sábado, 15 de maio de 2010

ONE FOR THE ANGELS


Quatermass



Primeiro episódio após o piloto da série Twilight Zone (Além da Imaginação – 1959/1964), teve como principal tarefa mostrar a que veio a série, bem como quem foi Rod Serling (1924-1975).


Superior ao episódio piloto, nos conta uma versão menos sinistra e mais romanceada de O Sétimo Selo, de Ingmar Bergmann. E este foi seu estilo durante todas as cinco temporadas; diferentemente do irregular seriado seguinte, Galeria do Terror (Night Gallery - 1970-73).


Rod Serling foi um excelente roteirista: extremamente criativo em adaptar histórias curta próprias e de terceiros (Richard Matheson, dentre outros). Conseguia escrever diálogos dos mais variados: divertidos, sérios, críticos e, principalmente, inteligentes. Suas histórias duravam em média 25 minutos, tempo suficiente para assistir, entender e refletir. Sim, porque Além da Imaginação não lidava com medo ou terror, mas transmitia mensagens assustadoramente coerentes, sarcásticas e irônicas.



One for the Angels conta a história de Lou Bookman, um simpático vendedor ambulante, uma criatura comum dentre tantos milhares que residem num dos bairros mais humildes de Nova Iorque. Ao chegar em seu apartamento depara-se com o Sr. Morte, sim ela mesma, porém, impecavelmente trajado, com seu caderninho de anotações, fins de agendar decolagens ou descidas.


Ao tentar estabelecer uma negociação, infelizmente Lou não possui os três requisitos que lhe permitiriam adiar sua desencarnação. Porém, uma menina, Maggy, de oito anos, adentra na sala e, não percebendo a presença do emissário do além, pede a Lou consertar seu brinquedo. Vendo que o vendedor possui qualidades que muitas vezes extrapolam critérios sociais e intelectuais, resolve adiar.


Indagando a Lou a nova data, este desconversa. Irritado, o Sr. Morte resolve não ficar no prejuízo: um atropelamento ocorre de imediato na rua em frente. Maggy fora atingida e, ao ser socorrida por Lou, percebe a presença do almofadinha com seu bloco de notas. O vendedor imediatamente abre mão da pretensa prorrogação de prazo, mas a Morte já está satisfeita com o resultado: à meia-noite irá buscar a menina.



Então, o mero vendedor ambulante mantém plantão em frente ao prédio onde mora e de sua pequena vizinha, como se a Morte caminhasse calmamente pela calçada entrasse pela porta da frente; é o que acontece! Como Rod Serling se utiliza muito de metáforas e alegorias, nada mais justo tal absurdo!


Por volta de vinte para a meia-noite Lou e Sr. Morte encontram-se na calçada e aí transparece o verdadeiro valor de um homem. O mascate passa a enaltecer suas mercadorias e bugigangas, a ponto da Morte, por momentos entregar-se ao consumo.


Meia-noite: o médico sai do quarto de Maggy, atestando a boa notícia. Sr. Morte, novamente irritado, dirige-se a Lou em tom de derrota e frustração. Mas o vendedor tem outro trunfo - uma mercadoria com a rara qualidade de um bom vinho envelhecido: Lou novamente se oferece ao insaciável consumidor.



O final que poderia ser triste não o é. Até mesmo um mero vendedor ambulante torna-se um astuto desafiante e como tal enfrentou a morte, resistindo até onde foi preciso: após, assumiu seu desígnio! Este é um roteiro de Rod Serling e está Além da Imaginação!



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