sexta-feira, 15 de novembro de 2019

O ALUMÍNIO TRANSPARENTE






Todo fã de Star Trek das antigas lembra da cena, vista no filme Jornada nas Estrelas IV - A Volta Para Casa, de 1986, quando o sr. Scott tenta usar um computador da década de 1980 e tem alguma dificuldade (Computador ? Alô, computador ?). É um dos vários momentos cômicos daquele ótimo filme.


Mas o que o engenheiro-chefe da nave Enterprise queria fazer?  Recriar a fórmula de um material leve, transparente e muito resistente, com o qual faria um grande tanque d'água para transportar duas baleias da espécie jubarte. Elas seriam levadas do século XX para o XXIII, para ajudar a salvar a especie humana da extinção diante de uma ameça que só respeitaria, veja só, as tais baleias. Scott chamou o material em questão de ALUMÍNIO TRANSPARENTE.


Assim foi feito na ficção. E permaneceu o alumínio transparente como ficção durante quase 25 anos. Mas só por aí. Por volta de 2010 foi anunciado o surgimento do ALON, que é o nome comercial do oxinitrato policristalino de alumínio, tratando-se do material transparente mais resistente disponível no mercado hoje em dia.





Essa substância é dotada de características impressionantes, como o fato de ser quatro vezes mais resistente que o vidro blindado, correspondendo ainda a 85% da resistência da safira. Para conhecer mais, recomendo uma visita à Wikipédia sobre o assunto.



Mas, afinal, sobre o que é este post ? É sobre a tela do nosso próximo smartphone ? Não, é sobre transformar sonhos em realidade. Vale a pena pensar sobre isso, não ?


Alíás, em outra sequência do mesmo filme, é mostrado outro avanço científico que, caso concretizado, faria felizes muitas pessoas. É quanto o Dr. McCoy encontra uma velhinha que está a caminho de uma sessão de hemodiálise. Ele se apavora e exclama: "Ainda estão na era das trevas!". Então dá um comprimido para a senhora que, minutos depois, aparenta estar curada e feliz da vida !


Bendita sfi-ci, aquela dá esperança ao ser humano !


Fica aí a cena em que o sr. Scott ensina um engenheiro do século XX a fazer o alumínio transparente. Agora não precisaria mais, já existe.


Importante registrar que a referência mais antiga sobre o alumínio transparente que encontrei foi no site AUMANACK (www.aumanack.etc.br), que, em parte, inspirou este post.


E especiais agradecimentos ao amigão Luciano (MxOx) pela sugestão. Abraço !



terça-feira, 8 de outubro de 2019

DENDALEI.






Publicado originalmente em 11/01/2011.

por Quatermass



Baiano e os Novos Caetanos representou uma grata e inesperada experiência da televisão brasileira.  No apogeu do período da Ditadura Militar (1964-1984), surge um quadro no final do programa Chico City, em que Baiano, alter ego de Caetano Veloso, apresenta sua banda.


Foi um momento raro e único, não só pelos LPs (1974, 1975 e 1982), mas também por conter material descaradamente e corajosamente subversivo.

 

Em sintonia com o então decadente "Movimento Tropicalista" ou "Tropicália", Arnaud Rodrigues e Chico Anísio criaram uma mistura de samba-axé-rock através de canções memoráveis como ‘Vô Batê Pá Tu’, ‘Urubu Tá com Raiva do Boi’ e ‘Dendalei’, música título deste comentário.






‘Dendalei’ está à frente de seu tempo. A letra ironiza as podres relações do poder dezesseis anos antes de Collor, mesclado num ritmo que lembra as baladas de Enio Morricone com baião.

 

Se Chico Buarque, Caetano, Geraldo Vandré e outros sofriam perseguições, as músicas da dupla Arnaud/Chico Anísio criticavam maliciosamente o “milagre econômico brasileiro” e as nuances políticas dos Regimes Médici e Geisel. 


Não entendo a razão desta imunidade, diante de tamanho descalabro, mesmo porque a Globo surgiu ainda nos anos sessenta e nunca esteve na vanguarda de qualquer mobilização ou questionamento político. Ao contrário, sua programação açucarada, que diz sem nada analisar, é a síntese de seu padrão de qualidade.






No entanto, este comentarista possui uma antipática e até reacionária opinião à respeito da MPB: a de que ela só produz qualidade quando sob pressão!


Seu auge durou pouco mais de dez anos, qual seja, do fim da década de sessenta e durante os anos setenta. Mais experimental que nunca, buscava diferentes maneiras de expressão sem cair na censura. Quando explícita, o material era recolhido e seu autor perseguido.

 
Sou gaúcho e muito se fala hoje em dia de CTG (Centro de Tradições Gaúchas) e música tradicionalista. Porém nos anos setenta o resto do Brasil produziu o melhor em música sem ficar bitolado ou se achar superior aos demais.


Pelo contrário, Baiano e os Novos Caetanos eram apenas uma infinitesimal faceta da MPB do anos setenta. Criativa, belíssima e inesquecível.



Não lembro nada disso aqui no Sul, além dos comportados Almôndegas e os aparentemente rebeldes Engenheiros do Havaí. É chato, sei, mas Arnaud e Chico Anísio fizeram mais pelo Brasil e pela MPB, ainda que como sátira, que a cultura do gaudério. 


E tudo “dentro da lei”





domingo, 24 de março de 2019

SUPER-HOMEM DO ESPAÇO.




              

Publicado originalmente em 15.03.2008

            
               Como mudaram os desenhos animados de quarenta anos para cá! Hoje em dia são politicamente corretos, abominam a morte e a violência, e tentam pregar mensagens saudáveis. 


               Mas afinal de contas será que eu estou errado? Fui criado vendo Fantomas, Príncipe Planeta e... Super-Homem do Espaço ! Às vezes sinto-me um eremita ou um velho esquecido em um asilo: lembro-me que estes desenhos existiram, mas ninguém mais comenta... é como se fossem fruto da minha imaginação!


               Será porque eram japoneses? Será porque a maioria era em preto-e-branco? Ou será porque apresentavam justamente aquilo que não mais é mostrado atualmente? Possuíam doses exageradas de adrenalina. Para muitos, um único episódio de Super-Homem do Espaço exibia mais morte e destruição que um filme do Rambo. Exibia! É verdade!


             Mas havia também uma mística nestes desenhos orientais que não chocavam como deveriam. A morte, a perda, a destruição faziam parte do fatalismo. Não eram gratuitos, ao contrário, portavam a carga de dramaticidade que complementava a história. Daí a diferença!





 

              Super-Homem do Espaço (Yusei Kamen/1966) conta a história da guerra entre a Terra e o Planeta Pineron. Humanóides, os pinerons inclusive conviviam em nosso planeta, dentre estes, Peter, filho do Dr. Robert Johansen e uma pineron. Peter é também o Super-Homem do Espaço, que luta para proteger a Terra dos constantes ataques, e por aí vai... Foi exibido no início dos anos setenta pela TV Tupi e nunca mais foi reprisado. Uma pena!


               Às vezes, quando me lembro destes e outros seriados japoneses, me dá um aperto no coração em saber que a não ser por alguns fragmentos na Internet, dificilmente sairão algum dia em DVD no Brasil! Será que não estou exagerando? Não! Basta citar outro exemplo: Star Blazer ou Patrulha Estelar, exibido pela última vez pela TV Manchete em 1983/1984. Três temporadas (1974, 1979 e 1981) que nunca mais foram reprisadas! Já faz 24 anos!!! Quase um quarto de século! É um bom tempo... Ostracismo também é censura! SEJAMOS SAUDOSISTAS ENTÃO!


por Quatermass




REVISITANDO ESTA POSTAGEM , constato que o Super-Homem do Espaço até que apareceu. Mas diferentemente das aventuras do anime, surgiu discretamente. Há poucos anos, foi lançado no Brasil um box contendo os episódios de Yusei Kamen divididos em 3 DVDs. Talvez ainda possa ser encontrado  nos sites do ramo, no Mercado Livre com certeza tem. Melhor que isso, vocês encontram - pelo menos alguns episódios - na internet mesmo, sem dificuldade. Procure pelo nome original: YUSEI KAMEN.


 No mais, nada a retocar nas considerações do prof. Quatermass sobre a dramaticidade das histórias !

VALEU !   



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