terça-feira, 12 de agosto de 2008

SUNSHINE, UMA RELEITURA



Quatermass




Quem disse que apesar de teimoso não dou o braço a torcer? No ano passado, em minha postagem sobre o filme Abismo Negro (The Black Hole – 1979), esculachei Sunshine (2007). Comparei com obras inferiores tais como Enigma do Horizonte (Event Horizon - 1997). De tempos em tempos volto
a assistir algumas obras novamente, principalmente aquelas que, por algum motivo, evocam uma segunda chance.



Realmente, em Sunshine há elementos de Abismo Negro, Enigma do Horizonte, até mesmo de Supernova (2000): a tripulação que por um motivo ou outro, encontra outra espaçonave e graças ao ingresso de um ser maligno, começa a ser dizimada.


Mas há alguns fatores que antes me passaram despercebidos. Primeiro, a trilha sonora: ela é envolvente e sutil. Não é grandiosa como a de Abismo Negro, mas é insinuante e indelével; muitas vezes carrega o filme nas costas, proporcionando aquilo que o diretor Danny Boyle pretendia visualizar e não o fez!

Segundo: a obsessão pelo Sol. Basicamente em Sunshine, a história é a seguinte: a nave Ícaro II transporta uma gigantesca bomba nuclear a fim de ressuscitar nosso moribundo Sol (que na realidade acontecerá daqui a uns quatro ou cinco bilhões de anos). A Ícaro I foi dada por desaparecida. Pois bem, o Sol: Sol é luz, Sol é vida. Mas Danny Boyle também sugere que o astro é uma entidade, um ser (tal qual o Planeta Solaris, no filme homônimo). No diálogo do psiquiatra da missão, Dr. Searle (Cliff Curtiss, excelente), dá a entender que enquanto a escuridão é o vácuo, o vazio; a luz é envolvente, se torna a pessoa. Em razão da proximidade com a estrela, o calor e a luminosidade são devastadores e a causa da maioria das mortes. Especulativamente, não deixa de ser uma defesa, ao mesmo tempo em que poderia se supor que a beleza da luz do sol seduziria o homem, devorando-o.




Terceiro: a relação da tripulação. Num primeiro momento achei que todos eram um bando de maníaco-depressivos! Desde o início, os tripulantes demonstram ser extremamente individualistas, egoístas e egocêntricos. Após uma viagem de 18 meses até seu destino, bem que poderia haver um pouco mais de união do grupo, mas o que se constata é o de uma família brigando pelo espólio do parente morto! Por exemplo, quando um tripulante cometeu um erro (Trey), todos os recriminam e mais tarde querem matá-lo, por suspeita de sabotagem; o segundo em comando (Mace) indica para uma missão perigosa no espaço logo seu principal desafeto (Robert Capa) e por aí vai!

O único momento de reflexão neste filme é quando justamente descobrem a Ícaro I, o que sobrou de sua tripulação e aonde se encontrava. O Sol! Ah, o Sol! Neste filme o psiquiatra foi quem tomou a decisão mais corajosa e coerente! Não vou contar o que fez, mas já antecipo que é menos previsível que o final!


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