais ‘interessantes’.
Adentra num bar e visualiza uma prostituta para, na noite seguinte, sair à paisana novamente com seu guia. Convidada pelo cabo a mulher ingressa no carro reconhecendo seu cliente. Após uma suposta ‘sessão’ o cabo é chamado ao quarto quando visualiza o cenário de horror. Intimidado pelo general, Hartmann deserta. Tanz, indefectível, retorna ao quartel.




Diante da notícia de novo assassinato, Grau e Morand se encontram. Pelas características presenciadas dois anos antes e diante da ausência de álibi para Tanz, Grau agora está convicto sobre a autoria dos crimes. Neste momento, Morand, alerta, quase suplicando à Grau, para que, justamente naquele dia, não se dirigisse ao quartel general de Tanz, pois há boatos do atentado contra Hitler.


O teimoso major agradece, mas vai. Ao ingressar no gabinete de Tanz e estando somente os dois, Grau lhe dá voz de prisão. Imediatamente é transmitida a notícia de que Hitler escapara com vida. Sem hesitar Tanz saca sua pistola e mata Grau.


Aí o nobre internauta vai pensar: e em seguida começa a exibição dos créditos finais. Mas não! Passados vinte anos, Morand, agora membro da INTERPOL, vai à Alemanha, pelo fato de que outra prostituta fora retalhada.


Ao se dirigir ao chefe de polícia alemão indaga a respeito e expressa sua admiração pela determinação de um major durante a guerra, e que é razão principal de sua estada. Descobre então que Tanz, condenado por crimes de guerra, havia sido posto em liberdade alguns meses antes. Mas agora, faltava à Morand a peça-chave: uma testemunha desaparecida, o cabo Hartmann.





Não contarei o resto, pois além de representar 5% ou menos do filme, traz um final de certa forma incomum para este tipo de filme de guerra/policial/drama. Ao longo de quarenta e seis anos aprendi uma lição acerca da crítica: que ela é resultado da reação individual do expectador.


Portanto, virei às costas para tais ‘pré-conceitos’ de poucos e passei a assistir sem tomar conhecimento de opiniões alheias. Na obra, além da ótima atuação do elenco (inclusive do ‘cara-de-boneco’ Peter O’ Toole), conta com a excelente trilha musical de Maurice Jarre, um dos principais compositores dos anos sessenta. Faça o mesmo: assista primeiro e depois, se for o caso, critique. Somente assim o internauta deixará de ser apenas mais um.


sábado, 4 de setembro de 2010

SPARTACUS E OS DEUSES DA ARENA


por Thintosecco


Tenho acompanhado a série Spartacus: Blood and Sand, que recomendo. Trata-se de um seriado realmente muito bom. Para ver defeitos, só se você for mesmo muito "cri-cri".

Conta com a produção do Sam Raimi e elenco com alguns atores conhecidos, mesclado com caras novas. E o mais forte é o enredo, cujo desenvolvimento surpreende até cinéfilos "macacos-velhos", que já viram de quase tudo.


Quem tem TV por assinatura, pode acompanhar pelo canal Globosat HD. Mas também é fácil encontrar esse seriado na internet. Fica, porém, um alerta: Spartacus, não é para crianças, já que o sexo e a violência correm soltos.


Acredito que uma das circunstâncias que contribuem para a força dessa produção é que a base do roteiro está ancorada em fatos reais. Como sabemos, o gladiador Espártaco existiu de fato, assim como vários personagens vistos na série.


O seriado já tem a segunda temporada confirmada, porém atrasou em razão de problema de doença do protagonista Andy Whitfield: um linforma, que já foi tratado com quimioterapia e o ator agora, segundo dizem, está voltando à musculação para recuperar o físico.

Enquanto o ator principal não retorna, os produtores optaram por gravar uma mini-série, chamada "Gods of Arena", que aborda fatos anteriores à chegada de Spartacus à escola de gladiadores do lanista Batiatus. Irá ao ar nos EUA em janeiro/2011. Mas já tem trailer na internet, que coloquei ao final deste post.

Sabem, assistir esse seriado me deixou curioso quanto à história do Spartacus real . Pra quem também quiser conhecer, ficam links para duas versões de sua biografia: AQUI e AQUI. Também é recomendado assistir ao velho filme de 1960, estrelado pelo Kirk Douglas, já comentado aqui no blog (link aqui). Valeu!


EM TEMPO: Gods of Arena já circula na internet. Sugiro o fórum Spartacus Brasil, neste link.
(atualizado em 29.01.2010)


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

SPARTACUS, O ÁLBUM DO TRIUMVIRAT




Conheci esse álbum há muitos anos, na casa de um vizinho e amigo que tinha uma preciosa coleção de LPs de rock de primeiríssima qualidade. E lá, entre discos do Pink Floyd e do Led Zepellin, estava este álbum de capa curiosa, com a imagem de um ratinho dentro de uma lâmpada, que nada tinha a ver com o título do disco e o nome da banda, que remetiam ao antigo Império Romano. Porém, ao ouví-lo, me surpreendi ainda mais - e positivamente - inclusive com a balada que está no vídeo abaixo, "THE SWEETEST SOUND OF LIBERTY".




O Triumvirat - que inicialmente era mesmo um trio - foi uma banda alemã de rock progressivo , liderada pelo tecladista Jūrgen Fritz. Formada por excelentes músicos, essa banda produziu música de qualidade, porém a crítica e o público de certa forma "pegaram no pé" do Triumvirat, por soarem muito parecidos ao Emerson, Lake & Palmer, de quem assumidamente eram fãs. Aqui pra nós: como se fosse fácil tocar como o ELP... Mas a banda fez algum sucesso, principalmente com o álbum Spartacus, de 1975.

É mais uma versão pop da história de Spartacus, meio esquecida, mas que vale conhecer.
No segundo vídeo, a faixa-título. Valeu!





Link sugerido (com um abraço aos amigos do blog Agora é Rock):

http://agoraerock.blogspot.com/2007/06/triumvirat.html#links

Related Posts with Thumbnails