Milhões e milhões de dólares para produzir uma releitura de When Words Collide. Muitos efeitos especiais, duração longa (umas 2h30min), bons atores (John Cusack e Danny Glover), porém, baseado num clássico da ficção científica dos anos cinqüenta.
Roland Emmerich é um diretor fadado a refazer cults de maneira bombástica, cujos filmes possuem algo em comum: roteiros carregados de clichês, idéias vazias e alheias; cenas de ação excessivamente longas e absurdas; além do notório senso oportunista (como o tal calendário maia que prediz a data para o fim do mundo, qual seja, 21.12.2012). Fora isso é um bom entretenimento, só que não sobram grandes coisas!
Sobrou para a história: a ocorrência de um colossal cataclisma na Terra em 2012, cujos terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas arrasarão todos os continentes. A causa: uma inesperada reação solar associada à proximidade da data fatídica. Então os governantes, capitaneados pelo presidente dos Estados Unidos resolvem, de maneira sigilosa, adotar uma medida drástica: construir imensas arcas (tal qual Noé) na China. Dentro destas colocarão diversas espécies animais, além de políticos, cientistas e outros seres privilegiados. A maior parte da humanidade, já adianto, será exterminada.
Porém, um pai separado e dedicado aos filhos (Cusack) obterá a informação escondidas pelos governantes, bem como colocará sua família numa destas gigantescas embarcações. Para tanto, apenas sairá do Parque de Yellowstone em um bimotor, passando pela Califórnia e posteriormente chegará à China num imenso Antonov!!!!! E em questão de poucas horas, afinal é tudo perto!
Também já adianto que, obviamente, a América do Sul será o primeiro continente a ser arrasado e pouco sobrará (e isto quer dizer que nenhum latino americano estará na arca e, consequentemente, estaremos extintos) – inobstante a referência do Brasil na descartável cena do Cristo Redentor se despedaçando. E aí, chineses, americanos, alemães, ingleses, canadenses e mais alguns representantes dos países do G8 passarão pela provação. E chega a ser comovente (a ponto de causar náusea) a alegria destes poucos sobreviventes diante do extermínio de 4/5 (ou mais) da população mundial. Somente sendo do primeiro mundo + a China para torcer por nossos heróis!
E do longínquo When Worlds Collide (1951)? Sinto saudades! Saudade de um filme produzido no início da Guerra Fria. Saudade de uma história original, séria, bem escrita e menos hipócrita. Saudade de seu produtor George Pal. Saudade de uma época que não conheci, mas que fico suspirando quando assisto o diretor alemão exterminar os latino americanos e que resolve se lembrar do Brasil destruindo nosso maior ícone do turismo!
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