sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

PARA LER CARL BARKS



por Quatermass




Nos anos setenta, uma obra causava sensação no meio intelectual brasileiro: Para Ler o Pato Donald, onde dois intelectuais chilenos tentavam interpretar a mensagem nociva contidas nos quadrinhos da Disney (entenda-se quadrinhos americanos em geral), abordando principalmente a questão da dominação cultural.





Baseavam–se principalmente nas histórias daquele que, sem dúvida, foi um dos maiores gênios da Disney: Carl Barks. Só que Barks era muito mais complexo do que os escritores tentaram colocar no papel: primeiro, porque não conheciam Barks, somente escolhiam histórias aleatórias publicadas em língua espanhola; segundo, porque tentaram massificar suas idéias como um todo, generalizando, diminuindo e execrando as publicações.



Confesso que sou suspeito para falar de Barks. Gosto muito de seus traços: nervosos, curtos e inteligentes; também por seu humor sarcástico e um notável senso crítico, muitas vezes subliminar, para dissimular em meio ao conservadorismo americano, principalmente no período do Macarthismo – fato que misteriosamente nossos dois escritores chilenos nunca mencionaram! Sujeito simples e humilde viajava pouco. No entanto, as grandes aventuras que escrevia/desenhava aconteciam em qualquer parte do globo, utilizando-se principalmente de revistas National Geographic.




Outra crítica sobre Para Ler o Pato Donald é que na edição nacional não se preocuparam em traduzir corretamente as histórias, resumindo-se a passar para o português a edição em espanhol, que é pavorosamente distorcida em relação à versão americana! Resumindo: seria como um bronco dissertar sobre o desempenho do Windows Vista.







Mas afinal quem foi Carls Barks? Se você, caro internauta, quer conhecê-lo, vão aí as dicas: a Abril lançou (e vive relançando) a série O Melhor da Disney, com (quase) todas as histórias de Barks (longas, médias e vinhetas); ou bisbilhote na Internet:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Barks ;

http://www.seriesam.com/barks/index.html ;


ou garimpe nos sebos. Mas, cuidado! Como toda jóia rara, há imitadores, que num primeiro momento até que enganam, mas são logo desmascarados por um roteiro bobo e traço forçado. Ao contrário, Carl Barks (1901-2000) foi um artista completo: concebia e desenhava com personalidade, às vezes com sugestões de sua filha. No entanto, vivia tendo que refazer seus contos, fruto da ignorância e preconceito, seja por questões editoriais, morais ou políticas.



Barks é uma boa lembrança da Disney, na sua Era de Ouro dos quadrinhos (anos cinqüenta e sessenta), tempo em que possuía um plantel incrível de desenhistas, com Tony Strobl (que também desenhava patos) e Paul Murry (especialista em Mickey) dentre outros.


A vida é ingrata: Walt Disney se consagrou como criador do Mickey e só! Soube apenas gerenciar muito bem seu negócio. Aí vêm os intelectuais e tentam interpretar os quadrinhos de Barks, feito de maneira tosca e grotesca! Triste lembrança de um homem que criou anonimamente histórias épicas feita de patos, mas que influenciou gerações, inclusive de cineastas como George Lucas e Spielberg.



3 comentários:

Taiguara disse...

Sobre o livro "Para Ler o Pato Donald", sugiro a postagem do prof. Ivan Carlo (Gian Danton), nesse link:

http://ivancarlo.blogspot.com/2008/09/histria-dos-quadrinhos-46-para-ler-o.html

MrOX disse...

Belissímo post ! Obrigado !

Lu Andrade disse...

ow, seu blog eh muito legal!
parabens!!!

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