OS NORMAIS

por Quatermass

Será anormal falar sobre Os Normais? Considero uma das melhores séries cômicas que a Globo já produziu! Felizmente a Globo também realizou algo inédito nestas terras tupiniquins: lançou TODOS os episódios em DVD. Não é deboche! É um fato raro! Os demais seriados, pelo menos até o momento, só saíram com as benditos “melhores momentos”. Escolhidos por quem? Mas voltando aos Normais, merece o registro: não há como não se identificar com o Rui (Luiz Fernando Guimarães) e a Vani (Fernanda Torres). São simpáticos, neuróticos, esquisitos, maníacos, cínicos, cômicos, excessivamente francos, inocentes, escatológicos, maliciosos e com tendências a falarem sozinhos! Representam o non-sense com uma pitada de razão. O problema de quem assiste é quando a empatia é muito forte e identificação não se restringe a um aspecto! A série apresentava todas as neuras de um casal, principalmente da ação do meio sobre o indivíduo: sogros, primos, vizinhos, amigos, colegas de trabalho, patrões, ex-namorados. As cenas de sexo não chocavam porque eram naturais, vindas de um casal histriônico. No entanto, denotava mais a amizade entre os dois protagonistas do que relação amorosa (talvez por já haver presenciado casais aparentemente românticos menos amigos que os dois). Mesmo constando nos roteiros que um ficava no apê do outro, o quarto, o banheiro, a sala, a cozinha, mais pareciam de um casal que morava junto, pelas constantes brigas do “meu“ e o “teu”. Fica a dúvida o que vem antes: o amor ou a amizade (o ovo ou a galinha)?

Volto a dizer, não é deboche, ao contrário, é um casal não convencional: mais parece uma dupla de amigos de gostam de transar – e considero menos dúbio que uma relação de paixão avassaladora. Mesmo com o humor, denotava-se um respeito mais profundo que o de uma relação amorosa (não havia o cinismo tipo “desculpa meu amor” com direito a beijos e juras de amor) – era mais cru, direto, sincero e com direito a vingança. Após três temporadas os autores Alexandre Machado e Fernanda Young resolveram encerrar, para evitar desgaste. Este fenômeno é raro, geralmente se verifica o contrário, quando a emissora retira do ar o programa quando não puxa audiência. Mas tal como a Rebordosa do Angeli, que assassinou sua criação, também deixam saudades.