"Eu estou deitado e acordado, olhando para a brancura
de Megadon. Cidade e céu tornam-se um só, amalgamando-se
em um só plano, um vasto mar de cinza
desbravado.
As Luas Gêmeas, são apenas duas órbitas pálidas conforme
As Luas Gêmeas, são apenas duas órbitas pálidas conforme
traçam seu caminho através do céu metálico.
Eu costumava ter uma ótima vida aqui,
apenas conectado em minha máquina pelo dia,
assitindo minha Templevision ou lendo o Jornal do
Templo a noite. Meu amigo Jon sempre
disse que era mais agradável aqui do que sob os círculos
atmosféricos dos outros planetas.
Tivemos paz
Tivemos paz
desde 2062, quando os planetas sobreviventes foram
postos juntos sob a Estrela Vermelha da Federação
Solar. O mais desafortunado nos deu algumas novas
luas. Acreditei no que ouvi. Achei que
fosse uma vida boa, achei que fosse feliz.
Daí achei algo que mudou tudo..."
Anônimo, 2112
I. Abertura
"E os humildes herdarão a Terra."
II. Templos de Syrinx
... "As muralhas cinzas e maciças dos Templos
erguem-se do coração de cada cidade da Federação.
Eu sempre fui amedrontado por elas, ao pensar que
cada atividade de cada vida é regulada
e dirigida do seu interior! Nossos livros, nossa musica,
nosso trabalho e diversão eram cuidados pela
benevolente sabedoria dos sacerdotes..."
Nós temos tomado conta de tudo
As palavras que vocês ouvem as canções que canta
As imagens que dão satisfação aos seus olhos.
É um por todos e todos por um
Nós trabalhamos juntos, filhos da mesma terra
Nunca precisamos perguntar como ou por quê.
Nós somos os Sacerdotes dos Templos de Syrinx
Nossos grandes computadores
Preenchem os salões sagrados.
Nós somos os Sacerdotes dos Templos de Syrinx
Todas as dádivas de vida
São mantidas dentro de nossas muralhas.
Olhe em volta para este mundo que fizemos
Igualdade é o nosso lema
Venha e junte-se a Fraternidade de Homens
Oh, que mundo lindo e feliz
Deixe as bandeiras se estenderem
Segure a Estrela Vermelha orgulhosamente ao alto.
Nós somos os Sacerdotes dos Templos de Syrinx
Nossos grandes computadores
Preenchem os salões sagrados.
Nós somos os Sacerdotes dos Templos de Syrinx
Todas as dádivas de vida são mantidas dentro de
nossas muralhas.
III. Descobrimento
..."Atrás da minha querida cascata, no pequeno
quarto que era escondido abaixo da gruta,
Eu o encontrei. Eu esfreguei a sujeira de anos,
e o peguei, segurando com honra em minhas
mãos. Eu não tinha idéia do que poderia ser, mas era
bonito"...
..."Eu aprendi a acomodar meus dedos pelas cordas,
e a girar as chaves para fazê-las soarem de forma diferente.
Conforme eu batia nas cordas com minha outra mão, eu produzi
meu primeiro som harmônico, e logo minha própria música!
Quão diferente ela poderia ser das músicas
dos Templos!
Eu não posso esperar para contar aos sacerdotes sobre isto!..."
O que pode ser este estranho aparelho?
Quando eu o toco, ele emite um som
Ele tem cordas que vibram e geram música
O que pode ser esta coisa que encontrei?
Veja como ele canta como um coração triste
E alegremente grita seu sofrimento
Sons que se formam altos como uma montanha
Ou notas que caem suaves como chuva.
Não posso esperar para compartilhar esta nova maravilha
As pessoas todas verão a sua luz
Deixá-las todas fazerem suas próprias músicas
Os Sacerdotes louvarão meu nome nesta noite.
IV. Apresentação
..."No silêncio repentino, assim que terminei de tocar,
Eu olhei para um círculo de repugnância, rostos sem expressões.
Padre Brown levantou-se e sua voz sonolenta ecoou
Pelo silencioso Salão do Templo."...
..."Ao invés do alegre agradecimento que eu esperava,
Elas eram palavras de rejeição!Ao invés de elogios,
Dispensa mau-humorada. Eu assisti chocado e horrorizado quando Padre
Brown triturou meu precioso instrumento em pedaços
Sob seus pés..."
Eu sei que isto é muito incomun
Vir perante vocês assim
Mas eu encontrei uma maravilha antiga
Pensei que vocês deveriam conhecer
Ouçam minha música
E escutem o que ela pode fazer
Há algo aqui tão forte como a vida
Eu sei que ela tocará vocês.
Sim, nós conhecemos, não é nada de novo
É só perda de tempo
Nós não precisamos de coisas antigas
Nosso mundo está indo bem.
Outra ninharia ajudará a destruir
A raça antiga do homem
Esqueça sua fantasia boba
Ela não se encaixa no plano.
Não posso acreditar no que vocês estão dizendo
Estas coisas não podem ser verdade
Nosso mundo poderia usar esta beleza
Pense no que poderemos fazer.
Ouçam minha música
E escutem o que ela ela pode fazer
Há algo aqui tão forte como a vida
Eu sei que ela vai alcançar você.
Não nos incomode mais
Temos nosso trabalho à fazer.
Pense nos prejuízos
Que utilidade eles têm para você?
Outra ninharia ajudará a destruir
A raça antiga do homem
Esqueça sua fantasia boba
Ela não se encaixa no plano!
V. Oráculo: O Sonho
..."Eu acho que foi um sonho, mas mesmo agora tudo
parece tão nítido para mim. Claramente ainda vejo a
mão do oráculo acenando quando parado
no topo da escadaria"...
..."Ainda vejo a inacreditável beleza
das cidades esculpidas e o espírito puro do homem manifestado
nas vidas e atividades deste mundo. Eu fui oprimido
por ambos, desejo e juízo quando eu vi uma forma completamente
diferente de viver, uma forma que foi arrasada
pela Federação há muito tempo. Eu vi agora quão insignificante
a vida se tornou com a perda de todas estas coisas..."
Eu vaguei para casa por ruas em silêncio
E caí em um sono profundo
A saída para reinos além da noite
Sonho, você não pode me mostrar a luz?
Eu paro no alto de uma escada espiral
Um oráculo me encontra lá
Ele me guia por anos-luz distantes
Por noites astrais, dias galácticos
Vejo os trabalhos de mãos talentosas
Que encantam esta estranha e maravilhosa terra
Eu vejo a mão do homem levantar
Com a mente faminta e olhos abertos
Eles deixaram o planeta há muito tempo
A raça antiga ainda aprende e cresce
Sua força cresce com um forte propósito
De reivindicar o lar ao qual pertencem
Voltar, para romper com os Templos...
Voltar, para mudar!
VI. Solilóquio
..."Eu não deixo esta gruta faz dias, ela se
tornou meu último abrigo no meu desânimo total. Eu tenho apenas
a música da queda d'água para confortar-me agora. Eu posso
não mais viver sob o controle da Federação,
mas não há outro lugar para ir. Minha última esperança é
que com a minha morte eu passarei para o mundo dos meus
sonhos, e conhecer a paz afinal."
O sono ainda está em meus olhos
O sonho ainda está em minha cabeça
Eu suspiro e sorrio triste
E deito um instante na cama
Quisera que isto pudesse acontecer
Não sumir como todos meus sonhos...
Apenas pense que minha vida poderia ser
Em um mundo como eu vi!
Não acho que posso suportar...
Suportar esta vida fria e vazia
Oh...não.
Meus espíritos baixam nas profundezas do desespero
Meu sangue derrama.
VII. O Grande Final
Atenção todos Planetas da Federação Solar
Atenção todos Planetas da Federação Solar
Atenção todos Planetas da Federação Solar
Nós assumimos o controle.
Nós assumimos o controle.
Nós assumimos o controle.
Letra: Neil Peart (tradução do letras.mus.br)
Música: Alex Lifeson e Geddy Lee
Interpretação: RUSH
Comentário (extraído do site Whiplash):
“2112” ocupa todo o primeiro lado da versão em vinil do álbum de mesmo nome, lançado pela banda canadense RUSH em 1976. Trata-se de uma longa história dividida em várias partes, o que faz com que habitualmente o trabalho seja considerado como conceitual.
A música composta pelo baixista/vocalista Geddy Lee e pelo guitarrista Alex Lifeson, com letras do baterista Neil Peart, narra uma história que se passa no ano 2112, em um mundo controlado pelos sacerdotes dos templos de Syrinx (parte II da música) – a parte I, “Overture” (Abertura) é instrumental e apenas no final dela ouve-se: “And the meek shall inherit the earth” (E os mansos herdarão a terra) – como resultado de uma guerra ocorrida em 2062 e que terminou com os planetas que restaram alinhados sob a Estrela Vermelha da Federação Solar.
A vida das pessoas na época é completamente controlada pelos sacerdotes, que determinam tudo o que pode ou não ser lido, escutado ou feito. Mas tudo começa a mudar quando o protagonista encontra um violão – “Discovery” (Descoberta), parte III. Maravilhado com o som emitido pelo instrumento, ele se entusiasma com a oportunidade de mostrá-lo aos sacerdotes: “I can’t wait to share this new wonder/ The people will all see its light/Let them all make their own music/The Priests praise my name on this night” (Não posso esperar para compartilhar esta nova maravilha/As pessoas todas verão a sua luz/Deixá-las todas fazerem suas próprias músicas/Os Sacerdotes louvarão meu nome nesta noite).
O ledo engano cometido pelo protagonista é expresso na parte IV, “Presentation” (Apresentação). A empolgação dele acaba diante da reação dos sacerdotes do templo, que desmerecem por completo a descoberta, receosos com qualquer coisa que pudesse fugir do controle deles e perturbar a ordem estabelecida: “Yes, we know it's nothing new/It's just a waste of time/We have no need for ancient ways/The world is doing fine” (Sim, nós conhecemos, não é nada de novo/É só perda de tempo/Nós não precisamos de coisas antigas/Nosso mundo está indo bem).
Decepcionado e abalado com a reação dos sacerdotes, o protagonista cai no sono – parte V, “Oracle: The Dream” (Oráculo: o Sonho). Conduzido por um oráculo para planeta distante, ele vislumbra uma civilização dotada de liberdade e criatividade, prontos para destruir os sacerdotes do templo: “I see the works of gifted hands/That grace this strange and wondrous land/I see the hand of man arise/With hungry mind and open eyes” (Vejo os trabalhos de mãos talentosas/Que encantam esta estranha e maravilhosa terra/Eu vejo a mão do homem levantar/Com a mente faminta e olhos abertos).
Ao acordar, ele entre em desespero ao perceber a diferença entre o sonho e a realidade – parte VI, “Soliloquy” (Monólogo) – culminando na morte do protagonista: “I don't think I can carry on/Carry on this cold and empty life/My spirits are low in the depths of despair/My lifeblood spills over” (Não acho que posso suportar/Suportar esta vida fria e vazia/Meus espíritos estão baixas nas profundezas do desespero/Meu sangue derrama).
No encerramento, após o suicídio do protagonista, chega-se ao final enigmático – parte VII, “The Grand Finale (O Grande Final) – com uma voz que anuncia: “Attention all Planets of the Solar Federation/We have assumed control” (Atenção todos os planetas da Federação Solar/Nós assumimos o controle). A dúvida é se a civilização vislumbrada pelo protagonista durante o sonho assumiu o poder derrubando os sacerdotes do templo ou se sacerdotes alcançaram o poder pleno com a morte da única pessoa que poderia ameaçar a ordem estabelecida.
A maior influência para a composição de “2112” é o romance futurista “Anthem” (Hino), escrito pela autora russa Ayn Rand em 1938, responsável por inspirar o enredo, a estrutura e o tema da música.
Para saber mais:
Whiplash
RUSH (site oficial)
A vida das pessoas na época é completamente controlada pelos sacerdotes, que determinam tudo o que pode ou não ser lido, escutado ou feito. Mas tudo começa a mudar quando o protagonista encontra um violão – “Discovery” (Descoberta), parte III. Maravilhado com o som emitido pelo instrumento, ele se entusiasma com a oportunidade de mostrá-lo aos sacerdotes: “I can’t wait to share this new wonder/ The people will all see its light/Let them all make their own music/The Priests praise my name on this night” (Não posso esperar para compartilhar esta nova maravilha/As pessoas todas verão a sua luz/Deixá-las todas fazerem suas próprias músicas/Os Sacerdotes louvarão meu nome nesta noite).
O ledo engano cometido pelo protagonista é expresso na parte IV, “Presentation” (Apresentação). A empolgação dele acaba diante da reação dos sacerdotes do templo, que desmerecem por completo a descoberta, receosos com qualquer coisa que pudesse fugir do controle deles e perturbar a ordem estabelecida: “Yes, we know it's nothing new/It's just a waste of time/We have no need for ancient ways/The world is doing fine” (Sim, nós conhecemos, não é nada de novo/É só perda de tempo/Nós não precisamos de coisas antigas/Nosso mundo está indo bem).
Decepcionado e abalado com a reação dos sacerdotes, o protagonista cai no sono – parte V, “Oracle: The Dream” (Oráculo: o Sonho). Conduzido por um oráculo para planeta distante, ele vislumbra uma civilização dotada de liberdade e criatividade, prontos para destruir os sacerdotes do templo: “I see the works of gifted hands/That grace this strange and wondrous land/I see the hand of man arise/With hungry mind and open eyes” (Vejo os trabalhos de mãos talentosas/Que encantam esta estranha e maravilhosa terra/Eu vejo a mão do homem levantar/Com a mente faminta e olhos abertos).
Ao acordar, ele entre em desespero ao perceber a diferença entre o sonho e a realidade – parte VI, “Soliloquy” (Monólogo) – culminando na morte do protagonista: “I don't think I can carry on/Carry on this cold and empty life/My spirits are low in the depths of despair/My lifeblood spills over” (Não acho que posso suportar/Suportar esta vida fria e vazia/Meus espíritos estão baixas nas profundezas do desespero/Meu sangue derrama).
No encerramento, após o suicídio do protagonista, chega-se ao final enigmático – parte VII, “The Grand Finale (O Grande Final) – com uma voz que anuncia: “Attention all Planets of the Solar Federation/We have assumed control” (Atenção todos os planetas da Federação Solar/Nós assumimos o controle). A dúvida é se a civilização vislumbrada pelo protagonista durante o sonho assumiu o poder derrubando os sacerdotes do templo ou se sacerdotes alcançaram o poder pleno com a morte da única pessoa que poderia ameaçar a ordem estabelecida.
A maior influência para a composição de “2112” é o romance futurista “Anthem” (Hino), escrito pela autora russa Ayn Rand em 1938, responsável por inspirar o enredo, a estrutura e o tema da música.
Para saber mais:
Whiplash
RUSH (site oficial)
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