por Quatermass
Já vou avisando ao cinéfilo
incauto: este é um filme de M. Night Shyamalan. Isto significa que, em
princípio, não haverá batalhas estelares de encher os olhos, criaturas asquerosas,
nem sustos descartáveis. Porém, apesar de hábil roteirista, não tem se dado
muito bem ultimamente como diretor.
Gostei de O Sexto Sentido (1999), Corpo Fechado (2000) e Sinais (2002), só que depois de
A Vila (2004) e A Dama na Água (2006),
sua carreira foi por água abaixo! Deu uma recuperada de prestígio dirigindo Fim dos Tempos (2008) e roteirizando Demônio (2010), este último um filme modesto,
de média duração, bem bolado e inteligente: nos conta a história de seis
pessoas presas num elevador; cada uma com sua dose exata de culpa... e o próprio
demônio para castigá-las.
Daí passei a entender melhor este indiano: uma de
suas características também é a de homenagear Hitchcok; e não a única, como
costumeiramente nossa critica costuma redigir. Outra característica: conta
histórias simples e delas tenta, repito, tenta tirar água de pedra.
Não se preocupa em encher os olhos do espectador, ao contrário, ao priorizar o suspense provoca frustração pela falta de ação imediata e histérica. O visual empregado, mesmo os efeitos especiais, procura ser o mais singelo possível (e não me perguntem o porquê); só que ao imitar o genial Francis Ford Coppola em seu Drácula de Bram Stoker (1992), onde os efeitos são discretos e convencionais, é aí que se dá mal!
Não se preocupa em encher os olhos do espectador, ao contrário, ao priorizar o suspense provoca frustração pela falta de ação imediata e histérica. O visual empregado, mesmo os efeitos especiais, procura ser o mais singelo possível (e não me perguntem o porquê); só que ao imitar o genial Francis Ford Coppola em seu Drácula de Bram Stoker (1992), onde os efeitos são discretos e convencionais, é aí que se dá mal!
After Earth ou Depois da Terra (2013) tenta nos dar uma visão ecológica do futuro:
do homem, da Terra e de sua evolutiva biodiversidade. Tenta, pois o visual é
muito menos ousado que Oblivion (2013)
e muito mais clean que Jornada nas Estrelas
- Além da Escuridão (2013), ou seja, não agrada aos mais críticos, nem à massa.
O design de produção chega a chocar se comparado à Prometheus (2012); o interior da nave espacial mais parece um
pacote de fraldas!
E a história, bom, vou contar o início: era uma vez um
planeta chamado Terra que devido a eventos cataclísmicos/hecatombes climáticas
foi por demais inviabilizado pela raça humana e por ela abandonado. O homem
encontrou outro planeta antes inóspito e logo passou a domá-lo. Kitai Raige, um
menino de treze anos (Jaden Smith) prepara-se para a visita de seu pai Cypher Raige (Will Smith).
Ao contrário do filho, sensível,
Cypher é um militar durão. Ambos embarcam numa nave que devido à colisão com
asteroides, acaba por cair no Planeta Terra, agora área de quarentena. Cypher e
Kitai são os únicos sobreviventes, porém o pai quebra a perna e a
responsabilidade repousa agora sobre seu filho a quem cabe ir à busca de um
sinalizador, nos restos da nave em outra parte da floresta. Para tanto deverá
encarar criaturas selvagens que agora habitam o planeta.
O resto não conto, mas
dá para concluir que a história é a de um filho que tenta provar a um pai cético
que já é homem; em suma, sua missão é um ritual de passagem. Apesar do
inusitado do filme contar com pai e filho em papéis fictícios e na vida real,
na verdade a atuação dos dois decepciona: Will Smith está inexpressivo como uma
marionete saída de Thunderbirds e o garoto, de tão ansioso, bobo e pré-adolescente
em excesso, irrita.
Não chega a ser um episódio de Bibo Pai e Bobi Filho, mas Night
Shyamalan peca por criar excessos de anticlímax e flashbacks, numa obra opaca e
por demais convencional, que tinha de tudo para deslumbrar. Mas não surpreende
nem empolga.
E volto a dizer: até o momento, ainda fico com as lembranças de
Jack Harper em Oblivion, o melhor até
agora em 2013. Em Oblivion existe
história, amor, sentimentos, trilha sonora, visual maravilhoso e atores
carismáticos – também pudera, com Morgan Freeman roubando as cenas... Mas o triste é que não foi ainda com este
filme que de Night Shyamalan se levantou; o tombo foi muito feio!
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