por Quatermass
O Homem de Aço (Man of Steel –
2013) é mais uma releitura bem sucedida de Christopher Nolan.
Confesso que tive
certo receio em assistir este filme. Os Superman infantojuvenis dos anos
setenta e oitenta (1978, 1980, 1983 e 1987) e a versão insossa de 2006
(Superman o Retorno) beiravam entre o puro divertimento, o histriônico, o traumático,
o decepcionante e o ridículo. Superman I
e II, apesar de dirigidos por Richard Donner, possuíam abordagens diferentes. O
de 1978 era do gênero fantasia, com cenas antológicas e divertidas do vilão
solo Lex Luthor (Gene Hackmann) e seu atrapalhado comparsa Otis (Ned Beatty).
Já o de 1980, era aventura e desta vez Lex Luthor dividia a vilania com General
Zod (Terence Stamp), ambos ótimos como sempre.
Daí em diante a casa caiu: além
de não resgatarem o espírito dos dois primeiros filmes, a ausência de um roteiro
coerente resultou em autoparódias sem graça e pouco originais. Após o filme de
2006 o assunto passou a ser tabu, até cair nas mãos do diretor/produtor/roteirista
Christopher Nolan. E o desafio era grande: criar uma história que superasse a
ruindade dos últimos e o de, ao menos, alcançar o filme de 1978.
Com seu
tradicional “realismo-bruto-extra-violento”, Nolan não só alcançou os filmes de
Richard Donner, como também superou pelas beiradas. Seu estilo é próprio, ou
seja, não tem fantasia nem aventura sem dose extra de extrema violência. E esta
violência não é na base de porrada tipo Schwarzenegger/Stallone/Van Damme, mas
pela demonstração pura, primitiva e anabolizada da maldade, pela desumanização do ser.
Exemplos? Dou três: no Batman de 2008 quando o Coringa (Heath Ledger) chega numa reunia de bandidos e para mostrar força afirma que fará um lápis desaparecer e o faz pela testa de um deles; segundo, no Batman de 2012, quando Bane (Tom Hardy) deixa para morrer no Bandeirante um de seus comparsas; terceiro, em O Grande Truque (2006), pela forma como Robert Angier (Hugh Jackman) consegue se teletransportar.
Exemplos? Dou três: no Batman de 2008 quando o Coringa (Heath Ledger) chega numa reunia de bandidos e para mostrar força afirma que fará um lápis desaparecer e o faz pela testa de um deles; segundo, no Batman de 2012, quando Bane (Tom Hardy) deixa para morrer no Bandeirante um de seus comparsas; terceiro, em O Grande Truque (2006), pela forma como Robert Angier (Hugh Jackman) consegue se teletransportar.
Seu Homem de Aço não questiona a ausência do super-herói após
passar uns tempos fora, como no filme de 2006, nem traz comediante sem graça
para salvar o roteiro falido como no de 1983, ou uma história politicamente
correta e absurdamente fraca como no de 1987. Ao contrário: seu superman é o mais
humano dos últimos tempos, é o que possui menos traumas em se situar e assumir
uma relação, que aceita estar entre humanos não porque sejam fracos e
inferiores, mas porque seus inimigos são superiores.
Nolan é acima de tudo
pragmático: não há lugar para questionamentos morais (vide A Origem, O Grande
Truque, os Batmans, etc), são os fins que conduzem e justificam os meios e é
pela incrível variedade dos meios encontrados que seus roteiros se baseiam. Se
Tim Burton permeou os Batmans de 1989 e 1992 com criaturas atormentadas e
desajustadas socialmente num ambiente gótico, Nolan não busca explicar a causa
do tormento e sim nos presenteia com o resultado deste.
Com relação à história,
bom... aí sim é uma releitura de Superman II (1980): General Zod e seus companheiros são banidos de Kripton
por traição. Kripton por sua vez é destruída, porém, antes Jor-El dá um jeito
de embutir no filho o DNA de sua raça. Diga-se de passagem que aí começa a
verdadeira mudança. Kal-El foi gerado da
maneira convencional e considerado uma aberração por Zod. Depois de muito
trololó Zod encontra Kal-El/Clark Kent na terra e decide refazer sua raça
através da eliminação/extração/depuração de nosso herói. Daí começa a
pancadaria até o duelo final dos dois antagonistas.
Duas pontas a destacar são a
presença de Russel Crowe como Jor-El e a de Kevin Costner como pai adotivo de Kal-El.
Bem que essa dupla podia ter ficado uns minutos a mais. Não que o resto do
elenco fosse descartável, mas a visão destes dois ‘good Guy’ levanta um pouco a
moral diante de tanta pauleira.
Embora dirigido por Zack Snyder, o filme é a
cara do produtor Nolan. Enfim, não espere misericórdia do inglês: de todos os
vilões o diretor/produtor/roteirista talvez seja o pior!
1 comentários:
Existem os homens de aço da ficção e existem os homens de aço da vida real, que lutam batalhas cotidianas no trabalho, em casa, na Vida. Homens anônimos em suas vitórias pessoais e não menos grandiosas. Homens como tu, meu amigo.
Parabéns pelo teu aniversário! E obrigado por mais um ótimo post. Forte abraço!
Postar um comentário