Os cinemas de bairro de POA acabaram faz mais de dez anos. Um por um foram fechando as portas. Foi um processo lento e agonizante. Uns dizem que foi pela localização, permitindo o achaque de marginais e pedintes de toda ordem; outros, pela segurança, conforto, a facilidade de guardar o carro em estacionamentos amplos e equipamento de projeção de melhor qualidade dos cines dentro de shopping centers; e poucos, pela incompetência de seus administradores. O fato é: acabaram! Acredito que há um fundo de verdade; mais, que seja um pouco de tudo o que fora dito acima!
A outrora adversária televisão não foi a culpada, senão também teriam desaparecido as salas dos shoppings. Logo, simploriamente falando, a culpa são dos bairros, que não se adaptaram em acomodar e manter seus cinemas. Barzinho e cinema de bairro sempre foram sinônimos de entretenimento, garotada, zoeira e alegria. Tempos atrás comentei acerca do Cine Bristol (1970-2000), anexo ao Cinema Baltimore (1931-2000) que hoje não passam de um imenso (e ironicamente útil) estacionamento.
Mas por trás de cada cinema existiam boatos, mitos e lendas. Alguns muito antes de nascer; e outros, mais recentes e divertidos, fui comprovar. Por exemplo: havia um boato de que o Cine Bristol era infestado de pulgas. Sempre vi filmes em seus ciclos de exibição e nunca vi alguém se coçar, nem mesmo eu!
Outro: a de que o Cine Ritz (1948-1993), próximo a minha casa, tinha morcegos no teto e que saiam em revoada durante as exibições.
Realmente o Ritz possuía um teto alto, com mezanino, mas ninguém parou de ver filmes para assistir revoada alguma, sequer a do Batman! Diziam ainda que no Cine Scala (1970-1994), acima do Cinema Cacique (1957-1994), estaria para desabar a qualquer momento pelo peso dos espectadores. Posso dizer com certeza que não desabou! Sempre fui gordinho e o assoalho agüentou firme!
Cada geração tinha seus comentários daquelas casas sem os hoje modernos equipamentos de projeção e segurança das novas salas de exibição. Destas não se ouvem falar, exceto de que são monotonamente assépticas e organizadas. Faltam referências que no futuro se refletirão na seguinte frase: “Certa vez fui ver um filme numa daquelas salas de shopping center. Só não lembro se foi na 1, 2, 3, 4, 5 ou 6, pois eram todas iguais!”
Identificando as fotos: 1ª - Cine Capitólio; 2ª - Prédio onde funcionava o Cine Ritz; 3ª - Detalhe da fachada do Cine Astor. No vídeo, documentário sobre a chegada dos cinemas multiplex à cidade de Goiânia. (Thintosecco)
3 comentários:
Mas nos últimos tempos do Cacique realmente haviam pulgas! Uma lástima a maneira como acabaram os nossos cinemas de rua (ou de calçada, como dizem alguns). O último a fechar as portas foi o Imperial, ali na Praça da Alfândega, onde cheguei a assistir uns dois ou três filmes já nos anos 2000 - era bem mais baratinho que nos Shoppings - mas era muito triste de ver um cinema que foi maravilhoso no passado naquele estado de decadência.
Tenho saudade de todos eles, sendo um pouco mais do Astor, que ficava a umas três quadras da minha casa e onde vi alguns dos melhores filmes dos anos 80 - apesar que na segunda metade dos 80 fizeram uma reforma infeliz lá, que inclusive o deixou mal-cheiroso. Num passado mais distante chamava-se Cine Orfeu, onde minha avó materna chegou a assistir filmes mudos, quando um pianista ao vivo fazia a trilha sonora. Hoje restou apenas a fachada do Astor, isso porque tombada pelo patrimônio histórico.
Boa postagem, prof.!
Que saudaes daqueles tempos...
Vi Alien, o Oitavo Passageiro no Astor (que tinha, na minha opinião, o melhor som de cinema de Porto Alegre).Porém é importante não esquecer do ABC (na Venâncio) e suas sessões da Meia Noite (que também rolavam no Bristol, onde vi Star Wars) e do Capitólio (Blade Runner foi lá que vi pela prinmeira de 14!!! vezes)...
O Astor tinha mesmo um som bom! Tanto que geralmente eu reclamava das outras salas nesse ponto. Também vi Blade Runner no Capitólio! Outros cines que deixaram saudades: Coral e Vitória, onde também vi bons filmes.
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