Nas florestas da noite.
Que mão que olho imortal
Se atreveu a plasmar tua terrível simetria ?(...)”
Ato 1: Dois cilônios condenados se dirigem à comporta de ar da nave de combate Galactica. Seu destino: ejeção para o espaço vazio.
Seus crimes? Os mais variados. São idênticos, máquinas clonadas à forma humana, mas que se separaram: um deles queria estar entre os humanos em meio ao holocausto, como um observador em Caprica; o segundo, o de preparar o fim da raça humana e servir a bordo como padre. O cilônio chamado UM (Dean Stockwell, excelente) possui um alter ego, mas ambos detém um dos diálogos mais sarcásticos, ferinos e irônicos já criados para a televisão. Seguiram caminhos diferentes, mas convergiram para a Galactica.
A versão anos dois mil do seriado Battlestar Galactica está anos-luz do homônimo dos anos oitenta: seu texto é mais criativo e complexo, com personagens dúbios e situações extremamente violentas. Após quatro temporadas incrivelmente regulares e um final coerente (até certo ponto), gerou alguns “spin-offs”. Um destes é o longa chamado O Plano, recentemente lançado em DVD.
Os primeiros quinze minutos mostram, pela terceira vez, a destruição das Doze Colônias de Kobol, só que a primeira sob o ponto de vista das máquinas (e, diga-se de passagem, não fica devendo as outras duas versões). Alias, este longa tem por protagonistas as máquinas que adotaram a forma humana, sobressaindo Stockwell. UM já era uma personagem à parte do seriado e com este longa fez-se justiça. UM representou o ápice das máquinas, frio, calculista, ambicioso, despreza a raça humana como o asco que sentimos por uma barata.
Diferentemente do que aparenta, este telefilme não possui frases soltas, pelo contrário (a mais curiosa talvez seja “o amor sobrevive à morte” – aplicável em várias situações)! A trilha sonora de Bear McReary é hipnótica e insinuante.
O Plano, por outro lado, tenta fazer um ‘fast foward’ dos acontecimentos da série, principalmente das duas primeiras temporadas, e talvez este seja seu maior pecado: reduzir dois anos de série em 100 minutos tonteia o expectador. Seria até descartável ou mesmo ser algum episódio da quarta temporada, mas UM rouba as cenas, em atuações memoráveis!
Ato 2: os dois UM divergem quanto ao extermínio dos humanos, demonstrando um deles até sentimento de simpatia e arrependimento.
Pouco antes da ejeção, um momento de compaixão. Os cilônios foram construídos para servir e se revoltaram, criatura contra criador. São dotados de sentimentos e gestos como amor, ódio, ambição, extrema crueldade, traição e crença em um Deus único e onipresente; ao mesmo tempo em que acreditam que pela perfeição que alcançaram são sua mão divina para exterminar e suceder a humanidade: é o resultado em construir máquinas à imagem e semelhança do homem!
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