quinta-feira, 5 de novembro de 2009

DISTRITO 9

Quatermass


O que são Babushka? São bonequinhas de origem russa, dispostas na seguinte ordem: uma dentro da outra. O que é Distrito 9? É uma favela dentro de uma favela. O que tem a ver uma coisa com a outra? A princípio, nada; porém são semelhantes!?!?



Obra de ficção científica do estreante Neill Blomkamp, é superior aos congêneres americanos deste ano. Por que? Porque nos apresenta o inusitado: alienígenas que chegam à Terra, mais precisamente sobre Johannesburg, na África do Sul. Famintos, sujos e carentes, são rejeitados, também por sua aparência repugnante – apelidados de “camarões” – e então segregados numa área denominada Distrito 9.


Sua gigantesca nave fica inerte por vinte anos sobre a também gigantesca favela e dá-se a ironia das ironias: os aliens são explorados pelos favelados, principalmente os nigerianos, que lhes vendem comida de gato (o prato favorito dos “camarões”) a preços exorbitantes.



Fartos da incômoda presença, os humanos resolvem expulsar os sub-favelados e removê-los para outro local, “mais confortável, tranquilo e seguro”, mediante notificação judicial de despejo!!! Calma, o filme não é dos Monty Python, e sim extremamente crítico. A companhia que patrocina o evento é a MNU, que entre suas inúmeras ramificações, possui uma divisão de armamentos que está muito interessada nas potentes armas aliens, que, infelizmente, só são ativadas quando identificado o DNA dos “camarões”.


Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley), o herói/anti-herói/palhaço, é o encarregado de comandar o despejo, quando, acidentalmente descobre um estranho artefato criado por Christopher (o nome humanizado do “camarão”) e sofre um... digamos... acidente de trabalho.



A idéia de utilizar uma favela e fazer dos aliens os explorados, inclusive dos favelados, é original. O verdadeiro herói deste filme é Christopher, que se num primeiro momento nos causa repulsa, mas, aos poucos identificamos excesso de humanidade e imediatamente mudamos de lado, a ponto de torcermos cada vez que um humano explode!!! É através deste jogo de incoerências que Distrito 9 se sobressai de Star Trek XI e outros: existe uma mensagem subliminar e um final pra lá de anti-hollywoodiano.


Outro destaque ficam pelos efeitos especiais da turma de O Senhor dos Anéis (nada mais natural, eis que produzido por Peter Jackson): já aparecem desde o primeiro minuto e duram a exibição inteira; no entanto, não são cansativos! Quando uma idéia bem bolada se junta com efeitos especiais, automaticamente fundem-se e mesmo que não percebamos, subconscientemente sentimos um mal estar pela inteligente agressão: muitas vezes a pior dor não é a física, mas a da percepção! Distrito 9 fala disso: miséria, segregação, exploração, corporações poderosas e... humanidade extra-terrestre!!!



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