Imaginem se eu e Thintosecco tivéssemos mais tempo para jogar conversa fora. Quando muito em intervalos no local do serviço ou no retorno deste! Assim sendo, mais uma pérola foi divertidamente discutida: qual é a musa preferida? Olha, gosto muito de filmes, independentemente de ano, década e milênio, mas atualmente uma atriz me deslumbra: Angelina Jolie, principalmente pelo que foi visto em Beowulf. Sua presença, mesmo somente com entonação de voz impressiona. O mais interessante é que não é nenhum monstro artístico, nenhuma lenda do teatro ou mulher fatal (daquelas que duram um tempo e depois somem).
Foi um processo longo até chegar ao meu veredito. Achei muito canastrona como Lara Croft (em Tomb Raider – nos dois filmes). Depois, em Sr. e Sra. Smith apareceu seu lado selvagem e realmente divertido (se é que cinismo pode ser consideração diversão). Mas aí já ressalta a mulher e não a atriz caricata candidata a alguma coisa. E, repito, foi em Beowulf, por detrás de efeitos digitalizados e talvez justamente por isso, que reparei haver um tipo de mulher que fascina os homens. Há mulheres lindas, inteligentes, de corpo escultural que chamam a atenção; mas também há as que cativam, seja pela simpatia, sensualidade, personalidade, honestidade e sinceridade. Angelina Jolie fascina. A voz, a presença, o visual - todos são provocantes (até dá para entender porque o herói se rendeu a ela). Mas não advém de truque ou habilidade do diretor Robert Zemeckis.
Algumas atrizes, muito poucas, conseguem uma proeza de grandes atores: a mera presença basta ao filme. A presença justifica, explica (ou não), seduz, induz, chama a si a atenção em relação aos demais. Não é unanimidade é pensamento meu. Por mim é o suficiente! Deixo ao caro internauta uma reflexão: até onde termina o homem/mulher idealizado e começa o verdadeiro?
Como dizia o saudoso Rui, de Os Normais: pata que pareu! Se for ver este filmaço prepare-se para ver todo de uma vez. É forte demais e quando digo isto me refiro à cacetada de terror que incute no expectador desde o início. Sem brincadeira, lá pelos dezenove minutos de exibição tomei um dos maiores "cagaços" diante da telinha, numa das cenas mais apavorantes já postas num filme: quando a mocinha recém operada dos olhos e enxergando ainda muito mal, ao visualizar vultos saindo de seu quarto à noite, depara-se no corredor do hospital com um espírito de uma mulher gemendo. Pior, nós enxergamos mal por ela e percebemos que aquela alma penada está vindo em nossa direção e aí...
Os irmãos Pang estão se superando! Para quem não conhece a dupla, apresento: Oxide Pang Chun e Danny Pang. A dupla é de Taiwan e também já fizeram um filme que comentei tempos atrás neste blog, Assombração (Gwai Wik – 2006). The Eye (Gin Gwai/A Herança - 2002) é um digno representante asiático do gênero terror, junto com O Grito e o Chamado. A história é menos criativa que os outros dois: Wong Kar Mun (Angelica Lee), cega de nascença, realiza um transplante de córnea em ambos os olhos. Sempre quis enxergar coisas maravilhosas, porém, supera suas expectativas. Ela também passa a ver e ouvir vultos, sombras, espíritos. Só que os diretores na maior parte das cenas fazem com que visualizemos o que a mocinha enxerga ou tenta enxergar, carregadas de um interminável e insuportável suspense.
Na metade do filme ocorre uma pausa, quando Mun descobre que sua doadora fora considerada louca, bruxa, por, entre outras coisas ver os mortos e ter premonições. Nesta parte lembra um pouco O Chamado, mas em momento nenhum desmerece a obra, pois é tão boa quanto o equivalente japonês. Ao final, mais suspense que terror. O que realmente chama a atenção não é a condução nem a história, ambas excelentes, mas as grandes cenas com os espíritos - são inspiradas: às vezes é assustador, em outras é claustrofóbico, podendo ainda ser surpreendentes, inteligentes, criativas, tudo isto proporcionando não o susto e sim puro medo. É como andar de montanha russa para aumentar a adrenalina. Terror significa pavor, grande receio, pânico. Todas se enquadram bem ao filme. Tô chegando à conclusão que me identifico com a dupla de diretores. Souberam me assustar!
Se depois de ler esse post você ainda quiser ver a cena abaixo... Bem, pelo menos não assista logo antes de ir dormir!
Curioso é o universo dos filmes. A maioria destes, modestos, estréiam na TV e são reprisados ‘ad eternun’; outros, clássicos, são reapresentados de tempos em tempos, em razão de sua essência; e alguns, poucos, são bons, até interessantes, e são exibidos duas, três vezes e nunca mais são vistos. Sua existência fica contingenciada à lembrança do cinéfilo. Desta subcategoria de público, 10% ou nem isto ainda lembram.
É incrível como nossa crítica sempre se recorda dos clássicos, dos medíocres, dos cults, e pior, de filmes e de suas referências erradas. Inutilmente guardei guias de vídeo nas décadas de 80 e 90 e colecionei revistas como Videonews, Set, Cinemin, Sci-Fi News e outras que duravam até uma dúzia de edições (como a Starlog) e nenhuma, repito, nenhuma destas fez referência ao título deste post (como também nunca fizeram referência à Príncipe Planeta, Fantomas, Ás do Espaço, O Vale do Gwangi (1969), A Conquista do Espaço (1955), Destino à Lua (1950), de qualquer filme da Hammer, etc, etc, etc. Isto é mediocridade! É repetir o que já foi dito um dia sem ao menos conhecer o assunto e não ser capaz de ir além. Mas estes filmes esquecidos merecem ser lembrados.
Zeppelin é uma produção britânica de 1971 que aparenta ser da década de sessenta. Lembro-me de uma chamada da Globo, num sábado nos idos de 1976/1977, anunciando o filme para logo após a novela das oito (o saudoso Primeira Exibição). Aguardei, ví e gostei! E daí? Daí que só fui ver novamente lá por 1983, no SBT, também num sábado à noite, após o programa do Gugu (Viva a Noite). E desapareceu!
Então vamos falar dele: passa-se durante a Primeira Guerra Mundial, mais precisamente em 1915, quando o uso militar dos aviões estava apenas começando e bombardeios eram realizados por dirigíveis. Isso mesmo, balões muito grandes e em forma de charuto que realizavam ‘raids’ noturnos em Londres, mais para aterrorizar a população. Mas os ingleses estavam empenhados em encontrar uma forma eficiente de destruir estas máquinas, que voavam alto e à noite. Ao saberem da construção do maior e mais recente Zeppelin alemão, o LZ 36, enviam Geoffrey von Richter-Douglas (Michael York), um agente duplo, para descobrir seus segredos.
Nosso herói descobre não só detalhes do Zeppelin, como inadvertidamente envolve-se numa missão secreta contra a Inglaterra quando ainda em testes. O objetivo: incursionar até um castelo na Escócia onde estão guardados secretamente documentos de parte da cultura e da historia inglesa.
Como um bom filme de guerra, está mais voltado para aventura e neste aspecto se destaca. Após as filmagens seu diretor, o belga Etienne Perier caiu em ostracismo. Mas a trilha sonora é belíssima e as cenas de ação não ficam devendo em nada. Óbvio que, como bom representante do gênero, a reconstituição de época não resiste a um a análise histórica: quando o LZ 36 é atacado por biplanos SE-5 (seria impossível em 1915, pois o avião somente entrou em ação em 1917).
Mas é um preciosismo besta, mesmo porque já vi aberrações piores em obras muito mais estimadas pela crítica. Como sei que aqui nunca saiu em VHS, nem DVD (até agora), a chance de conhecer é pela Internet. Uma injustiça: um bom filme, esquecido e de difícil acesso. Quem sabe um dia possa mostrar suas qualidade para as futuras gerações? O triste é que se não acontecer, sua referência se perderá definitivamente!
Não é sempre que se tira um tanque da Segunda Guerra de um lago, ainda mais um que foi usado pelos russos e alemães. Mesmo tendo ficado submerso por 62 anos, com uma "ajeitadinha" o motor movido a diesel começou a funcionar.
De fevereiro a setembro de 1944, pesadas batalhas foram travadas na estreita faixa de 50 km de largura, na frente de Narva na parte noroeste da Estônia. Mais de 100.000 homens morreram e 300.000 feridos. Durante batalhas no verão de 1944,o tanque foi capturado do exército soviéitico e usado pelo exército alemão.(Este é o motivo de estar pintado com as cores alemãs na parte externa do tanque) Em 19 de Setembro de 1944, tropas alemãs iniciaram uma retirada organizada ao longo da frente de Narva. Suspeita-se que deliberadamente jogaram o tanque dentro do lago, sendo abandonado quando os seus captores abandonaram a área.
Nessa época, um menino local caminhado à beira do Lago Kurtna Matasjarv notou rastros de tanque em direção ao lago, mas sem sinais de saída. Por dois meses ele viu bolhas de ar saírem do lago. Isso lhe deu motivos de acreditar que deveria haver um veículo blindado no fundo do lago. Alguns anos atrás, ele contou a história para o chefe local do clube de história da guerra 'Otsing'. Juntos com outros membros do clube, o Sr. Igor Shedunov iniciou pesquisas de mergulhos no fundo do lago aproximadamente um ano atrás. Na profundidade de 7 metros eles descobriram o tanque enterrado debaixo de 3 metros de camada de turfa.
Entusiastas do clube, com a liderança do Sr. Shedunov, decidiram puxar o tanque para fora. Em setembro de 2000, foram procurar o Sr.Mr Aleksander Borovkovthe, gerente da firma AS Eesti Polevkivi, para alugar a escavadeira Komatsu D375A-2. Presentemente em atividade, a escavadeira foi fabricada em 1995, e conta com 19.000 horas de operação sem grandes reparos.
A operação resgate começou às 09:00 e foi concluída às 15:00, com diversas paradas técnicas. O peso do tanque em conjunto com a declividade dificultou o trabalho exigindo muito esforço. O D375A-2 trabalhou com força e estilo. O peso do tanque, todo equipado com armamentos, chega a 30 toneladas, exigindo esforço similar. A preocupação era da escavadeira de 68 toneladas ter peso suficiente para não deslizar enquanto tracionava o tanque monte acima.
Depois que o tanque aflorou à superfície, viram que era um troféu de guerra, que tinha sido capturado pelos alemães durante a batalha de Sinimaed (Blue Hills) seis meses antes de ser afundado no lago. Juntas, 116 conchas foram encontradas a bordo. Surpreendentemente, o tanque estava em boas condições, sem NENHUMA FERRUGEM, e TODOS OS SISTEMAS (COM EXCEÇÃO DO MOTOR) estavam em condições de uso. Essa é uma máquina muito rara ainda mais considerando que lutou em ambos os lados com russos e alemães. Existem planos de fazer uma restauração total do tanque. Ele será exposto no museu de história de Guerra que sera fundado na vila de Gorodenko na margem esquerda do Rio Narv.
Fato curioso e que lembra o filme Uma Batalha no Inferno, comentado há poucos dias no blog. Por isso a postagem. Ninguém aqui faz apologia à guerra. Mas muitos curtem curiosidades como essa. Valeu, parceiro!
Texto e voz de Carl Sagan. Para saber mais sobre esse grande divulgador da ciência, confira na wikipedia.
Esse vídeo é uma indicação do parceirão MrOx, que além de ser um grande amigo nosso já deu valiosas contribuições a este blog, já que foi através dele que conhecemos filmes como Quem Somos Nós? e Piratas da Informática, já comentados aqui.
Mas é importante também dar o devido créditos a caras como o GiovaniT, que legendou e disponibilizou esse vídeo e que, por coincidência, é daqui de Porto Alegre.
Gosto muito de dizer que apesar de meus quarenta anos, tenho alma de quinze ou menos. Em parte é verdade. Mas criança é criança e já não sou mais. Meu filho de três anos é mais esperto e feliz, pois eu de tanto tomar na cabeça, questiono seriamente o que é ser adolescente e adulto.
O dia 16 de maio de 2008 não é uma data especial: não morreu Kennedy, Luther King, nem Tancredo. Neste dia faleceu uma cadela pastor alemão de dez anos. A minha. Pastor alemão é uma raça engraçada: todo mundo na vizinhança sabe aonde tem um, pois é um dos bichos mais barulhentos e espalhafatosos que existe. Simplesmente não sabe o que é discrição. Como uma charanga velha, a gente acostuma e vai vivendo. Mas tudo acaba um dia e chegou a vez dela: logo de manhã estava mais abatida que o normal. Já estava por terminar o estrago de um tumor. Despedi-me da bicha e fui trabalhar. Pelo meio da manhã, a notícia: ela se foi! Voltei para casa ao meio dia para tratar da remoção, com a ingênua idéia de fazê-lo sem que meu filho caçula presenciasse. Mas ele já estava lá. Aproximei-me com ele da cachorra e me perguntou: pai, por que ela não acorda? Infantilmente respondi: por que agora ela vai pro céu! Ao invés do choro, meu filho sorriu. Saiu então com sua mãe e aguardei virem buscar meu bichinho. Chegaram, ensacaram e levaram para cremação. Adeus velha amiguinha! Não chorei, afinal era adulto.
À noite, fui para o pátio e meu filho me acompanhou. Olhei em volta e senti o vazio, a sensação da perda e um par de olhos mareados. Ele sorria! Com toda a minha vivência não entendi sua emoção (exceto a minha, estúpida). Foi quando novamente me perguntou: pai, onde está a Bruna? Num lapso respondi: não sei! E insistiu: eu sei, está lá em cima! Ela é uma estrelinha agora (e apontou)! Qual delas será? Então não me segurei e chorei!
O Tema de Cosmos, como é comumente conhecido esse trecho do álbum Heaven and Hell do Vangelis.
Afinal, o que é um Meme? Procurando informações na rede, encontrei o banner acima, que também não esclareceu muita coisa. De qualquer forma, o blog Vintage69 nos incumbiu de participar de um Meme, com a seguinte proposta:
"1- Pegue o livro mais próximo, com mais de 161 páginas. 2- Abra o livro na página 161. 3- Na referida página procure a 5.ª frase completa. 4- Transcreva na íntegra para o seu blog a frase encontrada. 5- Passe o desafio a cinco blogs.”
Então, vamos lá, com a ressalva de ter pulado para a página 162, já que a anterior não tinha uma quinta frase. O livro em questão, que terminei de ler a pouco tempo é A GRANDE AVENTURA MASCULINA, de John Eldredge, Editora Thomas Nelson, Brasil, 2007.
"Em 165 a.C., um oficial grego que mantinha o comando sobre a vila de Modiin, não muito distante de Jerusalém, ordenou que os habitantes judeus se curvassem diante de um ídolo e comessem a carne de um porco sacrificado, atos que atingiam em cheio o Judaísmo, que feriam o coração do povo para quem uma ordem como essa era uma grande blasfêmia."
Para que não fique a frase solta, fora de seu contexto, transcrevo o final do trecho:
"De fato, pode levar muito tempo e exigir provocações repetidas, mas, por fim, um homem deve perceber que existem certas coisas na vida pelas quais vale a pena lutar. É possível que, quando apreciarmos a verdade de tudo isso, possamos entender melhor o coração de Deus."
A contrário senso, conclui-se que há também coisas pela quais não vale a pena lutar. Também é fundamental para quem vai à luta, saber vencer e saber perder. E, ao final - ou talvez até antes - saber perdoar. São boas reflexões para todos nós. Pra fechar, não vou passar o convite do Meme especificamente para nenhum outro blog, mas estão todos convidados a contribuir para a cultura geral. Abraço a todo(a)s!
UmaBatalha no Inferno (Battle of the Bulge – 1965) é o meu filme de guerra favorito. Nada de mais. Baseia-se num fato real: a Batalha das Ardenas, ocorrida na Bélgica em fins de 1944, entre alemães e americanos. Ponto final. Acabam aí as semelhanças. Digo em tom de ironia, por que adoro o filme: possui ótimos atores e roteiro/direção non-sense.
RobertShaw interpreta o comandante alemão que lidera a ofensiva, o coronel Martin Hessler; do outro lado, Henry Fonda, na pele do tenente-coronel Daniel Kiley. São homens que não possuem hierarquia militar de destaque, mas decidirão a batalha. São astutos e convictos. Henry Fonda interpreta seu papel preferido: o homem certo, no lugar certo, fazendo a coisa certa.
Mas os coadjuvantes também se sobressaem, em especial dois: Telly Savallas, como sargento Guffy e Hans Christian Blech, como o velho cabo Conrad, ordenança de Hessler. Ambos conferem humanidade ao filme, o primeiro, por envolver-se diretamente no combate e sentir na pele seus efeitos; o segundo, amargurado diante da perspectiva de uma guerra sem fim.
Assisti pela primeira vez em 1975, sei disto porque minha mãe não perdia um único capítulo de Gabriela, então novela das dez da Rede Globo. Como nos fins de semana o meu velho liberava a tv até a madrugada (não havia outro jeito, senão assistia igual), acompanhava com ela a novela para então ver se passaria alguma propaganda interessante após.E passou! Não me lembro mais se era Sessão de Gala, Corujão ou o quê, mas era sexta-feira e num dos intervalos veio o chamado de um filme de guerra que passaria após o telejornal. Nele tinha imagens de soldados, violência, etc, e uma quantidade de tanques que nunca havia visto até então! Tá programado! É este o filme! Vamos aguardar! E lá pela uma da manhã iniciou a sessão.
Robert Shaw está impagável no papel do oficial alemão, mas o filme é longo, iniciando em meio a neve e terminando num campo de batalha em pleno deserto! Incrível! Arranjaram um deserto na Bélgica (na verdade filmado na Espanha, com ares de deserto californiano, mas tudo bem)! Até isto se perdoa no filme, porque nunca mais me esqueci de uma marchinha que os alemães cantavam lá pelos primeiros trinta minutos. Não era uma marchinha nazista, nem faço apologia ao nazismo ou tenho literatura nazista e coisas do gênero. Mas a música é inesquecível: é a Panzerlied, composta por um cabo do exército alemão em 1933. Nunca foi popular na Wehrmacht durante a guerra, mas os americanos a tornaram!
Digo isto porque quarenta e dois anos depois, ela é executada de tudo quanto é jeito em vários sites de militaria e encontrada nos de história, inclusive no Wikipedia.
Os americanos é claro, vencem a batalha, como em 1945, outra semelhança. Mas a capacidade da América de fazer deste gênero de filme como se cowboys estivessem enfrentando índios é prodigiosa. Eis o segredo dos filmes de guerra americanos: não podem ser levados à sério, por isso são tão bons!
Outro dia a dupla de nerds que comanda esse blog chegou à uma conclusão. Fizemos parte ainda da primeira geração que cresceu na companhia da televisão. E fomos telespectadores privilegiados. Como assim - poderão questionar alguns – se na infância viam tevê em preto e branco, haviam poucos canais e os recursos técnicos eram paupérrimos comparados com os de hoje? Uma pergunta interessante. Acredito que não se trata de mero saudosismo nosso, mas sim, que os programas de antigamente – principalmente os dos anos 60 e início dos 70 - tanto os nacionais como os estrangeiros, eram feitos com muito mais capricho, trabalho e dedicação, mesmo que fossem destinados ao público infantil. Já falamos aqui de alguns seriados e desenhos, alguns clássicos enquanto outros mais ou menos esquecidos. Mas hoje vou puxar pela memória pra valer, já que lembro de um programa que, muito injustamente, está quase relegando ao ostracismo, Here Come The Double Deckers (1970). A Turma do Barulho!
Trata-se de mais um seriado britânico que foi exibido no Brasil no início dos anos 70 e depois, nunca mais. Pelo menos, não nas grandes redes. Não sei dizer pra vocês por qual emissora era transmitido esse programa, mas passava no turno da manhã. Digo porque nessa época o pequeno Thintosecco ia para a escola à tarde. O menino tinha um fascínio por esse seriado, talvez porque nessa época, em casa, só tinha como companheira de brincadeiras a irmã, que então era pouco mais que um bebê. A galerinha aprontava “mil e umas”. Fico devendo os nomes e as características de todas as personagens, mas lembro bem do Gordo – sempre tem um gordo, não é? – que era um dos principais causadores das confusões. Tinha também a Tigrinho, uma “pentelhinha”, sempre com um tigre de pelúcia no braço – que eu identificava direto com a minha irmã, muitas vezes “invocadinha”. E havia ainda uma figura especial: o Crânio, sendo este o carinha que eu gostaria de ser. Na verdade, talvez o Crânio tenha sido o primeiro nerd que conheci, com seu laboratório e experiências malucas. Só Deus pode saber a influência que isto teve em minha vida. Quem sabe se um dia eu não conhecesse o Crânio, assistindo à Turma do Barulho, esse blog não existiria? Vai saber...
E voltando à questão da qualidade dos velhos seriados, o que acham do arranjo produzido para o tema desse “seriadinho” infantil? Na verdade não me acho um sujeito tão saudosista assim, mas penso que o que é bom é para ser lembrado. E mais ainda quando faz parte da nossa história!
INTRÓITO - Certo dia estava jogando conversa fora com Thintosecco e comentamos a respeito da referida década. Realmente foi muito estranha. Por que? Porque basicamente foi um período de transição entre o mundo pré-globalização, pré-internet, entre o agora antigo e o contemporâneo. Os anos oitenta carregam um quê de surreal, de “quase lá”. Se nos anos sessenta e setenta a regra era estar sob a batuta da ditadura, nos oitenta imperou o “liberou geral”.
1 - Foi a década dos boatos e da desinformação. Começava a se respirar liberdade, autonomia e se ansiava por expressão, porém a informação e a divulgação continuavam centralizadas pela grande imprensa. Aliás, era um festival de boatos, na qual não havia como ir atrás da verdade por falta de um acesso alternativo. Que tristeza viver nessa época sem Internet ou mídia diversificada.
2 - Havia coisas legais como “fio dental”, o fim da Disco Music e o surgimento de mais rádios e novas bandas de rock. Nunca vou esquecer a “estreia” da Rádio Ipanema FM aqui em POA. Lá por outubro de 1983, com duas semanas de antecedência corria um boato (pra variar) acerca do surgimento de uma nova rádio em meio à mesmice da província.
Quando surgiu, quanta diferença! É bem coisa da época: se empolgar com a estreia de uma nova FM! Mas que fez diferença! Através da Ipanema FM, conheci uma banda então recente: a Camisa de Vênus, com Marcelo Nova e cia. E trazia novidade atrás da outra. Logo, as outras rádios tiveram que se mexer (a maioria nem tanto).
3 - Aqui em POA se verificava uma curiosa dualidade: havia muito poucas opções noturnas de lazer (quem vinha de fora só dizia isso) e só existiam dois shopping centers (o Iguatemi e o Shopping João Pessoa), dois sebos (Martins Livreiro e a Livraria Aurora), duas grandes redes de livrarias (a Sulina e a Globo), duas comic store (a Londres e a Planeta Proibido), sem falar na dupla Grenal, que dominava o campeonato gaúcho (hoje em dia, nem tanto)...
4 - Também foi de transição. Nos anos oitenta começam a surgir fenômenos que hoje em dia são banais: alternação de partidos no poder, a expansão da mídia, massificação do videogame (Atari), dos computadores pessoais (Prológica e os TKs), videocassetes e o surgimento dos celulares e dos CDs.
Toda essa tecnologia emergente culminará com o way-of-life moderno: a internet, tão comum, tão diária, tão necessária. Algum boato? Alguma notícia nova? Se não leu nem viu na Globo, na Record, na Bandeirantes, na Rede TV, etc, entra na Internet! Quer divulgar? Não sabe aonde? Põe na Internet !
CONCLUSÃO - Hoje em dia, com todos os nossos novos e contemporâneos problemas e neuras, a vida é muito melhor. Há mais espaço para o indivíduo e o coletivo interagirem. Voluntária ou involuntariamente são proporcionadas condições para o cidadão atuar e não apenas ser manipulado. Tudo depende da capacidade de discernimento de cada um, mas aí já é outra história. Foi uma década importante? Pensando bem, bem, bem... até que foi !
Conceitos são conceitos, idéias são idéias, cada um pensa de um jeito.
O que é a família? Bah! É complexo! Mas vamos lá! Família é uma prisão, família é uma gaiola, família é uma arapuca. Sei que não pedimos para nascer (apesar do espiritismo entender o contrário), mas, no momento em que fatalmente isto acontece, nos vinculamos a determinado grupo de pessoas, muitas vezes nada a ver, outras tudo. Mas família o que? Pai, mãe, irmãos, tios, primos, etc? Também. A cara-metade e nossos descendentes, também! Só o eu e o outro? Também! Só o eu? Também! Por que? Porque quando pensamos que saímos da casa de nossos pais e partimos para uma vida independente, achamos que deixamos para trás a vigilância, o controle, a prestação de contas, a lembrança daqueles que vieram antes e depois de nós, aqueles que suportamos pelo acaso. Mas que novo paraíso terrestre é este? A vida conjugal, a vida de solteiro, a vida de pai/mãe solteiros, de viúvos, de descasados, etc.
E a sonhada liberdade? Liberdade? Que liberdade? Nunca fomos livres! Nossa gaiola sempre foi dourada, nunca percebemos, mas estamos sempre dentro dela. Exemplo: o fim de um relacionamento e o início de outro. Onde está o fim da prisão e o início da liberdade? Não há transição porque nunca houve liberdade. Somos prisioneiros de nossa própria existência, melhor dizendo, contingência. A gaiola não muda, o que muda é o carcereiro! Vida de solteiro é liberdade? A emocionante vida do “eu”? Nada mais é senão uma situação de expectativa, ainda vinculado ao algoz anterior, e às vezes morremos esperando a chegada do novo!
Caminhando nas Nuvens (A Walk in the Clouds – 1995) nos mostra Paul Sutton (Keanu Reeves) aceitando participar de uma simulação: a de que é o marido da jovem Victoria Aragón (Aitana Sánchez-Gijón) e pai da criança que está em seu ventre. Seu relacionamento anterior foi frustrante, daqueles que o cara toma um porre de noite e acorda casado na manhã seguinte. A família de sua falsa-esposa é de origem mexicana, tradicional, produtora de vinhos de uma fazenda na Califórnia. É bem recebido por todos, exceto pelo enciumado pai da moça. Mas o que chama a atenção é a figura do patriarca, o avô Don Pedro Aragón (Anthony Quinn), de esplêndida atuação, que percebe desde o primeiro momento a fraude, mas que vê no ato do rapaz um ato de coragem e de mudança.
Mudança? Para sua família. Faz de tudo para inseri-lo. Nosso indeciso falso pai-marido hesita. Por que? Porque pensa ainda estar formalmente vinculado ao antigo relacionamento amoroso, portanto, não está disponível, apesar de cada vez mais apaixonado por Victoria. Eis nossa velha e boa gaiola e eis nosso carcereiro. Este é um dos primeiros posts que falo sobre romance e peço desculpas por ser tão cru e anti-romântico, mas o filme de Alfonso Arau, ao contrário, é delicado, inteligente e fascinante. É subliminarmente e perigosamente belo.
O coreógrafo chinês Zhang Jigang criou uma coreografia para contemplar "a deusa da misericórdia com seus mil braços" ou "a Kwanyin de mil braços", da mitologia budista. A dança foi apresentada por 21 bailarinas que se posicionavam numa longa fila, criando para os espectadores uma fabulosa ilusão de que era uma única deusa com múltiplos braços e pernas. A inesquecível apresentação de gala da Companhia de Arte Performática Chinesa de Deficientes Físicos foi apresentada ao vivo pelo canal de televisão China Central, em comemoração ao Ano Novo chinês. Estima-se que a audiência chegou a 1 bilhão de espectadores. O mais impressionante é o fato de todas as integrantes desta companhia de dança serem deficientes auditivas, ou seja, todas as bailarinas são surdas. O resultado foi um espetáculo de ficar arrepiado e digno de aplausos.
Essa postagem é uma pequena homenagem a todas as mães, no seu Dia. E por extensão uma homenagem a todas as mulheres e ao seu extraordinário poder de amar sempre e sem limites!
Que barbaridade! Quanta diferença! Do que estou falando? Dos dois seriados baseados na nave do Comandante Adama! O primeiro, criado por Glenn A. Larson nos fins dos anos setenta (1978), era resultado do sucesso de Star Wars: voltado mais para o público infanto-juvenil; o segundo (2004), uma ótima e interessante releitura, visando um público mais adulto. E como em Star Wars, aconteceu há muitos e muitos anos atrás, numa galáxia muito, muito distante.
Após um longo período de guerras entre homens e máquinas (os Cilônios) é negociada a paz. Na celebração, todas as naves de combate das colônias humanas estão reunidas, quando um ataque surpresa destrói todas menos uma, a Galactica. Mas não só as demais naves como todas as cidades nos planetas contendo vida humana. Os sobreviventes são então reunidos em uma frota de naves escoltadas pela Galactica e partem em um busca de uma colônia de humanos que havia se fixado num longínquo planeta chamado Terra. Sua jornada é recheada de intrigas humanas e ataques das máquinas traiçoeiras. Esta é a sinopse básica de ambas as séries, mas há grandes diferenças.
A primeira diferença: a mensagem. A mensagem do primeiro seriado é mais otimista, infantil, descompromissada, surreal, com personagens caricatos, principalmente, as máquinas e o traidor Baltar. O seriado novo faz uma releitura bastante fria e pessimista, o ambiente é mais dark e os personagens são de carne e osso, denotando-se ambigüidade presente desde os mocinhos até o citado vilão.
Segunda diferença: os personagens. No seriado anos setenta, Adama (Lorne Greene) era mais paizão, tolerando tudo e a todos; tanto Starbuck (Dirk Benedict) quanto Boomer (Herb Jefferson Jr.) eram homens, pilotos formidáveis, jogadores e extremamente simpáticos; Apollo (Richard Hatch) era o filho certinho de Adama; e o Coronel Tigh (Terry Carter) era o oficial incorruptível.
Na nova versão, Adama (Edward James Olmos) é às vezes teimoso, em outras insensível e com tendências antidemocráticas; Starbuck (Katee Sackhoff) é uma piloto notável, beberrona, insubordinada, que rola com todo mundo e que no fundo ama Apollo (vá entender); Boomer (Grace Park) é uma bela oriental, exímia piloto, mas que não passa de uma máquina cilônia, que entre outras coisas tem um filho com Karl “Helo” Aghaton (novo personagem) e ora está de um lado ora está de outro; Apollo (Jamie Bamber) continua sendo o filho certinho, mas que vive respondendo ao pai; e o Coronel Tigh (Michael Hogan) é uma coleção de vícios travestido de oficial.
Terceira diferença: os Cilônios. Esta sim é a diferença que se faz sentir. Antes as máquinas eram caricatas, que de cada dez tiros erravam onze, e que não serviam para outra coisa senão serem explodidas e passadas para trás. Agora não: assustam. A abertura do filme piloto já diz a que vieram: extermínio. E o fazem sem clemência. São também mais complexos: fazem clones humanos, misto de homem e máquina; seus raiders agora não são tripulados, são máquinas vivas que sangram; questionam a existência de Deus e se a entidade divina não teria lhes dado um papel essencial na substituição da raça humana.
Quarta diferença: Gaius Baltar. Em ambos os seriados sempre foi uma figura complexa. No primeiro, interpretado por John Cólicos, estava mais para Dr. Smith, de Perdidos no Espaço. Era simpático, traiçoeiro, mentiroso, dele não poderia se esperar outra coisa senão covardia. Fazia par perfeito com Lúcifer, seu intermediador com o Líder Imperioso.
No novo seriado, na pele de James Callis, está ainda mais complexo, mais moço, extremamente charmoso, irresistível, dúbio e simpático, menos covarde e mais prolixo, em suma, um ótimo vilão. Ora sofre em mãos dos humanos traídos por ele, ora com as máquinas que também não confiam. Mas é de sua relação apaixonada com a cilônia Número Seis (Tricia Helfer) um dos pontos altos do filme. Destruída ao salvá-lo de uma explosão nuclear em Cáprica, ela aparece somente para ele, nem as máquinas a visualizam. Seu solitário diálogo é um verdadeiro achado.
Através dele é que são explanadas as concepções de mundo das máquinas e a tortuosa interpretação da criação divina e Deus.
Não é ridículo, é até interessante: seria como um ateu ou agnóstigo tentar interpretar cientificamente a manifestação divina do zero e dar sentido a uma existência vazia. Só que, às vezes, perigosamente ultrapassa o senso espiritual, dotando o discurso de conotação filosófica. Porém, religião não é filosofia.
RECOMENDO. Até é interessante assistir a um seriado baseado em outro, que por vezes, parecem totalmente desvinculados. Não fossem os nomes e a sinopse, diria que o primeiro seria plágio do segundo.
Certos filmes me vêm da memória por determinadas cenas, pela música, pelo ator, pela direção, pelo roteiro malicioso e inteligente, e pelo algo mais. Zardoz (1974) tem tudo isto, inclusive o algo mais.
Vamos começar pelo algo mais: em agosto de 1980 voltei de uma festinha de colégio onde conheci a irmã de uma amiga (e que foi o início de uma longa e inesquecível amizade). Ao chegar em casa, lá pela uma da manhã, fui direto à TV. Na época valia a pena, pois a programação da TV aberta era muito melhor que a de hoje (e atrevo-me a dizer que melhor inclusive que a de sinal pago). Casualmente estava começando na Globo a Sessão de Gala.
A introdução do filme era muito doida, com um sujeito narrando um “não-sei-o-que”, logo sendo sucedido com a imagem de uma gigantesca cabeça que pairava sobre um vale. Ela representava Zardoz, que pregava aos bárbaros o ódio aos fracos e o sexo como um mal. Distribuiu armas em troca de grãos e em seguida partiu. Iniciou-se então uma seqüência da Sétima Sinfonia de Beethoven com um bárbaro escondido dentro da carga.Era Zed (Sean Connery), um sujeito seminu, de bigode e rabo-de-cavalo.
O filme passa-se no futuro pós - apocalíptico, lá por 2.248, quando a humanidade estava dividida entre bárbaros e de poucos privilegiados que habitavam o Vortex. Eram cultos e doentes. Cabiam aos bárbaros o fornecimento de grãos e a reprodução da espécie, cuja população era cuidadosamente controlada, mediante incitação ao ódio e a entrega de armas. Zed invade o santuário e sua presença contamina os anfitriões, tanto intelectual como fisicamente. Passa a ser o elemento que subverterá a ordem e o destino da humanidade. John Boormann é um ótimo diretor. Este filme, precursor de Excalibur, é rico em metáforas. O proprio Zardoz é uma bem humorada aglutinação de Wizard of Oz, descoberta feita pelo inteligente e cada vez menos bárbaro Zed.
Agora outro comentário: grandes atores, mesmo quando famosos, não se importam em assumir papeis incomuns e esdrúxulos. Sean Connery já alcançara o ápice na época. Zed talvez tenha sido o mais extravagante, sexy e inteligente de seus personagens. Controvérsias? Concordo, às vezes choca. Mas nem sempre um bárbaro é um bárbaro; mas Sean Connery será sempre Sean Connery.