Um dos fenômenos verificados no Brasil dos anos setenta foi que as bandas, cantores e canções surgiam, faziam sucesso e desapareciam com a mesma rapidez e ainda assim permaneceram eternizadas.
Vento Negro e os Almôndegas são indissociáveis. Ambos deixaram saudades. Volta e meia me deparo com a mesma situação: só venho a apreciar determinada música/banda/cantor quando deixam de existir. Só que Vento Negro já conhecia e gostava na época.
Para quem não conhece ou recorda, explico: no início dos anos setenta uma trupe musical chamada os Almôndegas se formou no Rio Grande do Sul. Não era um prato da culinária, mas se apreciava igual. Estourou com Vento Negro, uma bela canção. Bela mesmo: a letra, composta por Fogaça, era etérea, romântica, universal e pujante. A melodia seguia os passos da letra: lembrava um campeiro cantando ao léu a quem quisesse ouvir. Eu só fui conhecer os Almôndegas lá pelos dez anos de idade, quando assistia a abertura de um programa de variedades chamado Portovisão, da saudosa TV Difusora (atual Bandeirantes). Lá estava Vento Negro, lá estava minha música gaudéria preferida.
Os Almôndegas fizeram sucesso aqui no Sul, estouraram nacionalmente e meteoricamente acabaram. Nem deu tempo da gauchada se orgulhar e só os mais de quarenta ainda se lembram! Fui à luta: tentei ir atrás das músicas do grupo (dos cinco LPs lançados), mas a busca foi difícil.
Nos anos oitenta foi mais fácil fechar minha coleção do Jethro Tull, uma banda de rock progressivo inglês, do que encontrar um LP dos Almôndegas. Simplesmente não achava. Desisti! Então, na virada do milênio, voltaram as recordações do Fogaça, Kleiton, Kledir & cia e, via Internet, encontrei: letras, músicas, comentários, referências, tudo!
Quanto à Vento Negro, recomendo! São estas pequenas lembranças que enchem nossas vidas de alegria. Atente para a letra e saberão do que estou falando!
Vento Negro
Composição: José Alberto Fogaça
Vento Negro gente eu sou
Onde a terra terminar
Vento negro eu sou
Quem me ouve vai contar
Quero luta, guerra não
Erguer bandeira sem matar
Vento Negro é furacão
Tua vida o tempo
A trilha o sol
Um vento forte se erguerá
Arrastando o que houver no chão
Vento negro, campo afora
Vai correr
Quem vai embora tem que saber
É viração
Dos montes, vales que venci
No coração da mata virgem
Meu canto, eu sei, há de se ouvir
Em todo o meu país
Não creio em paz sem divisão
De tanto amor que eu espalhei
Em cada céu em cada chão
Minha alma lá deixei
E, se tu gostaste da foto do pago, lá em riba, saiba que o fotógrafo se chama Mário Afonso, que tem uma galeria no Flickr.
2 comentários:
Resolvi voltar a esta postagem e colocar um vídeo - está cada vez mais complicado postar MP3 direto no blog - e esse clipe é o que mais se aproxima da versão original. A gravação é pirata e a imagem, péssima. Mas música é para se ouvir, ora essa! E o 4shared segue funcionando. Sobre o vídeo: " Show de Kleiton e Kledir gravado no Teatro Guarany. Com a presença de Quico Castro Neves, Vitor Ramir, Zé Flavio." Valeu.
Pôxa, cara... nem ia comentar nada hoje, pois é tarde já e eu tô pregado, mas qüando vi esse post, fui obrigado a parar... e que belo post!
Acontece que comigo foi o caminho comum mesmo... eu não conseguia apreciar esta canção antes, mas vim a descobrí-la depois... por que? E vai saber...? Penso que se hoje sou meio avesso à coisas muito ''populares'', qüando eu era mais novo certamente que era bem pior! Além do que, lembro de já observar certa bizarrices comuns à popularização referente ao temo dos Almôndegas... a gurizada da minha escola, por exemplo, a martelava insistentemente, e não foram poucas as vezes que esta melodia serviu de base p'ra paródias sem o mínimo critério, ou até campanhas eleitorais!...
...Esse tipo de coisa sempre me perturbou, acabei criando uma certa antipatia meio que involuntária desta música...
...Sei o qüanto soa absurdo, mas é verdade, hehehe... acontece que precisei re-descobrí-la eu mesmo, em grande parte nos meus primeiros atraques com o velho parceiro violão, me dando conta por fim da simplicidade e profundidade que deveria ter uma boa canção...
...mas o mais curioso mesmo foi um ocorrido neste domingo passado...
...voltava eu p'ra casa, horas avançadas já, e me deparo com um barzito aberto ainda, coisa rara por esses lados...estava rolando um som ao vivo, velhos violeiros se juntavam p'ra tomar um trago e afugentar as horas relembrado sucessos de outrora...
...porém, o repertório desta heróica gambazada era aquela coisa mais voltada justamente ao popular, com uma desconfortável tendência ao samba(perdão, pero no me gusta)... entremeavam na seqüência, Teixeirinha, Gildo, Tonico e Tinoco, Trio Parada Dura,alguma do The Fevers, e Zeca Pagodinho, hehehe...
...mas uma música me chamou a atenção realmente, por inusitada, me fazendo ir até o palquito improvisado e reforçar o ébrio coro no refrão...
...Não perciso dizer qüal era, né paesano?
Já havia reparado antes na habilidade de alguns dos que estavam ali, borrachos e ainda beliscando bordonas e primas como se num sério combate estivessem... hehehe, e não pude deixar de cumprimentá-los después...
Velho, vou aproveitar a olada e fazer este convite, já que é o post mais oportuno p'ra isso que eu encontrei até agora...:
A galera lá do blog e eu criamos um novo espaço, um Fórum, que sob o pretexto de abrir lugar p'ra todos os assuntos, nos possibilitou também saciar uma antiga sede, a de divulgar e compartilhar coisas acerca deste universo único que é o da nossa pampa sulina...
...Então era isso... temos jogado por lá as coisas mais diversas que conseguimos campear por aí, causos, poesias, livros, música, o que for... e convidamos vocês daqui d'O Planeta É Nosso p'ra darem seu pitaco lá, sugerindo, criticando (quem sabe postando? hehehe)...
...mas, principalmete, que possam apreciar algo do que mostramos ali...
...Feito, seu Thintto Secco? Hehehe, acho que me estendi de novo... mas esperamos vocês por lá, se quiserem aparecer...
www.agoraerock.forumeiros.com
...e fica minha dívida de vir aqui después, masi cedo, hehe, e apreciar os posts com a atenção que merecem...!
Fuerte abrazo, paesano!
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