por Quatermass
Spartacus (Spartacus – 1960) é um filme bastante peculiar. Posso falar à vontade, pois também assisti a versão para TV de 2004, bastante superior em alguns aspectos.
Por quê, perguntará o nobre internauta? Porque parecem dois filmes fundidos em um!
O primeiro nos conta a história de revolta dos escravos contra seus dominadores romanos no ano de 70 A. C. Iniciada pelos gladiadores, se estendeu do campo para as cidades, alterando uma relação de poder de séculos.
Comandados pelo grego Spartacus (Kirk Douglas) o filme parece bastante convencional, tanto nas tomadas quanto no texto – nem parece dirigido por Stanley Kubrick!
O segundo se passa em Roma, mais precisamente no Senado, onde a disputa pelo poder coloca frente a frente Sempronius Gracchus (Charles Laughton) e Marcus Crassus (Laurence Olivier). Nestas cenas, percebe-se a mão de Kubrick, bem como o roteiro sarcástico, inteligente e ferino de Dalton Trumbo.
Este desequilíbrio pode ser explicado através dos boatos, já que não há uma razão lógica para tal estado de coisas!
O primeiro: de que o ator e também produtor Kirk Douglas quis privilegiar a sua figura central, em detrimento do roteiro ou algo mais inteligente. Segundo: a de que Stanley Kubrick pegou o bonde andando e não pôde trabalhar desde a pré-produção, ao contrário, ficou refém de Kirk Douglas.
O resultado é um filme de altos e baixos, onde por momentos passamos a torcer pelos dominadores, ao invés de sentir empatia pelo escravos. Por quê (de novo)? Porque, justamente Charles Laughton, Laurence Olivier e Peter Ustinov (como o lanista Lentulus Batiatus) fazem misérias diante da tela, arrasando em atuações inesquecíveis.
Uma cena memorável: quando a revolta é esmagada e é noticiada que Varínia (Jean Simmons), a esposa de Spartacus, fora capturada por Crassus, Gracchus seqüestra-a de seu principal desafeto e ordena a Batiatus que suma com ela (simpaticamente falando). Para tanto entrega ao lanista (treinador de gladiadores) um milhão de sestércios. A recebê-lo, Batiatus pergunta: “mas este dinheiro não lhe fará falta?” Resposta do senador: “não me faças rir, sou um senador!”
Mesmo assim, a soma dos fatores ainda resulta favorável, mas uma lição merece ser tirada: mesmo que o ator tenha talento, até como produtor, não deve meter os bedelhos onde não é chamado!
1 comentários:
A história de um homem que não queria ser manipulado!
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