quinta-feira, 7 de junho de 2012

A SALA DOS ESPELHOS







"Que meus amigos possam se orgulhar da imagem que refletem no espelho da vida."

                                                                                                                          Shakespeare




Um jovem caminha seguindo os trilhos de um trem. Não mostra o rosto nem solta a voz. O som é apenas o da música, que parece marcar seus passos e diz algo sobre “stars”. A cena passa rápido, era apenas um comercial na tevê, há muito tempo. Se foram aquela época e o comercial do sapato Starsax. 
  

Mas ficaram a imagem e, principalmente, a música. Diz a lenda que essa música não apenas abrilhantou o saudoso comercial do Starsax (criação de um publicitário gaúcho que também foi o responsável pelas antigas campanhas da marca Ortopé), mas foi sua verdadeira fonte de inspiração. O jovem andarilho solitário seria então uma representação do  “young man” referido na canção. 



A música evoca uma certa sensação de mistério, um enigma talvez. De onde surgiu essa música e o que dizia, afinal? Tive o privilégio de logo esclarecer a primeira dúvida ainda no tempo dos saudosos LPs. Hall of Mirrors faz parte do álbum Trans-Europe Express, lançado em 1977 pelo grupo alemão Kraftwerk. Ah, isso me traz saudades da mágica coleção de vinis dos meus vizinhos e amigos Marcelo e Márcio... Mas naquele tempo havia tanto a conhecer que não me detive em examinar a letra e permaneceu o mistério do sentido da canção.


E então hoje, pela benção de outro grande amigo, o Luciano (o homem dos grandes links!) sou agraciado não apenas com essas lembranças, mas com a oportunidade de conferir a íntegra da letra de Hall of Mirrors. E me impressiono com sua sabedoria. 


Segue a letra, que retirei do site letras.terra.com.br e o clipe linkado pelo Luciano, com legendas em português e com o magnífico som original do Kraftwerk, com o charme dos “estalinhos” do vinil!








A Sala Dos Espelhos

 
O rapaz entrou no sala dos espelhos
Onde ele descobriu um reflexo de si próprio

Mesmo as maiores estrelas
Descobrem-se no espelho

Algumas vezes, ele viu seu verdadeiro rosto
E outras, um estranho no seu lugar

Mesmo as maiores estrelas
Encontram seu rosto no espelho

Ele se apaixonou pela sua própria imagem
E, de repente, a imagem foi distorcida

Mesmo as maiores estrelas
Antipatizam consigo no espelho

Ele se fez a pessoa que ele queria ser
E mudou para uma nova personalidade

Mesmo as maiores estrelas
Mudam a si mesmas no espelho

O artista está vivendo no espelho
Com os ecos de si próprio

Mesmo as maiores estrelas
Vivem suas vidas no espelho

Mesmo as maiores estrelas
Fixam seu rosto no espelho

Mesmo as maiores estrelas
Vivem suas vidas no espelho

Até as maiores estrelas vivem suas vidas no espelho





"O relacionamento é o espelho em que podemos ver-nos como somos. Toda a vida é um movimento de relacionamento. Não existe nada vivo na Terra que não esteja relacionado com uma coisa ou com outra. Mesmo o eremita, o homem que parte para um lugar solitário, está relacionado com o seu passado, está relacionado com aqueles que estão ao seu redor. Não há como fugir ao relacionamento. Nesse relacionamento que é o espelho no qual podemos ver-nos, podemos também descobrir o que somos, as nossas reações, os nossos preconceitos, os nossos medos, depressão, ansiedades, solidão, sofrimento, dor, pesar. Podemos também descobrir se amamos ou se o amor não existe. Por conseguinte examinaremos a questão do relacionamento porque ele é a base do amor."

                                                                                                                    J. Krishnamurti

 










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