sábado, 11 de abril de 2009

A AVENTURA NO RÁDIO parte 2


Tioguara


- Tu tá doido! Capaz!


Pra quem não conhece gírias gaúchas, explico que capaz quer dizer algo como “duvido muito”, com mais força, quando a gente se refere a algum evento impossível ou muito improvável. O meu amigo poderia ter sido até mais enfático, usando a expressão bem capaz! Mas talvez ele tivesse uma ponta de esperança naquela nova "viagem" : apresentar uma edição do Clube do Ouvinte da Ipanema FM.


– Isso aí deve ser panelinha! Tu acha que eles vão nos colocar no microfone da rádio? Nós, dois guris que nunca viram?


Sem tentar não dá pra saber, argumentei. Depois de ouvir do parceiro um segundo capaz, me comprometi de telefonar pra rádio para saber sobre os requisitos para realização de uma edição do programa.


Essa ligação demandou um certo preparo espiritual. Quero dizer: controlei os nervos o melhor que pude e à noite toquei o fio para a Ipanema. Qual não é a minha surpresa quando atende o telefone a própria “dona” do programa, a Kátia Suman, entoando com aquela sua voz aveludada e peculiar: Ipanema FM, boa noite! Ali já tremi na base, a coisa começava a tomar ares de seriedade. Lidei com o medo (ou ansidade, ou nervosismo, como queiram) de uma forma como em muitas outras ocasiões, mentalizando: “Medo por quê? Não to fazendo nada de errado, ora bolas!” E fui em frente. Meio gaguejando expus à Kátia minha intenção de participar do Clube do Ouvinte com um amigo. Os dois? Mas são dois apresentando no máximo, hein? Senão vira chacrinha. Foi a primeira regra. A seguir a locutora me explicou que deveríamos preparar um projeto do programa. Logo entendi que seria algo do tipo de um trabalho para o colégio ou faculdade.



Era meio formal a coisa, mas não iríamos desistir por causa disso. Recebemos então a FÓRMULA DO PROGRAMA:




1) O programa de duas horas é dividido em oito blocos de quinze minutos, sendo três deles correspondentes ao intervalo comercial. Dos doze de programa propriamente dito, um minuto é para locução e os outros onze, música tocando.


E daí decorriam os seguintes desdobramentos para o nosso projeto:


2) Vocês tem que colocar no papel o que vão dizer nesse um minuto de locução;


3) Também tem que constar as músicas de cada bloco e os respectivos tempos, de modo que fechem o total de 11 minutos.


Ih, um pouco de matemática... Mas não iríamos nos entregar.




Já o item seguinte preocupou um pouco mais:


4) Se liguem que vocês têm que trazer os discos de vocês! O acervo da rádio não é o que o pessoal pensa e a gente também não tem tempo de procurar!



Depois veio a última regra (última até aquele momento, porque depois viriam mais algumas orientações!). Essa até era óbvia:


5) O programa tinha que ser inédito.


Só que já haviam ido ao ar vários programas que tínhamos vontade fazer, como o do Pink Floyd e o do Rush. O do Jethro Tull ainda não tinha rolado, mas já estava agendado. E considerando que tínhamos que ter em mãos todos os discos da banda ou artista em questão, complicava um pouco. Até mesmo se a banda/artista não tivesse lançado muitos álbuns.



Lembro de um programa curioso que rolou na época: o do Marillion. Como a banda não tinha muitos discos oficiais até então, o cara completou com raridades e bootlegs, o que era uma brincadeira cara no tempo dos LPs. Outra curiosidade daquele programa é que a Kátia pegou no pé do cara que apresentou por causa da semelhança entre o vocal do Fish – vocalista do Marillion na época – com o do Peter Gabriel, ex-Genesis, do tipo: Tem certeza que ele não imita o Peter Gabriel? Certeza mesmo? Não me conformo! Contudo, aquele foi um ótimo programa, ocasião em que conheci essa excelente banda que nunca teve reconhecimento à altura de suas obras.




Voltando à nossa empreitada... Depois de cogitarmos de fazer um especial sobre o Yes, decidimos que o nosso programa seria sobre a carreira solo do grande tecladista daquela banda, o Rick Wakeman.


À parte do trabalho no Yes, o Wakeman lançou trabalhos solo muito interessantes, principalmente nos anos 70, sendo a maioria deles baseada em obras da literatura (Viagem ao Centro da Terra e 1984), folclore (Mitos e Lendas do Rei Arthur e Os Cavaleiros da Távola Redonda) ou fatos históricos (As Seis Esposas de Henrique VIII e o Criminal Record). Enfim, o cara criava em cima da História e de estórias. Sobre o álbum Viagem ao Centro da Terra já comentei aqui no blog, ocasião em que referi que o Wakeman fazia nos anos 70 o chamado rock sinfônico, que mesclava o rock com a música erudita, com direito a orquestra e tudo o mais.


Agora deixo a faixa que abre o állbum Mitos e Lendas: Arthur. Aqui, num clipe espetacular, reunindo imagens do filme Excalibur, produzido por um herói do You Tube: o Rolt. Aquele que souber retirar a espada da pedra, será Rei sobre esta terra! E na sequência, o Marillion, com Lavender.









A seguir, na terceira parte desse post, nós (acreditem!) no microfone da Ipanema.

0 comentários:

Related Posts with Thumbnails