sexta-feira, 21 de agosto de 2009

HERÓIS OLÍMPICOS Parte 3







Jesse Owens e outros: os campeões da igualdade.





A Olimpíadas de Berlim, em 1936, foram as primeiras da história com o objetivo de se propagar uma ideologia política. O III Reich incentivava o esporte com dois objetivos: produzir mais e melhores máquinas de guerra e gerar uma raça sadia. A obsessão nazista não se resumia apenas a judeus, como a Indústria do Holocausto adora citar, mas a políticos, doentes mentais, homossexuais, ciganos, eslavos e debilitados fisicamente, os quais já tinham sido selecionados para a solução final.


O espetáculo do regime tinha de estar garantido e o mundo deveria ver os Jogos de acordo com que a Alemanha de Hitler queria. Para isso, os fotógrafos e jornalistas participantes deveriam ser exclusivamente alemães. Leni Riefenstahl foi escolhida pelo COI para realizar o filme oficial dos Jogos. Cineasta renomada e protegida de Hitler, Riefenstahl havia dirigido os documentários "Vitória de Fé" e "Triunfo da Vontade", ambos sobre o partido nazista. "Olympia" inovou com técnicas e equipamentos revolucionários para a época. Com carta branca do Führer e uma equipe completa para realizar o filme, Riefenstahl pode fazer um documentário acima da propaganda nazista - aliás, há indícios que ela não era efetivamente nazista, mas apenas colaborou com o regime durante alguns anos.


Os preparativos para a realização dos jogos de 1936 foram grandes. Não se pode afirmar que os jogos de Berlim foram feitos apenas para provar a superioridade da raça ariana. Os alemães queriam mostrar a todo o mundo a um país reconstruído, economicamente forte e uma potência militar. No dia primeiro de agosto de 1936 tiveram início os Jogos Olímpicos de Verão com a "Marcha da Homenagem" de Wagner e os hinos da Alemanha e Nazista.



No futebol houve confusão em vários jogos, o principal foi a escandalosa vitória do Peru sobre a Áustria. Quando o time sul-americano vencia por 4 a 2 o juiz paralisou o jogo devido as invasões de campo e exigiu uma nova partida. Os peruanos tentaram reclamar, mas quem iria enfrentar os conterrâneos do Führer? No Peru os consulados do Reich foram apedrejados enquanto toda a delegação peruana abandonava os Jogos em protesto contra a "marmelada".

Outro caso curioso foi a expulsão da atleta estadunidense Eleanor Holm Jarrett, que foi acusada de má conduta e bebedeira durante a viagem de navio até a Europa. Dois boxeadores também foram enviados de volta aos EUA assim que chegaram ao Velho Continente. O Comitê Olímpico dos EUA não queria divulgar o caso mas posteriormente descobriu que se tratou de um incidente numa joalheira devido a comentários sobre a política racial dos nazistas. Ou seja, os atletas que defendiam a liberdade de expressão foram cortados da delegação dos EUA.


O caso menos comentado é do corte dos corredores judeus Sam Stoller e Marty Glickman. Eles foram substituídos por dois atletas negros: Ralph Metcalf e Jesse Owens. Sim, Owens era "reserva" na equipe americana!

Antes de começar a saga de Owens, Cornelius Johnson, um outro negro, ganhou a medalha de ouro no salto em altura. Hitler que até então tinha apertado a mão dos vencedores de atletismo se retirou do estádio. Daí em diante começava o show de Jesse Owens, que venceu os 100m e 200m rasos, revezamento de 400m e salto em distância, Quando Owens venceu a prova dos 200m ele mirou seus olhos para o COI e não para a tribuna de Hitler, que já não estava mais lá para conferir o seu feito. A versão conhecida de que Hitler tenha abandonado o estádio quando Owens venceu, foi confundida com a historia de Cornelius. Talvez a imprensa assim fez parecer pelo fato de Owens ter sido o maior vitorioso daquela edição olímpica, o que serviria como uma melhor propaganda anti-nazista. Nesta história quem saiu ofuscado foi Cornelius Johnson.





Os EUA, que trataram seus atletas negros como auxiliares, conseguiram vencer 10 provas de atletismo. Destas, 6 medalhas de ouro foram conseguidas com a participação de quatro negros. Os feitos dos negros Cornelius Johnson, Ralph Metcalfe (revezamento de 400m) e Woodruff Willianson (800m) ao conquistarem medalhas de ouro em plena Berlim nazista foram apagados diante das quatro medalhas de Owens. Na equipe americana havia ainda um atleta indígena: o maratonista Ellison "Tarzan" Brown.



Na época, os atletas eram tratados com desprezo, por isso começaram um movimento por melhores condições. Além de não serem remunerados eram descontados em certas ocasiões enquanto os dirigentes eram recepcionados com todo o luxo. Owens, apesar de herói nacional e utilizado como propaganda de um país justo, democrático e liberal, fez várias turnês pela Europa sem tirar proveito econômico da situação. Cansado, Owens se rebelou durante apresentações na Europa e ao retornar para os EUA decidiu não mais disputar medalhas pela Associação Estadunidense.

Quanto a Cornelius Johnson, alguns anos depois afastou-se das competições e foi trabalhar como carteiro. Depois, tornou-se marinheiro mercante, profissão na qual adquiriu uma pneumonia que custou-lhe a vida, com apenas 32 anos de idade.


Talvez a maior lição de vida que se possa obter do caso Owens (e seus companheiros), não seja a historia com Adolf Hitler, que é repleta de especulações. Seu maior mérito talvez esteja em fazer seus próprios conterrâneos aceitarem e respeitar cidadãos afro-descendentes, o que em muitos momentos Owens chegou comentar em sua biografia.

Fontes:
Duplipensar.net
Wikipedia




2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
MrOX disse...

Muito bom, um documentário !!

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