por Quatermass
Não foi desta vez que Hollywood nos brinda com uma sequência à altura de Robocop (1987). O Robocop (2014) do brasileiro José Padilha não passou de uma
releitura estranha e fútil do ciborg de Paul Verhoeven. O filme é no mínimo estranho.
Ao contrário de Tropa de Elite, o diretor José Padilha se sentiu numa ‘terra incognita’. Pior: não seguiu os
passos do diretor holandês e assim cometeu uma série de equívocos.
Paul Verhoeven
sempre soube dosar violência com uma história bem contada. Os excessos sempre
são maquiados graças à dinâmica narrativa. Em Robocop presenteou-nos com uma
mídia informativa envolvente, boba, engraçada, com ares de seriedade, tal qual o
Jornal Nacional. Em Starship Troopers
(1997), a propaganda de guerra quebrava a monótona rotina militar e suas
batalhas sem fim. Com isto inteligentemente quebrava, por vezes, a inércia ou
excesso de testosterona, impondo em seguida um ritmo diferente. Como resultado
prendia a atenção do espectador até o previsível fim.
O primeiro Robocop era um filme extremamente
equilibrado: por vezes assistíamos noticiários, o ritual de passagem de Alex
Murphy, os tiroteios e os vilões. O mix continuo gerava a fórmula de sucesso. A
questão familiar foi inteligentemente reduzida, para não comprometer a dosagem.
Infelizmente os sucessores não entenderam seu ‘modus operandi’ e assim passaram a dar tiros ao léu.
O Robocop 2 (1990) de Irwin Kerschner
imitou o noticiário anterior sem brilho; colocou o herói deslocado ao lado de
um delinquente infanto-juvenil, que no meio da película é executado pelo
malfeitor Cain, que por sua vez, tem seus miolos esmagados, num close
absurdamente desnecessário (para falar a verdade, mais parecia a intenção do
diretor em fazer o mesmo com o cérebro do cinéfilo). Resumindo: por demais
apelativo, de mau gosto e sem graça.
O terceiro filme (1993) teve a distinção
de dar asas ao policial Murphy, voando em meio ao nada, de forma tão espontânea,
patética e original quanto uma mula pintada de zebra num circo de periferia. E
depois vieram as tentativas de ressuscitar o moribundo através de seriados que
não colaram e por fim o tão esperado filme de José Padilha. Toda a vez que se
gera uma expectativa dá nisso: decepção!
Mudar das favelas do Rio de Janeiro
para Detroit exige uma necessária aclimatação. Padilha esqueceu disso: a
polícia americana não é o BOPE. Da
esperta dosagem entre ação, drama e ficção, José Padilha também esqueceu. Mais
que isso, fez o oposto de Verhoeven: acresceu o drama familiar, tornando o
filme insuportavelmente arrastado. Por vezes o cinéfilo pergunta: isso é tudo?
Não há mais nada? Como se não bastasse, reduziu desnecessariamente a bela
trilha de Basil Poledouris numa marchinha besta no início e enfiou goela abaixo
uma trilha sem sentido até o final.
Por instantes, a ótima atuação de Gary
Oldman até nos faz esquecer que estamos assistindo um filme medíocre, mas
sozinho não dá conta do resto! Agora, o ‘gran
finale’: o tratamento da mídia. Padilha se superou: nunca vi Samuel Jackson
tão afetado, ridículo e inconsequente como o apresentador Pat Kovac. A abertura
trata da invasão de Teerã pelos Estados Unidos na ‘Operation Tehran Freedom’!!!!!!! E o resto do país? Provavelmente
com os persas!
Ao final xinga histericamente os políticos e posa ao lado de uma bandeira americana. Só
a descrição já bastaria para ser Caesar Flickerman, o chefe de cerimônias de Jogos Vorazes. Em suma José Padilha
errou feio: não diz a que veio e o porquê da palhaçada. Achou que faria igual
ou melhor que Paul Verhoeven sem ao menos entendê-lo. Como também não entendeu Robocop.
Disso tudo só restou a seguinte
interpretação: na verdade não fez o filme pensando no homônimo dos anos
oitenta, mas no dos anos noventa. Já pensou? Um brasileiro homenageando os
saudosos ‘Mamonas Assassinas’ e seu Robocop? Segue a letra abaixo e veja se
não há semelhança!
Robocop Gay
Um tanto quanto másculo
Ai, com M maiúsculo
Vejam só os meus músculos
Que com amor cultivei
Minha pistola é de plástico
Em formato cilíndrico
Sempre me chamam de cínico
Mas o porquê eu não sei
O meu bumbum era flácido
Mas esse assunto é tão místico
Devido a um ato cirúrgico
Hoje eu me transformei
O meu andar é erótico
Com movimentos atômicos
Sou um amante robótico
Com direito a replay
Um ser humano fantástico
Com poderes titânicos
Foi um moreno simpático
Por quem me apaixonei
E hoje estou tão eufórico
Com mil pedaços biônicos
Ontem eu era católico
Ai, hoje eu sou um Gay!
Abra sua mente
Gay também é gente
Baiano fala "oxente"
E come vatapá
Você pode ser gótico
Ser punk ou skinhead
Tem gay que é Mohamed
Tentando camuflar
Alá, meu bom Alá
Faça bem a barba
Arranque seu bigode
Gaúcho também pode
Não tem que disfarçar
Faça uma plástica
Aí entre na ginástica
Boneca cibernética
Um robocop gay
Um robocop gay
Um robocop gay
Ai, eu sei, eu sei
Meu robocop gay
Ai como dói!
1 comentários:
Padilha é outro comuistinha de merda, como poderia fazer esse filme??
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