Quatermass
Este comentário é uma dívida que tenho para com meu amigo dentista/psicólogo. Durante anos vinha me elogiando a obra de Neil Jordan e eu me fazendo de tanso! Preguiça pra falar a verdade, pois ele é tem muito mais “cabeça” que eu: gosta de filme europeu (alemão, francês, russo, italiano e por aí vai) – adora filme com “lero” ou que o espectador tenha que pensar. Por sua vez, “moi” gosta de pensar, mas não suporta muito “lero”: às vezes a imagem ou o silêncio valem mais que mil palavras! Mas cada um é cada um e respeito muito suas posições, mesmo porque sempre aprendo um pouco mais dele (principalmente em relação as minhas limitações).
Na Companhia dos Lobos (The Company of Wolfes – 1984) é uma metáfora da lenda de Chapeuzinho Vermelho – mas não é só isso. Esse diretor gosta de visual caprichado e significados pouco explícitos – e aí que eu entro na história! A obra tem como pretexto os sonhos de Rosaleen (Sarah Patterson), que perde sua irmã mais velha para um lobo em meio a floresta. Passa então a conviver com sua avó (Ângela Lansbury), que além de lhe tecer uma capa vermelha, conta diversas histórias, todas fábulas, mas sempre com a mesma mensagem: cuidado com os lobos. Lobos, que na verdade significam feras, feras que significam o lado irracional e selvagem guardados em nossos instintos.
Tanto a avó quanto sua mãe sempre advertem Rosaleen: mais perigosos que os lobos são os homens com pêlos por dentro. A mensagem é ainda mais sutil: tanto homens e mulheres tem uma fera interior e, em algum momento de sua vida, o lado irracional, selvagem, erótico e sensual irá desabrochar, seja homem, mulher ou menina, mesmo Chapeuzinho Vermelho.
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