por Quatermass
Sob a Pele (Under the Skin – 2014) é único dentro do gênero ficção científica. Até então nunca havia visto um filme tão discreto. Sem grandes badalações, diz a que veio. Melhor falando, não diz nada, não é autoexplicativo.
Após 46 anos, surge um filme contundente. Gosto muito de usar paradigmas, tais como 2001 (1968) e Solaris (1972), e diante destas duas obras, no entanto, Sob a Pele não possui divagações complexas. Pela maneira como a história se desenrola, é que o diretor Jonathan Glazer se aproxima de Kubrick e Tarkovski.
Do primeiro ao último minuto não há uma grama sequer de pena do pobre cinéfilo. Por isto fiquei de boca aberta. É como se o filme fosse uma carreta correndo a 150 km/h, e o expectador fosse o motorista de um fusca 1200 correndo atrás.
A história começa quando uma alien utiliza-se das vestes de uma mulher morta. Daí começa a peregrinação em busca de homens solitários e sem família. Até que seu contato físico excessivo leva a anti-heroína a desenvolver novos sentidos, perturbando-a.
A história começa quando uma alien utiliza-se das vestes de uma mulher morta. Daí começa a peregrinação em busca de homens solitários e sem família. Até que seu contato físico excessivo leva a anti-heroína a desenvolver novos sentidos, perturbando-a.
Por não conter explicações fáceis não significa que esteja ludibriando; pelo contrário, o filme é uma feliz releitura de obras de sessenta anos atrás, associada com paisagens pouco usuais da Escócia e uma lindíssima atriz (Scarlett Johansson). Sobre esta última, até nua em pelo ela aparece, mas tão sinistra e perturbadora são as cenas, que sua nudez torna-se secundária.
A comparação mais próxima seria da policial ciborg de Ghost in the Shell (1995). A pele é uma casca que tem uma única função: caçar, atrair a vítima. Neste caso, Scarlett Johansson é a predadora que, em parceria com seu colega ET, atrai suas vítimas masculinas e depois as mata. Não existe sensualidade, apenas o propósito.
Está em permanente modo de caça. Num primeiro momento a predadora atrai, posteriormente utiliza-se inteligentemente da solidão humana e da fragilidade emocional para consolidar a conquista.
A fêmea e seu comparsa não possuem nomes (assim como todo o elenco), a trilha sonora generosamente substitui conversações supérfluas, a ponto de inexistir diálogos entre os dois. No filme não há explicações dos motivos, da maneira pelas quais mata, somente narra friamente o ‘modus operandi’.
A fêmea e seu comparsa não possuem nomes (assim como todo o elenco), a trilha sonora generosamente substitui conversações supérfluas, a ponto de inexistir diálogos entre os dois. No filme não há explicações dos motivos, da maneira pelas quais mata, somente narra friamente o ‘modus operandi’.
Finalmente, digo que não há discos voadores, raios laser, ets gosmentos e mocinhos bodosos; ao contrário, há somente uma fera voraz que de repente, deixa de ser a caçadora para ser a caça.
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