por Quatermass
John Carpenter é um grande diretor. Não por sempre fazer ótimos filmes, mas quando quer sabe como fazê-los.
Fuga de Nova Iorque (Escape from New York - 1981) é bem diferente de Fuga de Los Angeles (1996) – ambos são do mesmo diretor. A diferença esta em que ele mudou: optou por fazer obras menos sérias e mais caricatas e fim de papo! Se quiser muda de estilo – taí seu talento. Agora filme como Enigma do Outro Mundo é seu atestado definitivo de competência. Misto de ficção e terror, conseguiu uma proeza rara: superou o original The Thing (de 1951), dirigido nada mais nada menos do que Howard Hawks.
A história é semelhante, mas Carpenter enriqueceu a obra de Hawks: há milhões de anos atrás um disco voador caiu na terra. Congelado no Ártico foi descoberto por uma equipe dinamarquesa, que encontraram algo mais: um ser congelado, que ao se libertar do confinamento eterno mata o hospedeiros substituindo-os. Não lembra Vampiro das Almas?
Só que ao contrário deste ultimo (na verdade dois filmes - o de 1956 e o de 1978) o clima de terror, também imposto pela solidão do ártico é muito mais arrebatador. O frio, a noite quase eterna, o isolamento e a distância são elementos que o diretor vai aos poucos divulgando e relembrando, acrescendo o clima já tenso.
Ingressando na base travestido como um Husky Siberiano o alien vai eliminando um a um. Todos são suspeitos, inclusive R. J. MacReady (Kurt Russel). O suspense fica por conta do jogo de esconde-esconde. Os efeitos especiais apenas complementam e não são a razão do filme, ao contrário das produções atuais. No final permanece a dúvida: será que o alien foi eliminado?
Vi há uns dez anos atrás o original de Howard Hawks pela Warner Channel, portanto, conheci a obra pela qual a crítica americana elegeu como um dos melhores filmes de ficção de todos os tempos. Exagero tipicamente ianque: primeiro por ser americano; segundo, por ser mais superficial que a obra de Carpenter. Pra falar a verdade o mérito de Howard Hawks foi o de ser um dos precursores da paranóia alienígena dos anos cinqüenta; o mérito de John Carpenter foi o de ter produzido um releitura digna do grande mestre.
4 comentários:
Esse filme é muito bom quando eu o vi pela primeira vez fiquei surpreso.
Eu era bem moleca quando vi o filme de john carpenter e confesso que me impressionou muito, principalmente a aura claustrofóbica do filme. Muita gente não sabe que o reteiro é baseado no conto de ficção e terror de John W.Campbell Jr., "who Goes There", de 1938, que fala do monstro transmorfo. O filme de Carpenter não deixa a desejar em relação à obra original, ao contrário, nos dá a sensação de medo que o conto sugere. Um remake, acho que de 2010, traz uma mulher como personagem principal e os efeitos de CG são mais assustadores, mas não tem a mesma graça.
Obrigado, Daniela. Boas dicas.
Apareça.
A propósito, este filme está atualmente disponível na Netflix.
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