sexta-feira, 16 de maio de 2008

OS ESTRANHOS ANOS OITENTA






por Quatermass



INTRÓITO - Certo dia estava jogando conversa fora com Thintosecco e comentamos a respeito da referida década. Realmente foi muito estranha. Por que? Porque basicamente foi um período de transição entre o mundo pré-globalização, pré-internet, entre o agora antigo e o contemporâneo. Os anos oitenta carregam um quê de surreal, de “quase lá”. Se nos anos sessenta e setenta a regra era estar sob a batuta da ditadura, nos oitenta imperou o “liberou geral”.



1 - Foi a década dos boatos e da desinformação. Começava a se respirar liberdade, autonomia e se ansiava por expressão, porém a informação e a divulgação continuavam centralizadas pela grande imprensa. Aliás, era um festival de boatos, na qual não havia como ir atrás da verdade por falta de um acesso alternativo. Que tristeza viver nessa época sem Internet ou mídia diversificada.


2 - Havia coisas legais como “fio dental”, o fim da Disco Music e o surgimento de mais rádios e novas bandas de rock. Nunca vou esquecer a “estreia” da Rádio Ipanema FM aqui em POA. Lá por outubro de 1983, com duas semanas de antecedência corria um boato (pra variar) acerca do surgimento de uma nova rádio em meio à mesmice da província.






Quando surgiu, quanta diferença! É bem coisa da época: se empolgar com a estreia de uma nova FM! Mas que fez diferença! Através da Ipanema FM, conheci uma banda então recente: a Camisa de Vênus, com Marcelo Nova e cia. E trazia novidade atrás da outra. Logo, as outras rádios tiveram que se mexer (a maioria nem tanto).






3 - Aqui em POA se verificava uma curiosa dualidade: havia muito poucas opções noturnas de lazer (quem vinha de fora só dizia isso) e só existiam dois shopping centers (o Iguatemi e o Shopping João Pessoa), dois sebos (Martins Livreiro e a Livraria Aurora), duas grandes redes de livrarias (a Sulina e a Globo), duas comic store (a Londres e a Planeta Proibido), sem falar na dupla Grenal, que dominava o campeonato gaúcho (hoje em dia, nem tanto)...






4 - Também foi de transição. Nos anos oitenta começam a surgir fenômenos que hoje em dia são banais: alternação de partidos no poder, a expansão da mídia, massificação do videogame (Atari), dos computadores pessoais (Prológica e os TKs), videocassetes e o surgimento dos celulares e dos CDs.



Toda essa tecnologia emergente culminará com o way-of-life moderno: a internet, tão comum, tão diária, tão necessária. Algum boato? Alguma notícia nova? Se não leu nem viu na Globo, na Record, na Bandeirantes, na Rede TV, etc, entra na Internet! Quer divulgar? Não sabe aonde? Põe na Internet !




CONCLUSÃO - Hoje em dia, com todos os nossos novos e contemporâneos problemas e neuras, a vida é muito melhor. Há mais espaço para o indivíduo e o coletivo interagirem. Voluntária ou involuntariamente são proporcionadas condições para o cidadão atuar e não apenas ser manipulado. Tudo depende da capacidade de discernimento de cada um, mas aí já é outra história. Foi uma década importante? Pensando bem, bem, bem... até que foi !

3 comentários:

Taiguara disse...

AS IMAGENS DESSA POSTAGEM:
1 – Toniolo, um pixador que se tornou uma espécie de lenda em Porto Alegre;
2 – O programa Comunicação, apresentado pelo prof. Clóvis Duarte, na época era uma das raras fontes de informação sobre filmes e seriados produzidos lá fora;
3 – Júlio Reny, um dos muitos artistas que só tocavam na Ipanema FM;
4 – O Camisa: banda baiana que conquistou uma legião de fãs no RS.

Anônimo disse...

CELACANTO PROVOCA MAREMOTO...

Ah, antes que eu me esqueça...
O F.A.R.R.A. postou o filme do Laurence Olivier e do Michael Caine (SLEUTH). Tô baixando!

Taiguara disse...

Obrigado pelo toque. Deixei o recado lá na postagem sobre o "Jogo Mortal", também conhecido como "Trama Diabólica".

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