sexta-feira, 28 de novembro de 2008

BLACK HAWK DOWN




por Quatermass


Guerra civil é como briga de marido e mulher: quando um terceiro se mete no meio apanha dos dois!



Foi assim quando os Estados Unidos interviram no Líbano em 1983, até que um caminhão bomba conduzido por um suicida explodiu junto a um prédio lotado de fuzileiros, matando mais de duzentos deles. Resultado: se mandaram de lá! Mas não aprenderam a lição direito! Revigorados pela retumbante vitória durante a Guerra do Golfo (1991), se meteram agora na Somália (1993). Nunca vou me esquecer de um detalhe insólito: quando os marines desembarcaram nas praias, foram recebidos pela imprensa internacional que já os esperavam. Alardeava que os heróis da humanidade iriam salvar a Somália dos somalis.



Só que num país que está em guerra civil até os dias de hoje, a intervenção não passou de mero detalhe. Ao caçarem um dos senhores da guerra, o General Aidid, bem no centro da capital Mogadício, se viram numa enrascada. Também pudera: meter jipes e caminhões em ruas estreitas, que desconheciam, e com helicópteros voando lento e baixo, não passavam de alvos fáceis para qualquer um! E por incrível que pareça foi o que fizeram! Se expuseram! De nada adianta gastarem trilhões de dólares em alta tecnologia se cometem erros primários como este!







Resumo: de um lado o exército mais profissional e bem armado do mundo e do outro o mais determinado. O que seria uma missão de captura do líder de uma facção se tornou uma caçada humana, a dos americanos. O drama começa quando um soldado cai de um helicóptero (o Black Hawk – daí o título do filme) e segue com a derrubada de dois destes helicópteros. E sabem com o que? Com rojões anti-tanques!



Vou ser mais sincero: no início achei que com Falcão Negro em Perigo (Black Hawk Down – 2001) Ridley Scott fosse fazer mais um daqueles filmes em que enaltece as forças armadas americanas e esculacham com o inimigo, reduzindo-o a condição de débil mental. Mas não. Sutilmente, o diretor inglês começou a mesclar o desespero dos soldados americanos com a ferocidade dos somalis, até o esdrúxulo final, com os antes mecanizados americanos retornando à base a pé e seguidos de perto por uma multidão enfurecida.


O pior disto tudo é que foi pura verdade: na época saíram fotos em jornais e revistas do corpo de um dos pilotos mortos sendo arrastado pelas ruas como um troféu. E o resultado disto tudo? Saíram logo de lá e dez anos depois resolveram instaurar a democracia no Iraque!



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