Às vezes me pergunto se Akira Kurosawa (1910-1998) foi o diretor japonês mais ocidentalizado ou o contrário: se foi ocidente que se “orientalizou”!
Competentíssimo ro- teirista e diretor, seus trabalhos sempre atraem o cinéfilo paciente, seja pelas tomadas longas, seja pelos diálogos ferinos, rápidos e diretos. Mesclou a gesticulação agitada, os gritos e as entonações de voz japonesas com um estilo de direção romantizado, aventureiro e escapista. Amante também do Japão feudal, nos apresentou imponentes samurais, ronins e shoguns, associados a belíssimos castelos (como em Kagemusha – 1980 e Ran - 1985).
Mesmo retratando um país patriarcal, suas aparentemente frágeis e delicadas mulheres escondem segredos, ambições e astúcia, tal qual uma Caixa de Pandora. Se transferidos para o Western, muitos de seus roteiros poderiam se adaptar perfeitamente (tal como o de Yojimbo – 1961). Via de conseqüência, foi admirado pelos diretores, críticos e público ocidentais.
Obras como Star Wars - 1977 e Por Um Punhado de Dólares - 1964 tem sua origem vinte anos antes ou menos; foram, de certa forma, reescritas, feito uma releitura, seja por um diretor americano (George Lucas) ou italiano (Sergio Leone), respectivamente.
O internauta discorda deste comentarista? Então assista A Fortaleza Escondida (The Hidden Fortress/Kakushi-toride no san-akunin - 1958) e verá uma jovem e temperamental princesa, preocupada com seus súditos, que é escoltada por um guerreiro através de um território hostil, cujos cavaleiros utilizam capacetes semelhantes aos soldados da Estrela da Morte (ou do próprio Darth Vader), com dois sujeitos caricatos que lembram vagamente dois andróides chamados R2D2 e C3PO.
Se desconsiderado os trejeitos japoneses, que causam certa estranheza e ojeriza ao público local, o resto é puro cinema ocidental ou... cinema “ocidental-orientalizado”!
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