segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

SOLARIS






por Quatermass





Há três maneiras de se conhecer a obra do escritor polonês Stanislaw Lem: pelo livro, pela versão cinematográfica americana e sua contrapartida soviética. Basicamente é ficção científica, mas como em 2001 – Uma Odisséia no Espaço (uma comparação inevitável) aborda a conflituosa questão da existência humana.



PORÉM, diferentemente de Arthur C. Clarke e Stanley Kubrick, o questionamento não se dá através de monólitos e computadores. O conceito de existência é questionado partindo da pessoa, o que a circunda é irrelevante.


 A história básica é a seguinte: um psiquiatra é enviado a uma estação espacial que orbita o planeta Solaris. Nela seus tripulantes enlouqueceram e sua missão é descobrir o porquê. O porquê logo, logo alcança nosso dedicado cientista, uma vez que volta a encontrar sua depressiva esposa... que havia se suicidado faz pouco tempo! De início, rejeita a situação, mas aos poucos aceita o contato, envolvendo-se cada vez mais. Só que a Sra. Suicida encontra diferentes formas de interromper a conversação! 















Agora volto à frase inicial: escolha qual a abordagem. Se seguir o livro, o material é original, dificilmente encontrará releitura de algum roteirista ou a versão definitiva do diretor, que a contragosto modificou por pressão dos produtores. A versão americana (de 2002) é muito americana: o filme poderia se chamar “fast forward”, já que em 99 minutos de exibição o diretor tentará explicar alguma coisa. 



A terceira opção foi a que mais gostei (a de 1972). Andrei Tarkovski é um grande diretor, só que seus filmes seguem o padrão europeu, ou seja, são muuuuuiiiiiiitttttooooo lentos (165 minutos). Já assisti várias vezes em VHS e DVD, e sempre que vejo, tenho vontade de rever daqui a dez anos! BUT, É GENIAL! A abordagem é mais profunda que a de Stanley Kubrick, o início aparentemente sem sentido, carrega a explicação, que óbvio, não se percebe.




Neste filme, as idéias fluem tanto quanto as ações dos personagens. Deve-se captá-las. Nada é por acaso. É preciso ver o meio e o fim. Se em 2001 – Uma Odisséia no Espaço, seu diretor fez questão de mistificar o monólito negro; no filme de Tarkovski o expectador tira suas conclusões sem precisar consultar o oráculo. Não deixa de ser uma co-produção internacional sobre um mesmo conceito: escritor polonês e filmes americano e russo. Nada mal para o mundo Sci-Fi.



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