BANCANDO A AMA-SECA

por Quatermass

Já falei muito sobre dinossauros, ficção científica, diretores e atores, mas ainda há outros tantos a serem lembrados.



Jerry Lewis é um grande nome da comédia, apesar de ter vivenciado diferentes fases em sua carreira: caricata no início, genial no meio e decadente no fim.


Um dos fatores que determinaram este ciclo foi a capacidade dos diretores de explorarem todo o seu potencial. Justamente seus filmes menos engraçados são aqueles dirigidos pelo próprio Lewis: é como se não fosse capaz de se situar na história ou em definir que tipo de filme atuar.


Em Bancando a Ama-Seca (Rock-a-Bye Baby – 1958) já se encontra na fase intermediária, sem seu parceiro Dean Martin, porém sob a batuta de seu mais competente e inteligente diretor: Frank Tashlin.

A história é simples – um dos segredos do sucesso de qualquer filme: Clayton Poole (Lewis) antigo namorado de uma grande atriz de Hollywood, Carla Naples (Marilyn Maxwell), recebe uma incumbência: criar em segredo os trigêmeos de sua ex. Atualmente namora Sandy (Connie Stevens), irmã ciumenta de Carla e é um faz-tudo em uma pequena, porém típica cidadezinha americana dos anos cinqüenta.




O diretor aproveita este filme para fazer um retrato da América dos fifties: a ascensão da televisão e sua influência na vida das pessoas (a dona da pensão de Poole, que não desgruda da TV e com a mesa cheia de produtos, aguardando o momento do comercial para consumi-los).

E é neste filme que se pode registrar uma das últimas aparições de um Jerry Lewis genuinamente puro e inocente. A cena em que se esconde do pai de sua namorada, Papa Naples (Salvatore Baccaloni), e dentro do fundo vazio de um aparelho de TV apresentar o “Cigarro Soberbo, sem nicotina nem alcatrão, somente filtro” é genial!



O filme mescla muitos temas: paixão, fidelidade, dedicação, amor, sacrifício, Hollywood, capitalismo selvagem e way-of-life.


Na verdade, é muito mais complexo do que aparenta e ao mesmo tempo simpático, cru, terno e divertido. Não é nada fácil fazer uma obra assim, mesmo hoje em dia!