Quatermass
Este filme é um excelente drama contextualizado na Segunda Guerra Mundial.
A Nave da Revolta (The Caine Mutiny – 1954) é uma pequena obra prima de Edward Dmytryc; a tensa relação entre a tripulação do USS Caine e seu capitão. Aliás, capitães, pois nos primeiros vinte minutos a ação/reação verifica-se com o comandante anterior, que ao passar o comando para seu sucessor, ganha de presente dos comandados um relógio de pulso. Desgostoso, afirma que sempre manterá o relógio atrasado trinta minutos para se lembrar da tripulação do Caine!
O substituto é o Capitão Philip Queeg (Humphrey Bogart, excelente), acostumado a seguir o Manual da Marinha e pouco tolerante às falhas. Até aí poderiam pensar que seria uma variação de Mr. Roberts (onde o imediato bonzinho - Henry Fonda - defende a tripulação do caricato capitão), mas não é! Está anos-luz à frente. A barreira bem-mal/loucura-sanidade, de tão tênue, às vezes inexiste. Por que? Porque, na verdade, a tripulação é displicente, os oficiais tolerantes e seu capitão paranóico! E muitas vezes o próprio Queeg é o refém e não algoz.
Esta relação dúbia intriga e engrandece a obra, onde, por momentos, o espectador perde a noção do certo e do errado. O USS Caine é um universo à parte, que trava uma guerra particular alheia ao conflito maior. Após a investigação para apurar o sumiço de ¼ dos morangos em uma jarra, o clímax ocorre durante uma tempestade, em que o capitão se descontrola e dá-se o motim. No julgamento militar, apuram-se as responsabilidades e encontra-se o culpado!!! O próprio promotor acabou reconhecendo que o capitão, além de frágil, tentou manter um relacionamento franco com seus oficiais, inclusive pedindo ajuda. Será que seu apelo teve ouvidos? O título do filme responde.
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