Quatermass
O que é uma colcha de retalhos? É uma colcha confeccionada com sobras de tecidos. E um filme produzido por Roger Corman? É uma colcha de retalhos cinematográfica!
Este tipo de colcha compreende: aproveitamento de cenários, idéias, atores de segunda, direção mediana e orçamento baixo. Mercenários das galáxias (Battle Beyond the Stars – 1980) é uma produção Roger Corman. E o que isto quer dizer? Que meu primeiro contato com a obra foi um misto de trauma, surpresa e simpatia!
Lá por 1982, o cine Bristol brindava seu público com o anual ciclo de ficção científica. Num determinado dia da semana, resolvi assistir ao filme. Com público cativo e seleto, o Bristol tinha algumas peculiaridades: uma delas, a ausência de vaias e comentários durantes as exibições. Afinal, quem ali se encontrava estava ciente do risco que corria!
Mas eu não! Tinha 19 anos e já havia assistido Guerra nas Estrelas, O Império Contra-Ataca, Jornada nas Estrelas – O Filme, Alien - o Oitavo Passageiro, Blade Runner; ou seja, grandes filmes, de grande orçamento e que enchiam os olhos. Ao iniciar Mercenários das Galáxias, o choque: a abertura lembrava um filme já visto antes! Depois, cenários pobres, efeitos especiais chinfrins e uma trilha sonora de James Horner que lembrava muito a de Jerry Golsdsmith em Jornada nas Estrelas - O Filme. Aí vão pensar: então todo mundo se levantou durante a exibição e saiu! Errado! Era um filme de Roger Corman!
Desde os anos 60, já existiam fiéis seguidores. Em sua obra sempre há algo em comum: a de fazer sopa de pedra, cujo sabor final resulta de uma receita própria. Então, o que salvou a obra? A simpática idéia original! Mercenários das Galáxias é a versão espacial de Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa: os pacíficos e indefesos habitantes do planeta Akira são ameaçados por Sador (John Saxon): deveriam se submeter ao tirano, sob pena de seu lindo planeta ser transformado em uma estrela.
Para enfrentá-lo, procuram mercenários, guerreiros, aventureiros e ronins de todos os gêneros. Oferecem diferentes riquezas para cada um deles: fortes emoções, uma gloriosa batalha e até mesmo o mais singelo: três refeições diárias e um refúgio ao bandido Gelt (Robert Vaughn). Comandados por Shad (Richard Thomas) e em uma velha nave espacial, cujo avatar também é familiar (a namorada do robô de Perdidos no Espaço – óbvio que só a cabeça, para não chamar ainda mais a atenção). E uma pequena curiosidade: o diretor de arte era nada mais, nada menos, que James Cameron.
Resumindo, todo mundo foi, viu e gostou! Realmente, o resultado não deixou à desejar, afinal é um filme despretensioso e honesto (afinal, Roger Corman é Roger Corman). O que quero dizer? Que uma colcha de retalhos é uma colcha de retalhos: cumpre o mesmo papel da colcha, mesmo que feita de sobras.
Por fim, uma sugestão: confiram a Coleção Roger Corman lá no blog Cinedivx Bizarro. Saudações galáticas! (Thintosecco)
1 comentários:
Esse filme fez época; lembro muito bem dele e é inesquecivel. Até hoje curto demais. Claro que quando se é criança nos anos 80 a imaginação era bem maior. Mas vale a pena ainda.
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