por Quatermass
Uma Batalha no Inferno (Battle of the Bulge – 1965) é o meu filme de guerra favorito. Nada de mais. Baseia-se num fato real: a Batalha das Ardenas, ocorrida na Bélgica em fins de 1944, entre alemães e americanos. Ponto final. Acabam aí as semelhanças. Digo em tom de ironia, por que adoro o filme: possui ótimos atores e roteiro/direção non-sense.
Robert Shaw interpreta o comandante alemão que lidera a ofensiva, o coronel Martin Hessler; do outro lado, Henry Fonda, na pele do tenente-coronel Daniel Kiley. São homens que não possuem hierarquia militar de destaque, mas decidirão a batalha. São astutos e convictos. Henry Fonda interpreta seu papel preferido: o homem certo, no lugar certo, fazendo a coisa certa.
Mas os coadjuvantes também se sobressaem, em especial dois: Telly Savallas, como sargento Guffy e Hans Christian Blech, como o velho cabo Conrad, ordenança de Hessler. Ambos conferem humanidade ao filme, o primeiro, por envolver-se diretamente no combate e sentir na pele seus efeitos; o segundo, amargurado diante da perspectiva de uma guerra sem fim.
Assisti pela primeira vez em 1975, sei disto porque minha mãe não perdia um único capítulo de Gabriela, então novela das dez da Rede Globo. Como nos fins de semana o meu velho liberava a tv até a madrugada (não havia outro jeito, senão assistia igual), acompanhava com ela a novela para então ver se passaria alguma propaganda interessante após. E passou! Não me lembro mais se era Sessão de Gala, Corujão ou o quê, mas era sexta-feira e num dos intervalos veio o chamado de um filme de guerra que passaria após o telejornal. Nele tinha imagens de soldados, violência, etc, e uma quantidade de tanques que nunca havia visto até então! Tá programado! É este o filme! Vamos aguardar! E lá pela uma da manhã iniciou a sessão.
Robert Shaw está impagável no papel do oficial alemão, mas o filme é longo, iniciando em meio a neve e terminando num campo de batalha em pleno deserto! Incrível! Arranjaram um deserto na Bélgica (na verdade filmado na Espanha, com ares de deserto californiano, mas tudo bem)! Até isto se perdoa no filme, porque nunca mais me esqueci de uma marchinha que os alemães cantavam lá pelos primeiros trinta minutos. Não era uma marchinha nazista, nem faço apologia ao nazismo ou tenho literatura nazista e coisas do gênero. Mas a música é inesquecível: é a Panzerlied, composta por um cabo do exército alemão em 1933. Nunca foi popular na Wehrmacht durante a guerra, mas os americanos a tornaram!
Digo isto porque quarenta e dois anos depois, ela é executada de tudo quanto é jeito em vários sites de militaria e encontrada nos de história, inclusive no Wikipedia.
Os americanos é claro, vencem a batalha, como em 1945, outra semelhança. Mas a capacidade da América de fazer deste gênero de filme como se cowboys estivessem enfrentando índios é prodigiosa. Eis o segredo dos filmes de guerra americanos: não podem ser levados à sério, por isso são tão bons!
2 comentários:
Adoro esse filme e destaco também a participação de Charles Bronson no elenco! Abraço!
Um belo filme de guerra. Para poucos que sabem apreciar uma boa produção de cinema.
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