domingo, 13 de junho de 2010

FÚRIAS DE TITÃS



por Quatermass





Fúria de Titãs (Clash of the Titans -1981) e Fúria de Titãs (Clash of the Titans – 2010) possuem os mesmos personagens, a mesma história com as mesmas invencionices e defeitos.



Primeiramente, desconsidero a questão da conversão de 2D para 3D, porque, no final das contas, não acresce em nada diante dos demais equívocos verificados.






Resumo do resumo do resumo: sentindo a perda da crença dos homens nos deuses do Olimpo, Zeus (Liam Neeson/Qui-Gon Jinn) decide castigá-los liberando o Kraken. Para aplacar sua ira, devem sacrificar a princesa Andrômeda. Perseu, semi-Deus, filho de Zeus que vive entre os homens, inicia uma viagem em busca de um meio para vencer o Kraken e em suas andanças é presenteado com Pégaso, o cavalo voador, e encontra as bruxas, lhe dirão a maneira de destruir o Kraken.



Acabam aí as semelhanças. Começam, então, as diferenças: 1 – O Pégaso anos oitenta é branco; o recente é preto. 2 - A trilha sonora do filme de Desmond Davis é chata, monótona e repetitiva; a de 2010, de tão discreta, quase desaparece. 3 – A busca de Perseu no primeiro filme foi por amor à Andrômeda; no segundo, por vingança e descrença nos deuses.





Mas o maior problema dos dois filmes é justamente Perseu: seguindo a receita dos anos oitenta, o primeiro aparentava ser um herói jovem, bobo e bundão, e de ter sido tirado da platéia de George Lucas ou Spielberg; o mais recente (Sam Worthington) é bem mais velho, bobo e bundão, mais como um Jake Sully que retornou do Planeta Pandora, e tão expressivo quanto um bloco do granito!




O que leva, em verdade, à seguinte constatação: o título pode se referir aos titãs, mas a fúria parte do público que assistiu às duas obras!







Mas nem tudo são desilusões. Há uma pequena e sutil diferença que marcará sempre o primeiro filme: o trabalho de Ray Harryhausen na cena do Templo de Medusa (confira o clipe no final do post).




Se no filme de Louis Leterrier a aplicação da computação gráfica, de tão perfeita, resulta em cenas de ação ininterruptas, histéricas e desprovidas de atmosfera, tal qual os filmes de Michael Bay e, recentemente, James Cameron; o arcaico stop motion ‘cai como uma luva’ para criar tensão.


A cena de Medusa do original é lenta, vagarosamente inteligente e manipulada, deixando as emoções e os sentidos à ‘flor da pele’. As tomadas são digeridas pelos olhos, quadro a quadro, aumentando a inquietação.


Já o novo, lembra a correria de um desenho do Scooby Doo, onde a adrenalina passageira resulta em meros sustos e, ainda por cima, com uma Medusa ‘prá lá de bonita’!!!!



Taí a diferença de Harryhausen - em cada um de seus filmes, desde Mighty Young Joe (1949), sempre há uma tomada clássica e inesquecível, que resume bem a diferença do stop motion para computação gráfica: o de um diamante bruto, que levou milhões de anos para ser formar, sendo lentamente lapidado à mão; a computação gráfica seria aquele rubi sintético, fabricado aos milhares, que ninguém se importa com seu destino e cai logo no esquecimento.








1 comentários:

MoizaCARTUNS disse...

Tenho ouvido falar muito mal deste filme (que ainda não assisti), especialmente pela mistura de mitologias que dá a entender que os produtores não entendem merda nenhuma do que estão produzindo. Kraken, por exemplo, é da mitologia nórdica. Nada a ver com Zeus e Hades.

Porém, curti demais o trailer. Parece regado à muita ação; bem diferente da versão antiga.

De qualquer forma, assim que encontrar este filme na locadora, vou querer assistir sem nem pensar!

Abraços o/

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