por Quatermass
Realmente, tem que ter espírito jovem
para entender Guillermo del Toro. Não me refiro apenas a Círculo de Fogo (Pacific
Rim, 2013), mas à todos os seus filmes, seja como diretor ou produtor.
Ano passado
fui ver com minha filha seu último filme, Mama, desta vez como produtor. Fã do
mexicano desde Labirinto do Fauno (produtor, 2006), fez questão de ver a história
das criancinhas e sua estranha mãe adotiva. Ao final do filme, confesso que me
decepcionei, pois devo ter feito uma careta medonha, quando então a guria veio
com sua tradicional interpretação: “Pai, tu tens que entender que os filmes do
G del T são centrados na criança.” Continuei quieto, apesar de ter gostado da
reação e análise da crítica mirim.
Mas em Círculo de Fogo fui ver sozinho, em minha sala, via DVD. Não estava presente a advogada do cineasta, apesar de sentir sua falta naquele momento. E então retrocedi ao passado: voltei a ter 11 anos, quando assistia Ultraman na TV Tupy na primeira metade dos anos setenta. E, diga-se da passagem, de todos os super heróis japoneses, o primeiro Ultraman é o meu favorito: era o mais ingênuo dos que se seguiriam e sempre acompanhado de suas inseparáveis crianças. Este talvez seja o principal chamado dos seriados japoneses: era feito com crianças para crianças. Seus Kaijuns não metiam medo, mais pareciam bichos-papões e colegas de James Sullivan e Mike Wasowski - a intenção era e é divertir e não assustar.
Mas em Círculo de Fogo fui ver sozinho, em minha sala, via DVD. Não estava presente a advogada do cineasta, apesar de sentir sua falta naquele momento. E então retrocedi ao passado: voltei a ter 11 anos, quando assistia Ultraman na TV Tupy na primeira metade dos anos setenta. E, diga-se da passagem, de todos os super heróis japoneses, o primeiro Ultraman é o meu favorito: era o mais ingênuo dos que se seguiriam e sempre acompanhado de suas inseparáveis crianças. Este talvez seja o principal chamado dos seriados japoneses: era feito com crianças para crianças. Seus Kaijuns não metiam medo, mais pareciam bichos-papões e colegas de James Sullivan e Mike Wasowski - a intenção era e é divertir e não assustar.
Guillermo del Toro segue esta
regra, qual seja: criança e diversão. Apesar de seus bons efeitos especiais,
Círculo de Fogo é uma obra para descontrair, não para ser levada a sério. Ao
contrário, mesmo que a intenção ainda fosse meter medo, a mera presença de Ron Pearlman
como o contrabandista Hannibal Chau manda tudo o mais para o espaço. A história:
seres monstruosos chamados Kaijuns (bestas, em japonês), saem do fundo do
oceano para destruir a raça humana. Em resposta, são criados robôs gigantes, chamados
Jäger (caçador, em alemão).
O jäger americano é logo destruído no início do
filme, resultando em um dos tripulantes morto e o outro desiludido, que larga
tudo de mão (típica reação de herói americano). Para piorar a situação os
kaijuns começam a aparecer com maior freqüência e em número cada vez maior. Para
remediar é reaproveitado o antigo jäger e recrutados como tripulantes o típico
herói americano e uma japonesinha, Mako Mori (Rinko Kikuchi). E é nesta última
personagem que G del T trabalha novamente com seu público mirim.
As lembranças
traumáticas da infância de Mako comprometem como tripulante do Jâger. E Mako
também guarda admiração muito grande pelo homem que a salvou, o comandante Stacker
Pentecost (o sempre carismático Idris Alba). No mais, nada há de novo: nossos heróis provocam uma explosão nuclear no
foco dos Kaijuns (gozado, acho que já assisti esta solução original em
Independence Day e Oblivion); a japonesinha supera seus traumas de infância; e
o personagem de Idris Alba também morre no final.
Em resumo, minha sensação é a
mesma quando assisti Mama: uma impressão de ‘deja vu’; acrescido de relativa
satisfação pela boa homenagem aos super heróis japoneses e; desta vez, já com
explicação de minha filha na cabeça.