quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

MICRO SISTEMAS



por Thintosecco



Os anos 80 foram um tempo de experiências, descobrimentos e amizades. Meus primeiros contatos com a informática foram lá pelos idos de 1983, ocasião em que tive a oportunidade de conhecer um “magnífico” TK-82C.



Magnífica na verdade precisava ser a paciência do usuário. Aquela máquina dispunha de ínfimos 2Kb de memória RAM e o carregamento dos programas no sistema era extraordinariamente lento: ou estavam gravados em fitas cassete que levavam de cinco a dez minutos para leitura, ou pior: deveriam ser digitados, comando por comando, diretamente pelo usuário.


Mesmo assim, quando um saudoso amigo - o Roger - me emprestou uma dessas máquinas por alguns dias, foi simplesmente o máximo que um jovem nerd da época poderia desejar.




A seguir vieram os vídeo-games (Atari e Odissey) e “dei um tempo” para os computadores. Mas retornei alguns anos depois, já com objetivos profissionais. Começando de baixo, ingressei num curso de digitação da – até então - respeitada escola Data Control, em Porto Alegre.


O mais importante daquele curso foi a início de uma grande amizade, já que foi então que conheci o Luciano, que os leitores deste blog conhecem como MrOx. Desde logo descobrimos uma afinidade: os games, é claro.




Criamos uma rotina: nossas aulas na Data Control sempre terminavam com uma ida a um fliperama. Dá-lhe jogar Cabal! E Elevator Action, Galaga e outras fissuras da época. Mas naquela nossa "terapia", discutíamos sobre tudo: computadores, carros, filmes, gatas e projetos para o futuro.


É verdade que o tempo demostrou a inviabilidade de alguns sonhos. Mas também é verídico que vários desejos, com trabalho e dedicação, amadureceram e chegaram à realidade. Que o diga meu colega, hoje formado em ciências da computação, e gerenciando seu próprio negócio.

Quanto a mim, segui outra área, mas consegui o empreso estável que procurava, uso computador direto no trabalho, e, quando possível, toco O Planeta é Nosso!




Sabem, naqueles tempos eu sempre carregava na pasta uma revista chamada Micro Sistemas, que foi a primeira e - por bastante tempo - a melhor publicação na área de informática no Brasil. A motivação deste post foi recentemente ter encontrado na rede vários números da velha e saudosa Micro Sistemas, que vocês podem conferir no site Datacassete.


É curioso voltar a folhear aquelas páginas hoje em dia.
Também dá o que pensar como a microinformática, que já foi verdadeiramente “micro”, pode ser hoje globalmente gigantesca.


E quase não parece verdade, mas houve um tempo em que os micros não precisavam de um sistema operacional! Os comandos essenciais para o funcionamento da máquina já constavam na memória ROM (ou seja, estavam gravados nos chips) e eram próprios de cada fabricante.


Não se imaginava que uma empresa viesse a deter o monopólio (ou quase) sobre isso. Ou, pelo menos, não antes que o "titio" Bill Gates pronunciasse a palavra mágica "D.O.S." numa reunião histórica - e picareta - com executivos da IBM (se você não entendeu, procure assistir ao filme "Piratas da Informática", que descreve esse episódio em detalhes).


Ainda sobre a informática dos 80s... Que dizer dos programadores da época? Muito mais criativos, até em razão das limitações do hardware. Guardei na memória o nome de
alguns criadores de jogos, como Alexey Pajitnov (criador do Tetris), Jordan Mechner (Karateka e Prince of Persia), Sid Meyer (Civilization), entre outros gênios.



MICRO SISTEMAS ON LINE. E TRON.


Por fim, há quem diga que nada ocorre por acaso. Enquanto preparava este post, descobri que a Micro Sistemas está voltando, em versão virtual, que pode ser conferida neste link.





E não é que lá encontrei a melhor matéria que li até agora sobre os filmes Tron (1982) e Tron, o Legado (2010)? AQUI.



Curiosamente, lá nas páginas da velha Micro Sistemas estão chaves para entender o universo de Tron.


No início dos anos 80 os raros usuários de microcomputadores eram verdadeiros "iniciados": conheciam as máquinas, criavam e alteravam programas - talvez hoje quem trabalha com sistemas Linux esteja mais próximo daquela realidade - e então faz sentido quando, no filme, os usuários são tidos como divindades - criadores - no mundo virtual.


Outro aspecto é a importância dos jogos. Ainda hoje os games servem de parâmetro para avaliar a capacidade de um computador: será que essa máquina roda a última versão do Need for Speed sem uma placa aceleradora? - é o tipo de pergunta que muitos se fazem quando compram um micro. Naqueles tempos era assim e muito mais, especialmente pelo perfil nerd dos usuários dos anos 80.


Pois é, Tron e Micro Sistemas, de volta quase 30 anos depois. Se coincidência não existe, como dizem alguns, será que algo ficou esquecido lá atrás? Enquanto não encontro uma resposta, deixo
um abraço aos amigos, em especial ao meu velho parceiro de games e filosofias. E boa sorte à nova Micro Sistemas.

No vídeo: uma cena antológica de Tron (1982).


4 comentários:

MrOX disse...

Saudosos tempos!Data control, depois SENAC,ensino tecnico, SENAI. Inspiração para meu árduo ofício hoje, mas uma retífica, não sou cientista da computação, minha habilitação é mais modesta, tenho licenciatura plena na área,ferramenta de forjar mentes nesta atual ciência, sou apenas "teórico", passo longe do perfil de desenvolvedor, cientista, ou analista, apenas um curioso entusiasta, idealismo de repassar,o multiplicador de possibilidades que a informática proporciona.
Mas bem verdade que as horas naquelas fichas de minutos, ou segundos ? Construiram um facínio,quase extase, de passar uma fase, vencer um inimigo,pensar e modelar estratégias,na verdade vencer a máquina ! Habilitar nova fase, uma fuga saudável da realidade, pela genialidade de recriar o mundo, na verdade bem limitado, os jogos para mim são muito além de diversão.
Valeu amigão nostalgia total !!

MrOX disse...

Em tempo:

Um software não se limita a testar os limites de hardware, eles na realidade testam os limites insondáveis de nossa mente,(se isso for possivel), ao menos divertido!! Grupos de desenvolvedores que testam sentidos, o amago de nossas reações, estrategias e inteligencias a serviço de resolução de problemas!!! De nossas realidades recriadas, seja ela em realistas simulações, seja em projeção de personagens avatares,um jogo de raciocinio ou memoria, insisto vejo jogos como desafios mentais prazeirosos.

Taiguara disse...

Show de comentário, meu amigo!
Realmente falhei em não observar esse aspecto fundamental dos jogos: a superação dos próprios limites pelo jogador. Desde o tempo dos games mais simples. Valeu!

Marcel Nasser disse...

Publiquei um CAD que desenvolvi em Pascal para MSX na edição N. 95 da Micro Sistemas. Infelizmente, perdi o exemplar que eu tinha e no Datacassete não tem esse número. Achei nesse link http://www.cobit.xpg.com.br/biblioteca/ms/ms095.htm
Mas só tem a capa e o índice onde aparece o MSX CAD e o meu nome.
Se alguém souber uma forma de adquirir esse número da revista ou um outro site onde eu possa baixar, por favor, me envie um email.
marcel.nasser@yahoo.com.br

Obrigado

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