Apesar de já haver comentado O Pequeno Príncipe e o Dragão de Oito Cabeças e Kagemusha, duas jóias japonesas, desde logo já digo: exige muito cuidado a análise uma obra culturalmente diversa, mais precisamente, diversa dos padrões hollywoodianos.
Acostumamos a ver os filmes do Tio Sam, que seguem os mesmos estereótipos, até quando tentam fugir destes. Preguiçosamente, nossas críticas também seguem um padrão. A percepção não vai além dos valores e méritos que já estamos acostumados a ver ou torcer o nariz.
Nossa cultura é baseada na pressa, na valorização do aspecto visual sobre a percepção, o gosto pelas ações diferentes dos discursos, a ambigüidade da própria visão de povo/nação (sofrido, pobre, alegre e hospitaleiro); e o lado inverso - o questionamento forçado, onde obras e autores supostamente críticos avolumam o amontoado de cultura acadêmica, gerando teses que levam a lugar algum, pelo simples fato de inexistir vontade política.
A paciência, a observação, o senso do coletivo, a tradição e a honra são relegados ao segundo plano. Seria fácil traçar paralelo cultura com cultura e arrogantemente diminuí-la ou deturpá-la enquanto obra – prefiro compreender.
Só que também não é suspense: seria um subgênero fantasia. Um filme oriental segue padrões próprios, trabalha muito com as sensações de quem assiste, é a condução da história que gera a expectativa, via de conseqüência o medo (e não o susto), um recurso muito usado por Hitchcock.
Assombração é muito mais light que O Chamado e O Grito, é mais comercial e menos conceitual que estes últimos, mas também é quase um colírio para os olhos.
A história: uma escritora, Tsui Ting-Yin (a bela Angelica Lee) reencontra seu antigo amante após oito anos. Magoada, põe fim definitivamente à relação, inclusive em razão de um aborto ocorrido na época. Daí a história muda.
Ao adentrar num elevador, este a leva para uma outra dimensão, um limbo, um lugar onde coisas e pessoas são descartadas. Aí o internauta pergunta: não seria dos personagens e cenários descartados pela escritora em suas obras? Resposta: também!
O visual é deslumbrante. Não possui as cores de Herói nem do Clã das Adagas Voadoras, mas é como se estivéssemos num pesadelo. É extremante criativo e assustador. Esqueça Spielberg. Assusta mesmo.
As figuras fantasmagóricas são tétricas e a cena dos enforcados é a melhor já vista. O único senão são os mortos vivos: parecem saídos de um filme de George Romero. Mas nossa bela turista não está só: uma menina (Yaqi Zeng) ajuda a escapulir das enrascadas e um senhor (Siu-Ming Lau) as orienta para onde devem se dirigir. Ambos serão reconhecidos ao final por Tsui Ting-Yin. Mas antes, ela também criará fortes vínculos com a menina sem nome, numa pausa incrivelmente terna.
O final depende do internauta assistir, mas, repito, é diferente de finais felizes ou infelizes, é um final oriental, complexo até.
Acostumamos a ver os filmes do Tio Sam, que seguem os mesmos estereótipos, até quando tentam fugir destes. Preguiçosamente, nossas críticas também seguem um padrão. A percepção não vai além dos valores e méritos que já estamos acostumados a ver ou torcer o nariz.
Nossa cultura é baseada na pressa, na valorização do aspecto visual sobre a percepção, o gosto pelas ações diferentes dos discursos, a ambigüidade da própria visão de povo/nação (sofrido, pobre, alegre e hospitaleiro); e o lado inverso - o questionamento forçado, onde obras e autores supostamente críticos avolumam o amontoado de cultura acadêmica, gerando teses que levam a lugar algum, pelo simples fato de inexistir vontade política.
A paciência, a observação, o senso do coletivo, a tradição e a honra são relegados ao segundo plano. Seria fácil traçar paralelo cultura com cultura e arrogantemente diminuí-la ou deturpá-la enquanto obra – prefiro compreender.
Assombração (Gwai wik/Re-cycle - 2006), produção de Taiwan, passou discretamente nas locadoras aqui em POA. Casualmente encontrei este pequeno e interessante thriller não nas prateleiras do gênero terror, mas no de suspense.
Só que também não é suspense: seria um subgênero fantasia. Um filme oriental segue padrões próprios, trabalha muito com as sensações de quem assiste, é a condução da história que gera a expectativa, via de conseqüência o medo (e não o susto), um recurso muito usado por Hitchcock.
Assombração é muito mais light que O Chamado e O Grito, é mais comercial e menos conceitual que estes últimos, mas também é quase um colírio para os olhos.
A história: uma escritora, Tsui Ting-Yin (a bela Angelica Lee) reencontra seu antigo amante após oito anos. Magoada, põe fim definitivamente à relação, inclusive em razão de um aborto ocorrido na época. Daí a história muda.
Ao adentrar num elevador, este a leva para uma outra dimensão, um limbo, um lugar onde coisas e pessoas são descartadas. Aí o internauta pergunta: não seria dos personagens e cenários descartados pela escritora em suas obras? Resposta: também!
O visual é deslumbrante. Não possui as cores de Herói nem do Clã das Adagas Voadoras, mas é como se estivéssemos num pesadelo. É extremante criativo e assustador. Esqueça Spielberg. Assusta mesmo.
As figuras fantasmagóricas são tétricas e a cena dos enforcados é a melhor já vista. O único senão são os mortos vivos: parecem saídos de um filme de George Romero. Mas nossa bela turista não está só: uma menina (Yaqi Zeng) ajuda a escapulir das enrascadas e um senhor (Siu-Ming Lau) as orienta para onde devem se dirigir. Ambos serão reconhecidos ao final por Tsui Ting-Yin. Mas antes, ela também criará fortes vínculos com a menina sem nome, numa pausa incrivelmente terna.
O final depende do internauta assistir, mas, repito, é diferente de finais felizes ou infelizes, é um final oriental, complexo até.
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