Atendendo a um chamado de socorro, a Enterprise segue para a estação espacial Regula I. A meio caminho depara-se com outra astronave da Federação, a Reliant. Aproximando-se uma da outra, Kirk, fica intrigado com sua presença e o silêncio nas comunicações e ordena a seu Oficial de Ciências escaneá-la.
Não sabe ele que a Reliant fora capturada por seu arqui-inimigo, Khan Noonien Singh, e que pretende agora ir à desforra pelos quinze anos que ficara desterrado em um planeta distante (baseado no episódio Sementes do Espaço, de 1967). Na ponte da Reliant, Khan (magistralmente interpretado por Ricardo Montalban) deleita-se diante da tela principal, contemplando a nave de seu principal desafeto. Não esconde a satisfação de dar-lhe o troco.
Segue então o diálogo com seu braço direito Joachim Weiss (Judson Earney Scott). WEISS: “Requerem comunicação senhor! KHAN: Que comam estática! WEISS: “Seus escudos continuam abaixados! KHAN: É claro! Somos uma grande frota feliz! Ah, Kirk, meu velho amigo! Você conhece o provérbio Klingon que diz que a vingança é um prato que se come frio? E é muito frio... no espaço!”
Este é um dos exemplos do porquê de Jornada nas Estrelas II – A Ira de Khan (1982) ser o melhor filme dos dez longas produzidos. Dirigido e escrito por Nicholas Meyer, o roteiro dá um show em ironias e sarcasmo. Este diretor também escreveu e dirigiu Um Século em 43 Minutos (Time After Time - 1979) e Jornada nas Estrelas VI – A Terra Desconhecida (1991), o segundo melhor da série e, indiscutivelmente, com um dos melhores vilões já criados, o famigerado General Chang (atuação excepcional de Christopher Plummer).
Mas o que chama a atenção (e o objetivo deste post) não é o filme ou os filmes de Nicholas Meyer (cujo trabalho será comentado num futuro não muito distante), e sim o ditado que escreveu e que pegou. Este saiu do universo Klingon e foi parar no cotidiano. Até em Kill Bill consta, mais por homenagem de Quentin Tarantino que, por sinal, de tanto fazer homenagens, um dia também deve ser lembrado!
Analisando objetivamente o provérbio é de se questionar a validade de se manter por tanto tempo tanta raiva, tanto rancor, a menos que esta seja a única razão de viver. Mensagens, pensamentos e idéias assim destrutivas são perigosamente vazias, pois invocam também à resignação, a permanência num plano inferior, a não superação. Prefiro ignorar a mesquinharia, deixando-a para seus titulares e dedicar atenção aos filhos. Mas não confunda com descuido nem leviandade.
Manter distância não significa covardia e sim o de colocar cada pessoa no seu devido lugar. Não sou altruísta nem hipócrita, todos nós já fomos, somos ou seremos Khan um dia, nem que seja num breve surto. A questão é saber quais são os limites.
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