quinta-feira, 3 de setembro de 2009

FICÇÃO DE POLPA


Thintosecco



Na semana passada completei mais um ano de vida e ganhei da minha mana um baita presente: os três primeiros volumes da coleção Ficção de Polpa. Tratam-se de coletâneas de contos - de horror, ficção científica e fantasia - produzidos por autores nacionais (gaúchos, principalmente) da atualidade, com um toque vintage. Esses livros, em formato de bolso, tentam reproduzir em quase tudo os antigos magazines de contos que lá fora constituíram no passado a chamada "pulp fiction".



Aqui, muitos devem lembrar de antigas revistas do gênero publicadas, entre as décadas de 50 e 70 , pela Editora Globo, que na época era sediada em Porto Alegre e nada tinha a ver com o grupo de empresas comandado pelo jornalista Roberto Marinho. Pois a atual Ficção de Polpa inclusive tem os textos divididos em colunas como era comum na época, capas estilizadas à moda antiga ... E mais: até comerciais fictícios de produtos incríveis com a cara dos anos 50/60! E o melhor, amigos, é que as histórias são realmente boas. Leitura altamente recomendada.


"E você se pergunta, leitor: porquê diabos este livro se chama Ficção de Polpa? Porque a ficção científica como nós a conhecemos, o horror moderno e (em menor grau) a literatura fantástica moderna devem muito à um tipo de publicação tão barata quanto desprezada: as revistas pulp, ou pulp fictions publicadas entre as décadas de 1920 e 1950, assim chamadas por serem impressas no papel mais barato possível, feito com a polpa da madeira e vendidas por meros dez centavos. Suas capas traziam quase sempre uma belíssima e apelativa (para os padrões da época) ilustração de uma mulher seminua em perigo, torturada ou capturada pelo sádico vilão, e à espera do herói que a resgatasse. Foram nas páginas dos pulps que H.P. Lovecraft praticamente inaugurou o estilo atual de se pensar a literatura de horror, assim como foram nas páginas das pulps que o editor de Amazing Stories, Hugo Gernsback, cunhou o termo science fiction e fundou o gênero do modo como o conhecemos. Graças à "literatura barata" dos pulps, escritores como Lovecraft, Issac Asimov, Arthur C. Clarke, Ray Bradbury, Raymond Chandler e Elmore Leonard, entre dezenas de outros, desenvolveram seus estilos."

(Trecho da introdução do volume 1 do Ficção de Polpa, por Samir Machado de Machado).




É nessa tradição que os atuais livros pretendem se encaixar, com material original e nacional. E parece que conseguiram.

A publicação é da
Não Editora. Outras resenhas: Universo Fantástico e
Pós-estranho.





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