quarta-feira, 25 de junho de 2008

OUTLAND



por Quatermass


Bons tempos aqueles que tudo demorava a chegar e quando vinha era aguardado com incrível ansiedade.


Sado-masoquismo meu? Vou então explicar através de um exemplo: O Retorno de Jedi. O Retorno de Jedi estreou em maio de 1983 nos Estados Unidos, em outubro do mesmo ano no Brasil e em 1984 em Porto Alegre/RS. Pois é! Naquele tempo a ordem era a seguinte: primeiro no país de origem; seis meses depois em Rio-São Paulo; mais seis meses em Porto Alegre, capital da Província de São Pedro, e outro tanto nos cinemas do interior. Não estou exagerando, era assim! Mas devido à pirataria do vídeo (antes VHS depois DVD) os exibidores deixaram de ser preguiçosos e deram um jeito de agilizar para evitar um prejuízo ainda maior.


Hoje em dia um lançamento é quase simultâneo com o resto do mundo (e Porto Alegre junto). Perdeu um pouco a graça: antes mesmo do filme ser concluído já existem sites com fofocas e novidades, pseudo-trailers, comentários de gente que diz que viu, mas tão somente para promover o filme, ainda que seja uma droga (do tipo a segunda trilogia de Star Wars) e por aí vai! Porém, há quase trinta anos atrás as notícias vinham devagar, isoladas, já acompanhadas de críticas verdadeiras e não porcarias de fã-clubes e revistas/sites engajados.


Foi assim com Alien – O Oitavo Passageiro, com O Império Contra-Ataca, Jornada nas Estrelas - O Filme e tantos outros. Outland (1981) foi uma agradável exceção. Diferentemente dos grandes filmes já citados, a obra de Peter Hyams estreou na mesma época de Blade Runner, Mad Max 2 e Firefox. Covardia! Mas passou com louvor! Assisti Outland em 1982 no extinto cine São João. O cinema não estava vazio - curioso por ser uma mescla de ficção científica com faroeste. Estavam cheias as cadeiras e a tela, pois lá estava Sean Connery, na pele do delegado O’Neil, tentando botar ordem numa colônia de mineração em Io, uma das luas de Júpiter.

Por que faroeste? Porque O’Neil é o alter-ego do delegado Will Kane (Gary Cooper) de Matar ou morrer. Ao contrário da obra de 1952, O’Neil já é casado, mas sua esposa se manda daquele buraco com o filho, mesmo sem saber que o marido enfrentará traficantes e policiais corruptos, comandados pelo administrador do lugar, Sheppard (Peter Boyle, excelente). Tem suspense, drama e uma mocinha (Frances Sternhagen) bem diferente de Grace Kelly, que ajuda nosso herói. Uma excelente releitura de Matar ou Morrer, realizada por um diretor de altos e baixos. E Sean Connery é Sean Connery – sempre vale a pena esperar.



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