Gosto muito de dizer que apesar de meus quarenta anos, tenho alma de quinze ou menos. Em parte é verdade. Mas criança é criança e já não sou mais. Meu filho de três anos é mais esperto e feliz, pois eu de tanto tomar na cabeça, questiono seriamente o que é ser adolescente e adulto.
O dia 16 de maio de 2008 não é uma data especial: não morreu Kennedy, Luther King, nem Tancredo. Neste dia faleceu uma cadela pastor alemão de dez anos. A minha. Pastor alemão é uma raça engraçada: todo mundo na vizinhança sabe aonde tem um, pois é um dos bichos mais barulhentos e espalhafatosos que existe. Simplesmente não sabe o que é discrição. Como uma charanga velha, a gente acostuma e vai vivendo. Mas tudo acaba um dia e chegou a vez dela: logo de manhã estava mais abatida que o normal. Já estava por terminar o estrago de um tumor. Despedi-me da bicha e fui trabalhar. Pelo meio da manhã, a notícia: ela se foi! Voltei para casa ao meio dia para tratar da remoção, com a ingênua idéia de fazê-lo sem que meu filho caçula presenciasse. Mas ele já estava lá. Aproximei-me com ele da cachorra e me perguntou: pai, por que ela não acorda? Infantilmente respondi: por que agora ela vai pro céu! Ao invés do choro, meu filho sorriu. Saiu então com sua mãe e aguardei virem buscar meu bichinho. Chegaram, ensacaram e levaram para cremação. Adeus velha amiguinha! Não chorei, afinal era adulto.
À noite, fui para o pátio e meu filho me acompanhou. Olhei em volta e senti o vazio, a sensação da perda e um par de olhos mareados. Ele sorria! Com toda a minha vivência não entendi sua emoção (exceto a minha, estúpida). Foi quando novamente me perguntou: pai, onde está a Bruna? Num lapso respondi: não sei! E insistiu: eu sei, está lá em cima! Ela é uma estrelinha agora (e apontou)! Qual delas será? Então não me segurei e chorei!
2 comentários:
Eu tenho três cachorrinhas que são as donas da minha casa. Quando elas ficam doentes, vem a preocupação que muda as rotinas minha e da minha esposa. Sinto muito pela perda. Só quem tem para ter idéia da intensidade da perda.
Gostei do blog, parabéns, decerto voltarei, José
Postar um comentário