segunda-feira, 29 de setembro de 2008

JOHNNY VAI À GUERRA


Quatermass





Johnny vai à Guerra (Johnny Got His Gun – 1971
) é um drama de guerra que pega pesado do início ao fim. Mais, é a antítese das produções hollywoodianas do gênero. Longe de ser belicista, sua mensagem também não é pacifista (mesmo porque até “pacifistas” tem interesses escusos).



É uma obra extremamente crua sobre a guerra, escrito e dirigido por Dalton Trumbo, perseguido pelo Macartismo nos anos cinqüenta, mas que sempre soube mesclar crítica com inteligência em seus textos.


A história se passa durante a 1ª Guerra Mundial – talvez a mais fútil de todas as guerras, se levarmos em conta que todas elas são produtos da estupidez humana. O soldado Johnny (Timothy Bottons, aliás Joe Bonham) é recolhido em um hospital, após ser atingido por uma granada. Da cirurgia só lhe restam a cabeça, o tronco e sua consciência. E é esta última que estabelece contato e empatia com o espectador.




Num primeiro momento, todo o seu discernimento está voltado para o que lhe aconteceu, culminando com a constatação de seu triste estado: sem braços, pernas, olhos, boca, ouvidos – apenas um toco com cabeça. Mas sua condição humana permanece – tal como comentei em O Incrível Homem que Encolheu (The Incredible Schrinking Man1957) – daí seu drama, não o nosso! O pesadelo é às vezes interrompido por uma conversa com Jesus – que serve de reconforto, crítica, mas acima de tudo razão.

Na segunda metade, descobre que mesmo sem recursos pode estabelecer contato com uma enfermeira e através dela alcançar sua redenção. Contudo, este filme é pura reflexão e não uma obra Spilbergiana – não tem finais felizes ou incoerentes – nada mais justo e condizente com este grande roteirista, e que somente foi liberado pela ditadura brasileira em fins dos anos setenta – por que será?



sexta-feira, 26 de setembro de 2008

FINAL FANTASY






por Quatermass

 


Final Fantasy – The Spirits Within (2001) é um filme baseado em videogame. Sinceramente, nunca fui muito chegado em jogos, portanto não conheço a origem, somente o filme.








É um filme totalmente digitalizado, ou seja, sem personagens de carne e osso; portanto, não saberia dizer se os personagens reais atuariam melhor que os computadorizados. Talvez por tudo isto eu tenha gostado muito de Final Fantasy – justamente pela exuberância visual e apuro técnico. história dá uma impressão de “deja vu”, mesmo assim é bem contada.







 


Num futuro não muito distante, a Terra é invadida por alienígenas, estes matam desapossando a alma das pessoas. A Dra. Aki Ross está empenhada em encontrar a solução que neutralize a ameaça, ao mesmo tempo em que é portadora de um alien (devidamente enclausurado em seu corpo).






 


Mas justamente por este detalhe, em seus sonhos visualiza o antigo mundo dos extraterrestres, a batalha final e seu destino, e daí conclui que não são apenas aliens e sim espíritos. Como nada é perfeito, está recheado de clichês: a atração não assumida de Aki pelo mocinho, o vilão de plantão (General Hein) que quer ver tudo ir pelos ares, o cientista e mentor de Aki (Dr. Cid) que tem a resposta para o problema, soldados caricatos à moda Starshiptroopers ou Aliens – O Resgate, etc.



Mas volto a dizer: é acima de tudo uma releitura muito caprichada de um pouco de tudo que já se assistiu ou leu sobre ficção científica. Não possui a genialidade de um Akira, mas é muito criativo e entretém – e afinal, não é isto que importa?



terça-feira, 23 de setembro de 2008

OLHOS FAMINTOS




Quatermass





Produção da American Zoetrope (entenda-se Francis Ford Coppola), Olhos Famintos (Jeepers Creepers – 2001) é de arrepiar.




Muito diferente de Alien versus Predator 2 (cuja fotografia é tão escura que mal se enxergam as cenas) o filme dá seu recado e diz a que veio. Resumo do resumo do resumo: filme simples, de baixo orçamento, bem contado e com boa história.




A história: Patrícia (Gina Philips) e Darry (Justin Long – visto recentemente em Duro de Matar 4.0) viajam tranqüilamente de carro por uma das infindáveis estradas americanas, puxando uma conversa tipicamente implicante entre irmãos até que em determinado momento uma caminhonete caindo aos pedaços e incrivelmente sinistra passa a persegui-los.




O início lembra um pouco Encurralado (Duel -1971) só que este é um filme de terror puro, ao contrário do de Spielberg. Após se desvencilharem da “lata velha”, mais adiante a encontram estacionada perto de uma Igreja abandonada. O irmão, que além de “mala” é metido a besta e curioso, resolve investigar e involuntariamente cai no porão do prédio. Aí descobre o destino de dezenas de pessoas desaparecidas (que não irei revelar, inclusive por ser um tanto grotesco).



Apesar de apavorado, ele consegue sair e passam a ser perseguidos implacavelmente pelo misterioso motorista. Motorista que, diga-se de passagem, não se sabe bem que tipo de criatura seja!
Mescla com perfeição terror com suspense – raro nas recentes produções americanas, já que provocar susto é a regra.





Dizem que “o que os olhos não vêem o coração não sente”; neste filme dá-se exatamente o oposto. O curioso é que o título em português, que apesar de não ter nada a ver com o original, indiretamente dá a dica do final, só que para isto é necessário assistir ao filme!


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