quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

A DANÇA DA NEVE




 
por ARTHUR
 
 
Sempre gostei de ouvir trilhas de filmes. Talvez porque preguiçosamente não precise trocar ou escolher faixas. Mas algumas são especiais.Neste fim de semana, resolvi catar trilhas ao acaso na Internet. E sempre que caia em Danny Elfmann, recaia em Edward Mãos de Tesoura. Mais precisamente, em Ice Dance
 

O filme é uma fábula extremamente carregada de metáforas, mas a música é linda. Por conta disso, sempre me emociono com o final. Lembra o Natal, hoje em dia uma data menos americanizada. Há menos Papais Noéis e pinheiros de Natal, simbolizando as regiões nórdicas, cujas temperaturas desconhecemos nesta época do ano. Também não se falam em presépios, como o da antiga Galileia. Está mais banalizado. Aliás,  uma das coisas interessantes do neoliberalismo é que promove a extinção das tradições, mesmo aquelas importadas do Norte. 

 
Lembrança de um filme comentado no blog, quinze anos atrás. Acerca de uma típica cidadezinha americana que havia recepcionado um estranho ser. Uma bonita alegoria de Tim Burton. Casas iguais, homens comuns, evento anual descaracterizado pela ausência de neve... Segue então a postagem original e um trecho do filme, A Dança da Neve, com uma bonita composição de Danny Elfman. Feliz Natal !


 EDWARD "MÃOS DE TESOURA"


Às vezes me pergunto se não seria mais fácil transcrever uma crítica ou escrever certinho. Também me pergunto se não seria mais cômodo contratar um revisor e eliminar todas as minhas incontáveis palavras repetitivas. Mas daí veio uma revelação divina: pra quê então um blog? Retiraria toda a personalidade do comentarista e seria um mero site formal. Copiaria do Wikipedia ou traduziria do The Internet Movie Database e pronto!


Contudo, infelizmente e teimosamente não sou assim!!!! Critico aquilo que assisti, elogio o que entendo deva ser elogiado, relembro o que merece ser reconhecido, esculacho (com relativa frequência) alguns filmes – e vou seguindo meu caminho! Quem sabe um dia domino de vez a arte de passar para o papel o que penso e escrevo um livro?


Nunca pensei em casar, casei. Nunca pensei em ter filhos, tenho. Nunca pensei em postar na Internet – incrível – mais uma façanha! Do meu amigo Thintosecco recebi um convite em participar e não sei qual força misteriosa me impeliu em aceitar. Será que pelo acaso, oportunidade, momento? Não sei, porque gostei! Há tanto a ser comentado. Tantos atores, diretores, filmes e personagens esquecidos ou até badalados. Personagens normais, comuns e os estranhos. 
 
 


Estranho... mas o que é o estranho? É o diferente, e na maioria dos casos, externamente. EDWARD MÃOS DE TESOURA (Johnny Depp) é um ser estranho, por ser diferente. É um Pinóquio que nunca mentiu, porém apresenta uma característica que o estigmatiza: suas mãos são de tesouras! 
 




O filme de Tim Burton (1990) é sobretudo uma fábula: conta a história de um ser criado por um bondoso velhinho (Vincent Price) que vai gradativamente deixando de ser um boneco e tomando feições humanas.


Em sua última etapa, a que seria justamente as mãos, morre seu mentor. Só que este Pinóquio já é humano! Vivendo recluso num casarão é descoberto por Peg (Diane West) uma vendedora de produtos da Avon. Moradora de uma típica, massificada e hipócrita sociedade, que o diretor identifica como a América, mas que serviria para muitos e muitos outros países. Levado para a residência de Peg, conhece e se apaixona por sua filha Kim (Winona Ryder) – com um porém: apesar de possuir sentimentos bons e sinceros, suas mãos afiadas ferem aqueles que ama!
 
 




É uma fábula e ela segue, na medida em que demonstra que a língua dos moradores é ainda mais afiada! De uma simpática aberração passa a ser um suposto criminoso, um Frankenstein. No fim, a obra, que carrega de uma poderosa bagagem crítica, nos oferece um Natal nevado em uma cidadezinha que nunca tinha visto neve e a resposta de sua origem. Um Edward mais que humano, imortal até, bondoso, apaixonado e fiel.


Só em fábula, porque na vida real dá-se o oposto: o homem mortal, de curta existência, desperdiçada, que não enxerga nada além de seu nariz, que fala o que não sabe, ouve o que quer, sem pensar, deixando-se levar pelo coletivo. Ainda assim, a belíssima trilha de Danny Elfmann, por breves momentos (como a dança de Kim no gelo), me faz esquecer a frase anterior. E eu ainda tenho que me preocupar com revisor?



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