domingo, 31 de janeiro de 2010

DEATH RACE (2008)



Quatermass




Corrida da Morte (Death Race) é a versão anabolizada de seu homônimo de 1975 (na verdade Death Race 2000).



Ambas lidam com corridas de carros, ambas se propõem a serem violentas, ambas são produzidas por Roger Corman. Só que a versão de 1975 era mais alegórica e trash, uma paródia divertidamente ingênua.



A versão anos 2000 de Paul W. S Anderson é muito mais cara, com recursos técnicos de primeira linha e, curiosamente, uma interessante releitura. Não significa que esteja livre de clichês, já que seria exigir demais de seu diretor.


Por falar nisto, existem três tipos de diretores: 1º) os que pensam que sabem dirigir; 2º) os que são contratados tão somente para este fim; 3º) os autorais. Não vou identificar quais são os dos dois primeiros grupos, apenas identifico alguns o último: Francis Ford Coppola, Stanley Kubrick e John Carpenter (que, inclusive, roteiriza e compõe as trilhas sonoras). Óbvio que o diretor de Death Race não pertence a este seleto grupo!



Afinal, deixando os questionamentos nerds de lado, qual é mesmo a história? É a seguinte: Jensen Ames (Jason Statham) teve sua mulher assassinada e foi injustamente preso, ficando sua filha sob custódia. Para voltar à liberdade (e ter sua filha de volta) deverá participar da Corrida da Morte, fazendo-se passar por ‘Frankenstein’, um corredor adorado pelos fãs.




A corrida é um evento de grande audiência na mídia eletrônica, onde os ases do volante competem até a morte (num misto de luta de gladiadores com Rollerball - 1975 e corrida de demolição de carros), através de ‘muscle cars’ especialmente preparados e acompanhados por belas navegadores (exceto Machine Gun Joe, que tem outras preferências).




As seqüências de perseguições de carros são ótimas e recomendo, mas adianto: descarte a possibilidade de existir qualquer mensagem subliminar ou ‘disso e aquilo’ porque não é filme de pensar (seria pura perda de tempo)! Jason Statham está um tanto canastrão (o que é normal), mas quem rouba as cenas é Machine Gun Joe (Tyrese Gibson).



É uma obra interessante e até não-descartável, principalmente, para acompanhar a evolução da filmografia do produtor Roger Corman.



quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

TRIBUTO A DEATH RACE 2000

Bem antes de Carmageddon e GTA, entre outros games. E de filmes estilo Mad Max. Talvez não acrescente nada, mas sem dúvida é divertido!

STEVE JOBS APRESENTA O IPAD

sábado, 23 de janeiro de 2010

THE SEVENTH VOYAGE OF SINBAD


Quatermass



The 7th Voyage of Sinbad (Simbá e a Princesa – 1958)
foi, é e continuará sendo um dos melhores trabalhos do diretor Nathan Juran e de Ray Harryhausen. Foi o primeiro filme do mestre em efeitos especiais com fotografia colorida.


A história, para variar, é simples: tendo deixado para trás uma lâmpada mágica (com um gênio mirim dentro), o feiticeiro Sokurah (Torin Tatcher) força nosso herói (Kerwin Mathews) a retornar a sua ilha. Guardando o recanto, estão um ciclope, o pássaro gigante de duas cabeças e um dragão.


Dos três Simbás (os outros dois são A Viagem Dourada de Simbá (1973) e Simbá e o Olho do Tigre (1977), este é o meu favorito. Por quê? Porque, entre outras coisas, é literalmente conduzido pela excelente trilha sonora de Bernard Hermann (o compositor favorito de Hitchcok), pelo herói (Kerwin Mathews) e pela cena da luta com o esqueleto.



Este último chama a atenção na qualidade do trabalho de stop motion, pelo cuidado com a interação da montagem com o ator real; e que foi aprimorada até Jasão e o Velo de Ouro (Jason and the Argonauts - 1963), outro trabalho de Harryhausen onde, na cena final, os gregos enfrentam não um, mas uma dezena de esqueletos (e, nunca esquecendo, esta seqüência memorável é sempre lembrada quando citado o mestre)!



A obra denota ingenuidade se comparada com outros trabalhos da dupla (Juran e Harryhausen), mas a qualidade da produção sobressalta aos olhos, compensando (e muito) o espírito “George Lucas”, tal qual Jack, o Matador de Gigantes (Jack, the Giant Killer – 1962).

Este comentário pode ser sintetizado da seguinte maneira: pura fantasia. Melhor dizendo: um filme de aventuras clássico. Um produto primoroso dos anos cinquenta que, até o presente momento, não possui um sucessor à altura.




quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

IKIRU (VIVER)


Quatermass




Quando Akira Kurosawa quis realizar esta obra, a idéia básica estava sintetizada da seguinte forma: um homem doente com alguns meses para viver. Ikiru (Viver - 1952) não pretende filosofar sobre a vida, mas questiona o desperdício desta. O filme dá um show, uma incessante seqüência de imagens inesquecíveis com a mesma mensagem.



O Japão americanizado do pós-guerra é o palco para este drama. Kanji Watanabe (Takashi Shimura) era escravo da própria vida que levava. O genial prólogo, co-escrito pelo próprio Kurosawa, cujo narrador desdenha a insuportável rotina de um servidor público que durante trinta anos era exemplo do eficiente marasmo.



Ao saber da existência de um câncer no estômago, larga seus afazeres e passa a redescobrir o que intencionalmente havia deixado de lado. Viúvo, havia se dedicado exclusivamente ao filho (cujo interesse pelo fundo da aposentadoria do pai é maior que qualquer afeto).


Watanabe já estava morto vinte anos antes; o câncer apenas abreviou sua agonia! De início resolve gastar suas economias com os prazeres da vida noturna. Durante a noitada, num momento de melancolia, canta Gôndola Uta, uma canção devastadoramente simples e sem grandes arranjos musicais – nem precisa! Mas é pelo encontro com a jovem Toyo Odagiri, que descobre a face sincera, ingênua e verdadeiramente alegre da vida.




Então com uma nesga de vida que lhe restava desabrochou para a posteridade. Toma uma atitude drástica: servir à população, agir como um agente público/político. Persevera, obstinadamente, contra a inércia da própria administração municipal, pela construção de um pequeno parque – requerido pela associação de moradores. Em reconhecimento, a população presta homenagens post mortem, contra a vontade dos políticos!



A burocracia, ao que parece é pior que a morte: a segunda é inerente à vida, tem um fim; a primeira, também é inerente, porém, eterna! Mas, deixando de lado os aspectos tristemente sombrios, Kurosawa, nos presenteia com um dos mais belos e singelos finais de sua filmografia: a cena dos balanços, mas para curtir e entender seu significado, o expectador precisa mergulhar de cabeça.


Mesmo de curta duração, a vida é para ser percebida, admirada, valorizada, digna; a morte não é triste se nossa passagem tiver um sentido.



sábado, 16 de janeiro de 2010

AVATAR





Quatermass



Avatar (2009), de James Cameron, impressiona, mas não fascina.




Por quê? Porque seus efeitos especiais tendem a hipnotizar o expectador, porém, seu conteúdo é vazio. Uma concha de retalhos: misto de Pocahontas + índios moicanos de três metros de altura com questões ecológicas e militares.




James Cameron, ao longo de sua filmografia, sempre demonstrou ter uma queda por militares - que o diga O Segredo Abismo (1989)! O design das aeronaves segue a linha de O Exterminador do Futuro (1984) e Aliens – O Resgate (1986). Em suma, retirando os efeitos especiais, ‘não existem grandes novidades no front’ (literalmente falando).


Seria como conhecer um ativista ecológico e, após dez minutos, não agüentá-lo mais. Falta texto, faltam diálogos, falta uma idéia “cabeça”, algo que chame a atenção, que intrigue, que cative. Falta um momento inesquecível, um toque de sutileza, melhor dizendo, um toque de gênio.



Apesar de ser uma produção multimilionária, é uma obra extremamente carente: tal é a ausência de qualidades que poderiam abrilhantar o filme. Em suma, falta uma idéia original, nova. E não seria pedir demais, uma vez que se passaram 12 anos desde Titanic e Cameron já trabalhou com bambas como Roger Corman (Os Mercenários das Galáxias – 1980) e John Carpenter (Fuga de Nova York - 1981): especialistas em lidar com criatividade e orçamentos baixos.


Não seria um retrocesso, afinal cinema não vive só de espetáculos grandiosos e esta é a maior pretensão de Avatar (e ao mesmo tempo sua fraqueza): é tão somente um marco tecnológico.


KEN PARKER


Thintosecco




Certa vez, nos tempos da saudosa revistaria Planeta Proibido, ouvi nosso amigo César - hoje conhecido no meio dos trash movies como Coffin Souza - comentar que só iria comprar alguns itens de colecionador (miniaturas de personagens, naves ou algo assim) no dia em que enlouquecesse e viesse a vender sua coleção de quadrinhos do Ken Parker.



Aquilo chamou minha atenção. As histórias do "tal" Ken Parker deveriam ser mesmo boas. E eram mesmo. É até hoje um dos meus personagens favoritos nos quadrinhos.


Ken Parker foi criado pelos italianos Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo, em 1974, inspirados num filme de Sidney Pollack, estrelado por Robert Redford: Jeremiah Johnson, de 1972. Assim como os quadrinhos, o filme também é muito bom. Os dois podem ser conferidos no vídeo que segue.

No mais, fica a sugestão para visitarem o Ken Parker Blog, do Lucas Pimenta, que nos visitou recentemente. Abraços!



quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

PAULO SANTANA E A VIDA FORA DA TERRA

No último domingo (10/01) o jornal Zero Hora, daqui de Porto Alegre, publicou uma das colunas mais interessantes - ao menos do ponto de vista deste blog - do sempre supreendente cronista Paulo Sant'Ana. O tema: "A Vida Fora da Terra", onde cogita da ocasião em que os humanos encontrarem vida inteligente extra-terrestre.

Transcrevo, então, a parte final dessa crônica, que pode ser lida, na íntegra, no blog do Sant'Ana.


"Não haverá dia em que não se fale dessa notícia. E a natural curiosidade de nossa espécie lançará a humanidade à construção de nave espacial capaz de investigar de perto a civilização que conosco concorra.

E, se existir o ser extraterrestre – e todos concordam que ele existe –, será de carne e osso como nós? Se alimentará? Procriará como nós? A água será também, como para nós, vital para sua sobrevivência?

E os terráqueos terão capacidade para corresponder-se com seus remotos vizinhos? E os propósitos dos outros habitantes do Universo, quando depararem com os terráqueos, serão pacíficos ou bélicos?

E será que eles serão de carne e osso como nós ou de material mais resistente?

E habitarão um planeta maior ou menor do que o nosso? E se interessarão, como nós por certo já nos interessamos, por intercâmbio conosco?

O que mais aguça minha imaginação é o grau de desenvolvimento dos seres de outro planeta. Principalmente o desenvolvimento mental.

Uma decepção seria encontrarmos seres com vida animal inferior à nossa. Esses já o temos de sobra na Terra entre os que restaram da nossa destruição.

Serão mortais? Reproduzem-se? Alimentam-se de quê?

Já pensaram no alvoroço que causaria na Terra a notícia de que não somos sozinhos no Universo?

E que compreensão teriam os extraterrestres de questões vitais para nossa filosofia, como a vida, a efemeridade da vida, a eternidade, o reconhecimento de que existe um ímã oculto (ou visível) no Universo, Deus, com quem já mantiveram ou nunca tiveram contato.

E, sobretudo, me instiga a curiosidade saber qual a relação dos extraterrestres com o bem e o mal, se são capazes de destruir, de matar, de serem inóspitos entre suas nações ou povos.

E são capazes de ternura?

E, se já temos consciência de nossa pequenez e insignificância diante do Universo, mais isso se tornará evidente.

Porque no dia em que descobrirmos vida em outro planeta, é certo que concluiremos que existe ou existiu vida em milhões de planetas.

E que a Terra não passa de um grão de poeira entre as estrelas, com o minúsculo e inexpressivo homem a desonrá-lo."


Sant'Ana é colunista do jornal Zero Hora desde 1971. Além de sua coluna diária no jornal, é comentarista da RBS TV e da Rádio Gaúcha, na qual participa do programa de debates Sala de Redação. É um dos membros mais antigos do programa Jornal do Almoço e o único dos pioneiros em atividade. É um dos mais conhecidos e respeitados jornalistas do Rio Grande do Sul. E, o mais importante, é GREMISTA.

domingo, 10 de janeiro de 2010

ALGUMAS PALAVRAS SOBRE AVATAR





Thintosecco



Enfim, assisti - no final de semana passado - a tão esperada produção de James Cameron.



Nos tempos atuais não vou ao cinema com tanta frequência, seja por questão de tempo, dinheiro ou comodismo. Mas decidi que com Avatar seria diferente. Investi numa sessão em 3D e já na fila me percebi com uma expectativa que há muito não sentia. Lembrei dos velhos tempos do Exterminador do Futuro (I e II), de Aliens, o Resgate ou mesmo de O Segredo do Abismo.


Assisti ao filme “vacinado” por alguns comentários que havia lido, que “desceram a lenha” no roteiro. O fato é que, mesmo que o filme não tivesse argumento algum, o ingresso já estaria pago apenas pela parte técnica: o efeito 3D é muito bem feito e a gente se sente realmente próximo dos personagens. O visual do planeta Pandora, todo virtual, é riquíssimo, muito bonito. Nessa parte, a qualidade de Avatar é indiscutível.




Quanto à história, se formos exigentes acabaremos por dizer que é fraca, já que há muitos elementos e seqüências já vistas em outras obras. Mas acho que cabe aqui nos olharmos no espelho e reconhecer que a galera nerd é exigente pacas. Imagine então os mais antigos, que já assistiram centenas de filmes, sem falar em quadrinhos e livros de sci-fi!


Por outro lado, Avatar é uma produção caríssima que precisa se pagar e ainda dar lucro aos produtores. O James Cameron não poderia fazer um filme que fosse sua obra-prima, um clássico da ficção científica, etc. e tal... só para satisfazer a si próprio e mais um grupo limitado de aficcionados do gênero. Para ser viável comercialmente, obviamente teria que fazer muitas concessões, indo na direção da velha fórmula “para agradar a toda a família”. Vêm então os clichês.



Mas nem tudo está perdido: numa produção desse tipo a questão é saber dosar as coisas. Fazer um bom filme, com certa dose de originalidade e conteúdo, que ao mesmo tempo agrade às massas que vão aos cinemas e compram/alugam DVDs. Foi o que fez o Cameron, conseguindo realizar, como nos velhos tempos, mais um bom filme de ficção. Avatar pode não ser todo aquele filmaço que esperávamos, mas está longe de ser descartável. Valeu, James Cameron: Avatar está recomendado.


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