sexta-feira, 12 de setembro de 2008

MITOS E LENDAS DOS CINEMAS DE BAIRRO DE PORTO ALEGRE


por Quatermass



Os cinemas de bairro de POA acabaram faz mais de dez anos. Um por um foram fechando as portas. Foi um processo lento e agonizante. Uns dizem que foi pela localização, permitindo o achaque de marginais e pedintes de toda ordem; outros, pela segurança, conforto, a facilidade de guardar o carro em estacionamentos amplos e equipamento de projeção de melhor qualidade dos cines dentro de shopping centers; e poucos, pela incompetência de seus administradores. O fato é: acabaram! Acredito que há um fundo de verdade; mais, que seja um pouco de tudo o que fora dito acima!


A outrora adversária televisão não foi a culpada, senão também teriam desaparecido as salas dos shoppings. Logo, simploriamente falando, a culpa são dos bairros, que não se adaptaram em acomodar e manter seus cinemas. Barzinho e cinema de bairro sempre foram sinônimos de entretenimento, garotada, zoeira e alegria. Tempos atrás comentei acerca do Cine Bristol (1970-2000), anexo ao Cinema Baltimore (1931-2000) que hoje não passam de um imenso (e ironicamente útil) estacionamento.


Mas por trás de cada cinema existiam boatos, mitos e lendas. Alguns muito antes de nascer; e outros, mais recentes e divertidos, fui comprovar. Por exemplo: havia um boato de que o Cine Bristol era infestado de pulgas. Sempre vi filmes em seus ciclos de exibição e nunca vi alguém se coçar, nem mesmo eu!




Outro: a de que o Cine Ritz (1948-1993), próximo a minha casa, tinha morcegos no teto e que saiam em revoada durante as exibições.


Realmente o Ritz possuía um teto alto, com mezanino, mas ninguém parou de ver filmes para assistir revoada alguma, sequer a do Batman! Diziam ainda que no Cine Scala (1970-1994), acima do Cinema Cacique (1957-1994), estaria para desabar a qualquer momento pelo peso dos espectadores. Posso dizer com certeza que não desabou! Sempre fui gordinho e o assoalho agüentou firme!




Cada geração tinha seus comentários daquelas casas sem os hoje modernos equipamentos de projeção e segurança das novas salas de exibição. Destas não se ouvem falar, exceto de que são monotonamente assépticas e organizadas. Faltam referências que no futuro se refletirão na seguinte frase: “Certa vez fui ver um filme numa daquelas salas de shopping center. Só não lembro se foi na 1, 2, 3, 4, 5 ou 6, pois eram todas iguais!”



Identificando as fotos: 1ª - Cine Capitólio; 2ª - Prédio onde funcionava o Cine Ritz; 3ª - Detalhe da fachada do Cine Astor. No vídeo, documentário sobre a chegada dos cinemas multiplex à cidade de Goiânia. (Thintosecco)



3 comentários:

Taiguara disse...

Mas nos últimos tempos do Cacique realmente haviam pulgas! Uma lástima a maneira como acabaram os nossos cinemas de rua (ou de calçada, como dizem alguns). O último a fechar as portas foi o Imperial, ali na Praça da Alfândega, onde cheguei a assistir uns dois ou três filmes já nos anos 2000 - era bem mais baratinho que nos Shoppings - mas era muito triste de ver um cinema que foi maravilhoso no passado naquele estado de decadência.

Tenho saudade de todos eles, sendo um pouco mais do Astor, que ficava a umas três quadras da minha casa e onde vi alguns dos melhores filmes dos anos 80 - apesar que na segunda metade dos 80 fizeram uma reforma infeliz lá, que inclusive o deixou mal-cheiroso. Num passado mais distante chamava-se Cine Orfeu, onde minha avó materna chegou a assistir filmes mudos, quando um pianista ao vivo fazia a trilha sonora. Hoje restou apenas a fachada do Astor, isso porque tombada pelo patrimônio histórico.

Boa postagem, prof.!

Anônimo disse...

Que saudaes daqueles tempos...
Vi Alien, o Oitavo Passageiro no Astor (que tinha, na minha opinião, o melhor som de cinema de Porto Alegre).Porém é importante não esquecer do ABC (na Venâncio) e suas sessões da Meia Noite (que também rolavam no Bristol, onde vi Star Wars) e do Capitólio (Blade Runner foi lá que vi pela prinmeira de 14!!! vezes)...

Taiguara disse...

O Astor tinha mesmo um som bom! Tanto que geralmente eu reclamava das outras salas nesse ponto. Também vi Blade Runner no Capitólio! Outros cines que deixaram saudades: Coral e Vitória, onde também vi bons filmes.

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