segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O SÉTIMO SELO



por Quatermass



Um clássico. Estas duas palavras definem o filme. Em O Sétimo Selo (Det Sjunde Inseglet – 1957) Irgmar Bergmann fez o filme mais assistível (expressão minha) que já vi. Também foi o que mais gostei (senão o único). Ao desembarcar na praia, o cavaleiro Antonius Block (Max von Sydow) depara-se nada mais nada menos com a própria morte, a sua. Esta vem cobrar adiantado. Mas o sabido cavaleiro a desafia num jogo de xadrez em troca de sua vida. Aceito o desafio, o nobre ganha. Um ganho muito caro, pois nosso amigo de foice o acompanhará em todos os lugares, a todo o momento, em qualquer um.



Passa-se durante a Idade Média em meio à peste, à caça às bruxas, a mais completa miséria humana, literalmente falando, fatores que levam nosso herói questionar o valor da vida, da morte e de Deus. Qual a justificativa, qual significado para tal estado de coisas? Existe um significado? O filme explica em pouco mais de noventa minutos de exibição com cenas memoráveis. Ao deparar-se com a condenação à fogueira de uma jovem camponesa, quase menina, acusada de bruxaria, cujas mãos foram quebradas, procura ainda assim inquiri-la a respeito da morte, momentos antes de ser incinerada: “o que vê?” Nos olhos da menina estão a resposta, mas ainda não a compreende. Apesar de conviver com a miséria espiritual, não compreende, não aceita a sujeição. Ao mesmo tempo em que é afligido pela angústia, continua o cerco. Ao adentrar numa pequena igreja, o cavaleiro depara-se com uma imagem desfigurada de Cristo. No confessionário, ao explicar como ganhou sua partida de xadrez, ouve do outro lado: “...ah, foi assim!” Ao final, nosso cavaleiro aceita sua sina, bem como a de seus companheiros, exceto pelo jovem casal e seu filho. Aceitar a sina não significa compreendê-la, muitas vezes pode representar rendição.


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