A Guerra dos Mundos (The War of the Worlds – 1953) é uma releitura bastante interessante da obra de H. G. Wells.
Aliás, em 1938, Orson Welles foi pioneiro na atualização da obra do genial escritor, quando levou ao rádio a dramatização do romance que originalmente se situava no fim do século 19. Como não estava lá para ouvir a obra do excêntrico americano, analiso então a segunda, a de Byron Haskin.
Apesar de ter gravado em VHS, sempre assisti todas as vezes quando exibido na TV, mas não desisto, continuarei a ver este filme de ficção, só que agora também mais comodamente em DVD.
De aniversário, a criança aqui ganhou de uma amiga taurina um DVD para colecionador. Carregado de extras, estes valem tanto quanto o filme, principalmente pela dublagem anos sessenta e o documentário do making-off.
Sinceramente, prefiro a versão anos 50 à de Steven Spielberg (2005). São abordagens diferentes, de períodos completamente distintos, por gente de cabeça diferente.
Digo isto não desmerecendo Spielberg. Ele é um ótimo diretor! Mas está só em relação a sua obra.
No filme de 1953, duas figuras se destacam: a do diretor Byron Haskin e o produtor George Pal. Foi um filme feito a quatro mãos. O primeiro é um competentíssimo diretor da velha escola, muito semelhante à Raoul Walsh, Willian Cameron Menzies e Jack Arnold.
George Pal é um universo à parte. De origem húngara, foi um visionário, um poeta da tela grande. Produziu outra obra prima como When Worlds Collide (1951), mas dirigiu também a Máquina do Tempo (1960) e as Sete Faces do Dr. Lao (1964). Ambos souberam rearranjar todos os elementos da obra original, atualizá-los e conduzi-los, resultando em um clássico.
A história: um aparente meteoro cai perto de uma cidadezinha tipicamente americana e dele saem naves espaciais. Mal intencionados, os marcianos destroem tudo e nada parece impedi-los. Será?
A Guerra dos Mundos foi produto também da guerra fria: o diálogo inicial dos três caipiras diante do “meteoro” (será uma arma inimiga?), o pastor que se dirige à espaçonave marciana recitando a palavra de Deus com a Bíblia na mão, a toda poderosa força militar americana tentando salvar o mundo e, por fim, o refúgio dentro da igreja. Não desmerece a obra, apenas contextualiza o momento (o de Spielberg é o pós 11 de setembro).
Mas a história original e o roteiro adaptado são bastante poderosos, prendem a atenção do expectador, criam um clima de suspense (ao contrário do contemporâneo, de terror).
Nada mais é senão outra fábula de George Pal, adaptada de um grande escritor. Dois grandes homens que encantam sempre.
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