por Quatermass
A Noite dos Generais (Night of the Generals – 1967) é uma salada de gêneros. Tem por pano de fundo a 2ª Guerra Mundial, no entanto, mescla drama e policial.
Difere de um Resgate do Soldado Ryan; não tem pretensões artísticas ou conceituais. Seu diretor Anatole Litvak dirigiu um filme costumeiramente massacrado pela crítica desde seu lançamento. Também não é convencional; muito menos tenta demonstrar valores heróicos ou altruístas em qualquer conflito: na verdade, conta a história de um único homem em busca de justiça.
Em 1942, na Polônia ocupada, uma prostituta, é brutalmente assassinada à noite. Uma trêmula testemunha reconhece parcialmente o assassino - ele tem uma característica incomum: era um militar alemão, um oficial de alta patente, um general.
O oficial encarregado da investigação, major Grau (Omar Shariff), reduz o número de suspeitos a três: o aristocrático Gabler (Charles Gray), o burocrata e irrequieto Kahlenberge (Donald Pleasence) e o linha-de-frente Tanz (Peter O’Toole). Durante suas investigações Grau torna-se excessivamente incômodo, a ponto de seus colegas o chamarem de louco e é imediatamente transferido. Aos que duvidavam de suas convicções afirmava: “todo dia é um bom dia para fazer justiça”.
Dois anos depois, em Paris, com os aliados quase às portas, o quarteto volta a se reunir. Desta vez Grau pede ajuda a um policial francês, o inspetor Morand. Solicita um dossiê dos três generais; Morand, em troca pede a libertação de três membros da Resistência presos pelos alemães.
Apresentado o dossiê, inconclusivo, mas alertando da possibilidade de um complô contra o Fuhrer, ainda assim Grau lhe entrega a ordem para libertação dos três franceses. Morand então questiona a razão do interesse pela morte de uma única mulher em meio ao caos da guerra, aos milhares que morrem diariamente e, principalmente, diante da iminente derrocada da Alemanha. Em resposta, a mesma convicção ‘todo dia é um bom dia para fazer justiça’.
Por sua vez Tanz está afastado do front e requisita um motorista para levá-lo aos pontos mais interessantes da capital francesa. É designado o cabo Hartmann (Tom Courtenay). Exigente, excêntrico, perfeccionista, Hartmann vem a descobrir outra faceta do general.
Os passeios tornam-se monótonos e Tanz pede que seja levado a lugares mais ‘interessantes’. Adentra num bar e visualiza uma prostituta para, na noite seguinte, sair à paisana novamente com seu guia. Convidada pelo cabo a mulher ingressa no carro reconhecendo seu cliente. Após uma suposta ‘sessão’ o cabo é chamado ao quarto quando visualiza o cenário de horror. Intimidado pelo general, Hartmann deserta. Tanz, indefectível, retorna ao quartel.
Diante da notícia de novo assassinato, Grau e Morand se encontram. Pelas características presenciadas dois anos antes e diante da ausência de álibi para Tanz, Grau agora está convicto sobre a autoria dos crimes. Neste momento, Morand, alerta, quase suplicando à Grau, para que, justamente naquele dia, não se dirigisse ao quartel general de Tanz, pois há boatos do atentado contra Hitler.
O teimoso major agradece, mas vai. Ao ingressar no gabinete de Tanz e estando somente os dois, Grau lhe dá voz de prisão. Imediatamente é transmitida a notícia de que Hitler escapara com vida. Sem hesitar Tanz saca sua pistola e mata Grau.
Aí o nobre internauta vai pensar: e em seguida começa a exibição dos créditos finais. Mas não! Passados vinte anos, Morand, agora membro da INTERPOL, vai à Alemanha, pelo fato de que outra prostituta fora retalhada.
Ao se dirigir ao chefe de polícia alemão indaga a respeito e expressa sua admiração pela determinação de um major durante a guerra, e que é razão principal de sua estada. Descobre então que Tanz, condenado por crimes de guerra, havia sido posto em liberdade alguns meses antes. Mas agora, faltava à Morand a peça-chave: uma testemunha desaparecida, o cabo Hartmann.
Não contarei o resto, pois além de representar 5% ou menos do filme, traz um final de certa forma incomum para este tipo de filme de guerra/policial/drama. Ao longo de quarenta e seis anos aprendi uma lição acerca da crítica: que ela é resultado da reação individual do expectador.
Portanto, virei às costas para tais ‘pré-conceitos’ de poucos e passei a assistir sem tomar conhecimento de opiniões alheias. Na obra, além da ótima atuação do elenco (inclusive do ‘cara-de-boneco’ Peter O’ Toole), conta com a excelente trilha musical de Maurice Jarre, um dos principais compositores dos anos sessenta. Faça o mesmo: assista primeiro e depois, se for o caso, critique. Somente assim o internauta deixará de ser apenas mais um.
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